Luz, saúde, mercado, educação: suas contas vão ficar mais caras ano que vem

O ano está acabando e muitos já estão de olho nos reajustes de preços de produtos e serviços que vão ficar mais salgados em 2024. Confira qual será o aumento em algumas das principais contas e o que está acontecendo.

Quais contas devem aumentar ano que vem

Conta de luz: expectativa de reajuste de 6,58% (podendo chegar a 10,41%), de acordo com a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace).

Alimentos: aumento esperado de 4%, segundo o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz.

Mensalidade escolar: aumento de cerca de 9%, de acordo com a pesquisa da Melhor Escola, divulgada pela Agência Brasil.

Planos de saúde individuais e familiares: aumento de 9,63% até abril. Trata-se do teto de reajuste definido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) especificamente para esses planos.

Essas contas terão aumento até maior que a inflação. O IPCA projetado para 2024 é de 3,93%, de acordo com o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central no dia 11 de dezembro.

Por que essas contas vão aumentar mais que a inflação?

As empresas fornecedoras de serviços têm custos próprios diferentes dos usados no cálculo do IPCA, que busca representar o consumo das famílias brasileiras. Empresas fornecedoras de energia, por exemplo, têm gastos com cabos, fios, treinamento de mão de obra. Já as escolas gastam com folhas de pagamento e novos equipamentos de ensino. "Tudo isso pode ter uma variação de preços diferente da média dos produtos consumidos pelas famílias, representada pelo IPCA", explica Cristina de Mello, economista e professora da ESPM.

A cesta de bens e produtos usada como referência para o IPCA tem 377 itens. Esses foram definidos pela Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), que busca representar os hábitos de consumo dos brasileiros com rendimento de um a 40 salários mínimos — ou seja, 90% da população urbana. Os itens são divididos em nove categorias: alimentação e bebidas; habitação; artigos de residência; vestuário; transportes; saúde e cuidados pessoais; despesas pessoais; educação e comunicação.

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Para chegar a um número para o IPCA, é preciso fazer a média ponderada dos preços dos itens da cesta para compará-los com o mês e ano anterior. "Por se tratar de uma média, os itens que a compõem podem estar acima ou abaixo dela. O que quer dizer que as variações dos alimentos ou da conta de luz, por exemplo, podem ser diferentes da inflação", pontua Cristina de Mello.

Serviços de interesse público como energia têm características próprias e grande impacto na população. "Eles costumam ser dependentes do dólar, por utilizarem produtos importados. Além disso, por não haver concorrência e eles fornecerem itens de primeira necessidade, o aumento de preço provoca grandes impactos na população", explica André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Os índices de reajuste de planos de saúde levam em consideração o aumento de custos. Medem a variação combinada não somente de preços, mas também de quantidades consumidas. Dessa forma, o percentual calculado pela ANS considera aspectos como as mudanças nos preços dos produtos e serviços em saúde, bem como as mudanças na frequência de utilização dos serviços de saúde, diz o governo.

Fatores climáticos costumam ter mais impacto em commodities, que são apenas alguns dos itens que compõem a cesta de referência do IPCA. No caso da projeção sobre o preço dos alimentos para 2024, André Braz explica que ela está ligada ao El Niño (fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico). "O El Niño altera o volume de chuvas e, assim, atrapalha a colheita e plantio de grãos, como soja e milho, o que diminui a oferta e pode encarecer os alimentos no próximo ano".

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