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Caixa Tem: Mãe enfrenta falha há 1 mês e teme ser despejada com os 2 filhos

Adriana Toffetti/A7 Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Adriana Toffetti/A7 Press/Estadão Conteúdo

Pedro Ezequiel

Do UOL, em São Paulo

15/07/2020 04h00Atualizada em 15/07/2020 18h46

A atendente Kalyne Domingos, 25 anos, mãe de dois filhos pequenos, recebeu as duas primeiras parcelas do auxílio emergencial na sua conta pessoal em Natal (RN). Ela faz parte do primeiro lote de aprovados. Os R$ 600 vieram de maneira rápida e em boa hora. Mas isso até junho, quando precisou fazer o acesso ao aplicativo Caixa Tem.

Com a mudança da Caixa Econômica de criar contas para todos os beneficiários, a mãe de 25 anos tentou entrar na plataforma pela primeira vez. Ela enviou os documentos e sua selfie para validar as informações. Desde então, recebe a mensagem que os "dados estão sendo avaliados".

Kalyne Domingos tem dificuldades com auxílio emergencial no Caixa Tem - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Kalyne Domingos é mãe de 2 filhos pequenos
Imagem: Arquivo Pessoal
Kalyne vive a necessidade de comprar leite e fralda para o filho mais novo, de 1 ano e 11 meses, e comida para a filha, de 5 anos. Antes da pandemia de coronavírus, a jovem trabalhava com carteira assinada como atendente de confeitaria e informalmente como bartender.

Por não poder esperar até setembro, quando está autorizada a sacar, ela tentaria mover o saldo para uma Fintech (empresa de tecnologia financeira) para pagar o aluguel e garantir um teto para morar, além de fazer compras em alguns estabelecimentos usando o QR Code.

Kalyne foi pessoalmente em uma agência da Caixa resolver a situação, mas não conseguiu.

Estou quase vivendo de caridade

Quando foi a segunda parcela, eu tentei o Caixa Tem. Fizeram as perguntas lá, pediram minha selfie e a foto da minha identidade. Fiquei tentando entrar, tentando entrar, tentando entrar... Não é um erro de agora, faz bem um mês.

É frustrante ver todo mundo acessando, todo mundo conseguindo pegar o dinheiro, todo mundo fazendo as coisas e eu não.

E agora estou assim, nesta situação. É ajuda de um, ajuda de outro. É difícil mesmo. Isso não existe.

Disseram que não resolveria na agência

Cheguei para pegar minha ficha, eu disse: 'moça, vim porque não estou conseguindo entrar na minha conta, ela está dando erro'. Ela disse: 'não, você não vai resolver isso não, está todo mundo reclamando'.

Eu falei que eu ia sim [ser atendida], que eu não saia dali. Relatei o que estava acontecendo, ela pediu meu email e minha senha e pronto. Quando cheguei em casa, tinha lá [no aplicativo] "nova senha".

Só fiz a nova senha, eles nem me pedem um documento de novo, ainda estão avaliando.

Vou para a rua com dois filhos?

Eu consegui pagar o primeiro mês de aluguel. Mas, se eu não tiver [o dinheiro] até o final do mês, vou ser despejada.

Porque eu dependo do Caixa Tem. Não é por preguiça não. Eu tinha três empregos antes da pandemia.

Eu preciso pagar minhas contas, preciso pagar minha luz, pagar meu apartamento.

A pessoa fica sem luz, a pessoa fica sem gás, mas a pessoa não fica sem moradia. Eu vou pra onde? Pra rua com dois meninos?

A gente está em julho. Me diga, eu vou ter que esperar até setembro para poder pegar meu dinheiro? Setembro? É um absurdo.

É um auxílio emergencial, é uma emergência. E eu tenho que ficar esperando dois meses.

Mudanças da Caixa

A Caixa informou em nota "que tem realizado uma série de melhorias no Caixa Tem, otimizando soluções e infraestrutura para melhor atender a todos os brasileiros".

Segundo o banco, já era possível verificar uma "diminuição brusca no tempo de espera para acessar o aplicativo". Mas falhas ainda eram registradas em horários de pico.

Na semana passada, a Caixa anunciou mudanças na plataforma para diminuir a fila de espera de atendimento. O usuário passou a ter 72 horas de sessão ativa, na tentativa de evitar que a pessoa entre na fila novamente.