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BM&FBovespa prevê volume moderado de ofertas de ações em 2014

 Paulo Whitaker / Reuters
Imagem: Paulo Whitaker / Reuters

08/11/2013 10h34

SÃO PAULO, 8 Nov (Reuters) - O cenário externo desafiador e o período eleitoral devem fazer com que as ofertas de ações em 2014 tenham um ritmo moderado, disse o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, avaliando que um volume similar ao registrado em 2013 seria considerado satisfatório.

"Eu já ficaria satisfeito se o volume do ano que vem repetisse o deste ano", afirmou o executivo em entrevista coletiva nesta sexta-feira.

Até o momento, foram quase 20 bilhões de reais em ofertas primárias e secundárias em 2013, volume impulsionado pela oferta da BB Seguridade.

Segundo Edemir, existem várias ofertas "represadas" que podem sair no próximo ano, mas o cenário internacional desafiador, com previsão de corte de estímulos do Federal Reserve à economia norte-americana, e o período eleitoral no Brasil devem deixar o mercado morno.

"A participação do investidor estrangeiro ainda é muito grande, principalmente nas ofertas de médio e grande porte", afirmou.

Na véspera, a bolsa paulista divulgou um tímido avanço de 1,8 por cento no lucro trimestral sobre igual período de 2012, a 281,6 milhões de reais, afetada por menores volumes de negócios e queda nas margens.

Em relação ao recuo dos volumes de derivativos no terceiro trimestre, o executivo disse que essa não foi uma tendência vista apenas no mercado brasileiro, e que a alta base de comparação influenciou o resultado.

Na comparação anual, as despesas no terceiro trimestre cresceram 10,4 por cento devido ao impacto do dissídio e despesas com processamento de dados, completou Eduardo Guardia, diretor de produtos e relação com investidores. Mesmo assim, ele afirmou que as despesas anuais vão crescer abaixo da inflação.

Os investimentos ficarão entre 260 milhões e 290 milhões de reais em 2013, conforme guidance dado anteriormente, sendo que no quarto trimestre serão investidos de 60 milhões a 90 milhões de reais.

A companhia informou ainda que a migração para nova clearing integrada ocorrerá no primeiro trimestre de 2014, dentro do cronograma.

CONCORRENTES

Sobre a entrada de novos participantes no mercado brasileiro, Edemir afirmou que a bolsa não teme a concorrência, principalmente porque a plataforma de negociação de ações à vista corresponde a apenas 6 por cento de sua receita. Os concorrentes estrangeiros têm afirmado que criarão uma clearing própria, mas Edemir afirmou que os investimentos e prazos citados por estas empresas não são factíveis.

"Isso de vir com um investimento pequeno precisa ser analisado. Alguém que se mete a criar uma bolsa precisa dar segurança aos participantes do mercado. Não dá para entrar em avião cheio e sentar na janelinha, não dá para querer um modelinho simples e usar toda a infraestrutura do mercado", disse.

"Ninguém fala se vai ter um fundo mutualizado para bancar algum default ou quanto caixa tem a companhia", completou. Segundo Edemir, o pequeno investidor não dá muita atenção a aspectos como esse, mas os médios e grandes avaliam essas questões.

OGX

Já a respeito da saída do papel da OGX do índice Bovespa, o presidente da BM&FBovespa afirmou que isso nunca tinha acontecido na história da bolsa. Ele acrescentou que tanto a bolsa quanto o mercado ficaram "muito frustrados" com a derrocada da companhia, pois o empresário Eike Batista era visto como um ícone do empreendedorismo no Brasil.

Mesmo assim, Edemir destacou que o processo de retirada do papel teve êxito e não vai arranhar a imagem da Bovespa. Ele afirmou ainda que não houve "má fé" no episódio, pois Eike Batista colocou o dinheiro captado na bolsa em suas companhias.

A outra companhia do grupo listada no Ibovespa é a MMX, que é considerada uma penny stock por seu baixo valor, representando 0,2 por cento do índice, segundo Edemir. Pelas novas regras do índice, que começam a valer no ano que vem, a ação da MMX será excluída se continuar a ter baixa cotação. Nesta sexta, o papel era negociado por cerca de 70 centavos.

O presidente admitiu, no entanto, que a listagem de outras companhias pré-operacionais ficou mais difícil a partir de agora, pois reguladores e investidores serão mais criteriosos. "A régua vai subir nestes casos", disse.

Edmir afirmou os planos da bolsa de estimular a listagem de companhias de pequeno porte ainda estão passando por ajustes em conversas com o governo, sem prazo para entrarem em vigor.

Uma das propostas que enfrenta resistência, segundo o executivo, é o projeto de dar isenção de imposto de renda em ganho de capital para os que investirem nessas empresas por um prazo de vinte anos.

"Este ponto preocupou o governo porque não existe histórico de incentivos de tão longo prazo", disse Edemir. O benefício seria concedido aos investidores que comprassem papéis de companhias de até 500 milhões de reais de faturamento anual, durante os cinco primeiros anos após a abertura de capital das empresas.

(Por Natalia Gómez, edição Alberto Alerigi Jr. e Marcela Ayres)