Estácio prevê captação recorde de alunos no 1o semestre apesar de restrições ao Fies
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Estácio, que viu seu lucro saltar quase 80 por cento no quarto trimestre na comparação anual, espera novo ciclo de captação de alunos recorde no primeiro semestre de 2015 apesar das mudanças do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Caso confirmado, o novo recorde seria o décimo consecutivo na captação de alunos. O Fies tem apresentado problemas como a lentidão do sistema, travas inseridas ao longo do processo de captação e incertezas geradas pela falta de informações oficiais.
A expectativa é que a base total de alunos da Estácio cresça entre 23 e 25 por cento no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2014, "o que abre caminho para uma entrega de resultados substanciais para o exercício de 2015", disse a Estácio em seu relatório de resultados.
Para a graduação presencial, a expectativa é de crescimento orgânico de 8 a 13 por cento e de 17 a 21 por cento no ensino a distância.
"Os primeiros números que estão ali são uma expectativa, mas são muito realistas já que já estamos na fase final do processo de captação", disse à Reuters o presidente da companhia, Rogério Melzi.
Segundo executivos da Estácio, no primeiro semestre de 2014, a companhia teve 30 mil calouros com contratos com o Fies. Este ano, o número está chegando a 20 mil processos em andamento. As inscrições para o sistema de financiamento do governo estão abertas até 30 de abril.
A empresa destacou, ainda, que possui uma posição de caixa "muito sólida, além de um balanço pouco alavancado", o que lhe dá condições de continuar com sua política de expansão.
Assim, a intenção da Estácio é buscar uma posição final de caixa em 2015 "equivalente ao que havia sido planejado antes das publicações das portarias que alteraram as regras do Fies". Ao final de dezembro, a posição de caixa e disponibilidades totalizava 715,1 milhões de reais.
A empresa também manteve sua meta de Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização)estabelecida antes das mudanças.
Em ambos os casos, a Estácio não detalhou os valores.
A empresa já passou a ofertar crédito universitário privado por meio de parceria com a Pravaler e vai subsidiar os juros para o aluno que escolher a modalidade.
Para os próximos semestres, a Estácio pretende desenvolver outras ferramentas de financiamento privado aos alunos e, segundo o diretor-executivo de finanças e de relações com investidores da companhia, Virgílio Gibbon, todos os grandes bancos já demonstraram interesse em desenvolver algum produto para os alunos.
"Neste primeiro semestre ainda não tem uma estrutura já montada. Para o segundo semestre, seria um produto além do Pravaler, onde a Estácio também estaria entrando dentro deste financiamento", disse.
A concorrente Kroton disse mais cedo nesta quinta-feira que mantém seus planos de crescimento para os próximos anos, mas com as mudanças do Fies abrirá menos turmas e ofertará financiamentos de curto e longo prazos de forma a compensar os impactos das restrições federais.
RESULTADOS TRIMESTRAIS
A Estácio lucrou 80,9 milhões de reais entre outubro e dezembro ante 45,1 milhões de reais um ano antes, informou a rede de ensino privado nesta quinta-feira. A média das estimativas de analistas obtidas pela Reuters apontava lucro líquido de 89,5 milhões de reais.
A base total de alunos da Estácio cresceu 38,5 por cento no quarto trimestre, enquanto entre os alunos matriculados há mais de 12 meses o avanço foi de 21,9 por cento. Já o valor médio das mensalidades para cursos presenciais subiu 10,5 por cento no trimestre e 5,6 por cento para os cursos a distância.
Desta forma, a receita líquida da Estácio cresceu 49,6 por cento no período.
O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) saltou 102,2 por cento na mesma base de comparação a 133,1 milhões de reais.
(Por Juliana Schincariol; Edição de Luciana Bruno)
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