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Desempregado contesta 2 negativas do auxílio de R$ 600: 'É humilhante'

Alex Fernandes perdeu o emprego no início da pandemia e tenta conseguir o auxílio emergencial de R$ 600 há três meses - Arquivo pessoal
Alex Fernandes perdeu o emprego no início da pandemia e tenta conseguir o auxílio emergencial de R$ 600 há três meses Imagem: Arquivo pessoal

Beatriz Gomes

Do UOL, em São Paulo

17/07/2020 04h00

O ex-atendente Alex Fernandes, 31, tenta conseguir o auxílio emergencial de R$ 600 há três meses. Durante o período ele recebeu duas respostas negativas da Caixa e contestou ambas. Morador de Campinas, no interior de São Paulo, Fernandes e seus colegas de trabalho foram demitidos, em fevereiro, devido à pandemia do novo coronavírus.

Mesmo cumprindo os requisitos para conseguir o auxílio emergencial, o ex-atendente conta que espera há mais de 30 dias pela resposta da sua segunda contestação. Ele diz que se depara diariamente com a mensagem "contestação em análise" no aplicativo do Auxílio Emergencial enquanto as suas contas estão atrasadas. Fernandes também explica que deu entrada ao seu seguro-desemprego no último mês, mas ainda não teve resposta do pedido.

Preocupado com as dívidas se acumulando, ele já foi três vezes a uma agência da Caixa nos últimos dias para ver a questão do auxílio e do FGTS emergencial. Diz que somente na terceira tentativa conseguiu ser atendido. Após mais de uma hora na fila, foi informado que o auxílio segue com a contestação em análise e teria que "aguardar" a resposta ser disponibilizada no aplicativo.

Pelo menos o FGTS emergencial foi liberado. Assim que o dinheiro caiu em conta, ele logo fez uma transferência e completou o valor para o pagamento do aluguel — uma prioridade, já que estava com medo de ser despejado.

Mas as contas de água e luz seguem atrasadas e diz que seu gás "vai acabar" em breve.

Se o auxílio emergencial caísse, ajudaria e muito, pois já estou pensando em como comprar gás, carne para comer e as coisas básicas do dia a dia.

Leia seu depoimento:

"É humilhante"

"[Na primeira ida à agência] na entrada, o próprio segurança falou que era problema no aplicativo e nada podia fazer. Nem nos libera para entrar na agência e falar com alguém. Parece que estamos pedindo esmola ao ir à Caixa."

"É completamente humilhante, pois não temos a quem recorrer, e na [agência da] Caixa eles falam que não podem fazer nada. Ficamos totalmente nas mãos deles. Isso causa grande indignação e revolta. De emergencial tem o quê? Nada!."

"Isso tem tirado até nosso sono, na esperança de que vamos acordar e tudo estaria resolvido, que a análise fosse concluída."

"Vontade de desistir"

"Com toda certeza [sinto medo], ainda mais sabendo das fraudes que estão ocorrendo, dinheiro de muitos sumindo."

"E fico na insegurança, porque não sei se vai ser aprovado, já que recusaram duas vezes, mesmo eu atendendo os requisitos. Tem horas que dá vontade de desistir."

"Continuo tentando devido à necessidade e por não ter onde recorrer, visto que essa é a única alternativa ainda."

"É uma situação humilhante. A cada dia a angústia aumenta, pois algo emergencial não poderia estar com esses erros, que vejo com tantas pessoas."

"Infelizmente é lamentável pois não temos um respaldo nem uma orientação de quando isso irá se resolver."

"Antes de fazerem essa divulgação, tinham que ter certeza de que iriam cumprir."

Resposta da Caixa

Na última semana, a Caixa informou novas mudanças no aplicativo para lidar com o alto número de acesso dos usuários. Entre as medidas estavam a ampliação do tempo de acesso de cada usuário para 72 horas a fim de evitar que pessoas fiquem na fila mais de uma vez.

Questionada acerca da questão do ex-atendente, a Caixa solicitou os dados de Fernandes e não deu mais explicações até a publicação desta reportagem.