Minério de ferro do Brasil perde mercado na China; produto australiano avança
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - As importações chinesas de minério de ferro do Brasil cresceram 13 por cento no acumulado do ano até o final de setembro, enquanto os desembarques do produto da Austrália na China aumentaram 33,5 por cento, indicando que o produto brasileiro perdeu participação no principal mercado global da commodity.
Os dados, divulgados nesta quarta-feira pela alfândega da China, mostram ainda que as importações totais chinesas cresceram 16,5 por cento no acumulado do ano, num momento em que as maiores mineradoras australianas aumentam a extração em ritmo mais forte que a brasileira Vale, a maior produtora global de minério de ferro.
O total importado de minério de ferro da Austrália pela China somou no período 406 milhões de toneladas, 58 por cento do total das cerca de 700 milhões de toneladas desembarcadas no maior importador global no ano até setembro.
Enquanto isso, o volume de compras do produto brasileiro pelos chineses --exportado majoritariamente pela Vale-- somou aproximadamente 125 milhões de toneladas, de janeiro a setembro, ou 17,9 por cento to total importado pelos chineses.
No mesmo intervalo de 2013, a China havia importado 600 milhões de toneladas, com a Austrália fornecendo 304 milhões de toneladas (participação de 51 por cento do total) e o Brasil 111 milhões (18,4 por cento do total), segundo o mesmo órgão do governo chinês.
Esse aumento de participação do minério da Austrália, maior exportador global, no mercado chinês ocorre em um momento em que as mineradoras Rio Tinto e BHP ampliam a produção em ritmo mais forte do que a Vale.
A mineradora brasileira divulga seu relatório de produção do terceiro trimestre na manhã de quinta-feira.
A Rio Tinto, que já divulgou seus dados do terceiro trimestre, aumentou em 12,4 por cento a produção de minério de ferro no período, e reafirmou a sua meta de elevar em 11 por cento sua extração em 2014, para 295 milhões de toneladas.
Já a BHP planeja aumentar sua produção de minério de ferro para 245 milhões de toneladas no ano financeiro vigente, ante 225 milhões de toneladas do período 2013/14 (alta de 9 por cento). A empresa espera ampliar a produção para 290 milhões de toneladas nos próximos anos.
Já a Vale projeta elevar a produção em 2014 em 4 por cento, para 312 milhões de toneladas, ante aproximadamente 300 milhões em 2013, quando a empresa registrou um recuo de 3 por cento em sua extração anual, por restrições na capacidade de transporte da commodity em Carajás, no Pará, além chuvas fortes em minas do Sudeste.
O minério de ferro tem sido nos últimos anos o principal produto de exportação do Brasil.
CITI VÊ QUEDA
A propósito, relatório do Citi Research desta semana prevê que a produção de minério de ferro da Vale (incluindo pequenos volumes da Samarco, joint venture da Vale e BHP) deverá recuar 2 milhões de toneladas no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para 84 milhões de toneladas.
A queda na produção da Vale ocorreria em um período em que o preço de exportação do minério de ferro do Brasil atingiu mínimas de mais de quatro anos, sob influência do mercado global, pressionado pelo aumento expressivo da oferta, especialmente das companhias australianas.
Procurada, a Vale informou por meio de sua assessoria de imprensa que não comenta as informações, e lembrou que os números sobre vendas para a China serão conhecidos na divulgação de resultados do terceiro trimestre, agendada 30 de outubro.
O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que representa as mineradoras do país, também não fez imediatamente comentários sobre o assunto.
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