Ex-ministro: Argumento do Carrefour sobre a carne brasileira é mentiroso

A justificativa utilizada pelo Carrefour da França para barrar a carne brasileira é fraca e mentirosa, afirmou o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues em entrevista ao UOL News desta terça-feira (26).

O presidente Carrefour da França havia anunciado a suspensão da compra da carne do Brasil alegando motivos sanitários. Nesta manhã, o grupo publicou uma carta de retratação dirigida ao mercado brasileiro.

Foi uma bobagem o que o Carrefour fez, um tiro no pé. O Brasil exporta para a França 0,6% da carne que exporta para o mundo. Portanto, é insignificante a nossa participação na carne francesa. Então, é uma bobagem do Carrefour fazer esse tipo de declaração. Nós exportamos carne para 157 países do mundo inteirinho. Mundo desenvolvido, mundo em desenvolvimento, mundo inteirinho, sempre com padrão de qualidade, respeitado, admirado e recebido no mundo todo.

Portanto, o argumento colocado pelo Carrefour, de que a carne não atendia aos procedimentos europeus é um argumento fraco, falso, mentiroso. Nossa carne é muito boa. Então, comercialmente, um erro para eles.
Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura

Para Rodrigues, a reação do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ao criticar a decisão do Carrefour e defender o boicote à rede de supermercados foi importante politicamente para mostrar que o governo se importa com seus produtores.

Politicamente, o governo francês defende os produtores franceses. Está certo ele. E nessa defesa até o tema União Europeia e Mercosul entra na dança, porque uma forma que o Macron vai defender os seus produtores é não querer associar Mercosul com a União Europeia, porque teoricamente afetaria a competitividade dos europeus.

Portanto, uma reação do governo brasileiro também é importante. O governo brasileiro tem que defender o seu produtor. Eu acho que o ministro Carlos Fávaro foi duro, mas valeu a pena, porque mostrou que o governo brasileiro também está preocupado com o produtor brasileiro. Havia uma sensação de que essa coisa não acontecia. Aconteceu com vigor. Então, em termos de governo, acho que está muito bem colocado.
Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura

O ex-ministro disse ainda acreditar que o acordo UE-Mercosul deve sair, apesar das tentativas de prejudicar a reputação dos produtos brasileiros.

[O acordo] é interessante para a União Europeia, é interessante para o Mercosul. É interessante para o mundo esse acordo acontecer. Seria de todo aconselhável que o acordo acontecesse. Não podemos admitir que o argumento legítimo da defesa do meio ambiente seja usado de forma hipócrita em relação à produção brasileira versus a europeia, principalmente a francesa.

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O que nós temos de dificuldades aqui é ilegalidades cometidas no Brasil, desmatamento ilegal, invasão de terras, incêndio criminoso, garimpo clandestino.

O que tem que fazer é acabar com o que é ilegal, porque o nosso concorrente - Europa, qualquer país do mundo - usa a ilegalidade atribuindo ao produtor brasileiro. O problema é de reputação. O que aconteceu agora é isto: tentar jogar para baixo nossa reputação, tentando segurar o acordo Mercosul, que eu acho que vai sair.
Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura

Maierovitch: Inconformismo com derrota não justificaria estado de sítio

Após as eleições de 2022, não havia instabilidade para justificar um estado de sítio, defendeu o colunista Wálter Maierovitch. Em vez disso, trata-se do inconformismo do ex-presidente da República Jair Bolsonaro.

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro disse na segunda-feira (25) que chegou a analisar possibilidade de sítio depois das eleições diante do que chamou de "comoção popular". Mas negou qualquer envolvimento em planos de golpe de Estado.

O estado de sítio é uma medida gravíssima, que exige que o presidente antes de tomar submeta e consiga um aval do Congresso Nacional. Por quê? Porque se trata de hipótese de instabilidade institucional. Tinha alguma [instabilidade institucional]? Evidente que não. Teve uma eleição, uma eleição regular, e teve um resultado. Onde estava a instabilidade institucional a gerar agitações de ordem pública e a tirar a tranquilidade social, a paz social?

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A Constituição estabelece isso, o estado de defesa e o estado de sítio, que é mais grave. O Bolsonaro já mergulhou direto no estado de sítio. Então, veja, não tinha gravidade alguma, instabilidade institucional nenhuma. O que existia era um inconformismo da parte deles, Bolsonaro e seu grupo, a fazer com que eles dessem início à execução de um golpe que ficou frustrado.
Wálter Maeirovitch, colunista do UOL

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Josias: lero-lero de Bolsonaro sobre golpe não faz sentido para Judiciário

Jair Bolsonaro tenta a todo custo se desvencilhar das acusações de participação na trama golpista, mas o discurso do ex-presidente não tem força suficiente para convencer a Justiça, disse o colunista Josias de Souza mais cedo ao UOL News.

Bolsonaro criticou as investigações da Polícia Federal, que revelou um plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. O ex-presidente disse que a descoberta da PF "não cola" e que não se pode punir o que classificou como "crime de opinião".

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O plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes faz parte de um contexto muito bem delineado pela Polícia Federal. Nós não conhecemos todo o contexto; apenas as partes que foram divulgadas. O inquérito tem mais de 800 páginas e ainda continua sob sigilo por decisão de Moraes.

O discurso do Bolsonaro sempre passa pela tese segundo a qual como nada foi feito, nada é criminoso. Como Lula não tinha tomado posse, na visão do Bolsonaro, nada poderia ser considerado como tentativa de golpe. Isso é uma grande falácia porque poder constituído é o poder eleito. Havia uma eleição, a proclamação do resultado e a diplomação do eleito. Algo pode estar mais constituído do que isso?. Josias de Souza, colunista do UOL

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Sakamoto: Temendo ser preso, Bolsonaro confessa golpe, mas com método

O ex-presidente Jair Bolsonaro demonstrou medo de ser preso pelo seu envolvimento na trama golpista, mas fez uma confissão com método ao admitir que pensou em decretar estado de sítio no país, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto.

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A entrevista é uma confissão do Bolsonaro, mas com método. Ele sabe que não pode fugir dessa questão da decretação do estado de sítio e da minuta golpista, algo que o assombra desde o começo do ano. Tanto que Bolsonaro, naquela manifestação de fevereiro na Avenida Paulista, ficou em cima desse tema e girou em torno dele para tentar se justificar.

Por outro lado, há uma questão de método nisso tudo. A defesa de Bolsonaro deve estar trabalhando para que ele fale e tente menosprezar publicamente essa questão do estado de sítio. Basicamente, ele está tentando convencer as pessoas de que a minuta não tinha nada de golpista. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h. Aos sábados às 11h e 17h, e aos domingos às 17h.

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