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Presidente do Conselho da Petrobras vê solução breve para Sete Brasil

16/04/2015 18h52

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - Uma solução financeira para a continuidade do projeto da Sete Brasil, que contrata a construção de sondas para a Petrobras, pode ser encontrada até 30 de junho, segundo avaliação de Luciano Coutinho, presidente do Conselho de Administração da petroleira e também do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, ele citou nesta quinta-feira o prazo acordado pela Sete Brasil com bancos para a prorrogação de pendências financeiras.

"Semana passada, bancos assinaram memorando de entendimento prorrogando até 30 de junho todas as pendências... houve entendimento, de forma a propiciar período para reorganização do projeto da Sete Brasil... Esperamos que até lá seja possível alcançar solução racional que permita continuidade do projeto", disse Coutinho.

Nesse processo de reorganização, a Sete Brasil reduzirá consideravelmente as suas ambições.

A empresa, impactada pelo desenvolvimento da operação Lava Jato, que investiga um escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras, deverá ter capacidade para atender entre 13 e 17 sondas de um total de encomendas de ao menos 28 equipamentos, avaliou na semana passada um representante de uma das sócias da companhia.

Cada contrato para construção de sondas gira em torno de 1 bilhão de dólares.

Coutinho disse em depoimento, na Câmara dos Deputados, que o banco de fomento seria o principal financiador do projeto inicial da Sete Brasil, mas que não houve contrato nem desembolso de recursos até o momento.

"No fim de 2013, ao longo de todo o ano de 2014 e início de 2015, o contrato esteve disponível para contratação, mas por razões alheias à nossa vontade, não foi possível à Sete Brasil alinhar todos os interesses e cumprir condições mínimas para a contratação", disse ele, acrescentando que este fato levou ao início de dificuldades financeiras dentro da empresa, "agravadas a partir de um certo momento por desalinhamentos internos".

O presidente do BNDES afirmou ainda que o banco aguarda uma reestruturação do projeto da Sete Brasil para considerar a contratação de financiamentos.

CONFLITO

Questionado sobre possível conflito em função de sua posição como presidente do Conselho da Petrobras e também de presidente do BNDES, Coutinho disse não ver problemas desde que se abstenha de questões que impliquem conflito de interesses.

Ele ponderou ainda que a estatal e o BNDES têm interesses convergentes e que "todo credor quer o melhor possível para seu devedor".

Coutinho lembrou também que sua permanência como presidente do Conselho será breve. Ele deverá ser substituído pelo presidente da mineradora Vale, Murilo Ferreira.

O presidente do Conselho da Petrobras disse ainda que a estatal do petróleo buscará ressarcimento de todos os prejuízos sofridos por irregularidades relacionadas à operação Lava Jato.

Ele afirmou que a área jurídica da companhia está avaliando medidas e irá tomá-las, por orientação do Conselho, mas está aguardando conclusão de trabalho do Ministério Público Federal.

Falando sobre o BNDES, ele disse que é "impossível vincular qualquer decisão do banco a qualquer interesse específico, muito menos a financiamento de campanha".

O presidente do BNDES disse ainda que o banco não teme ser alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), em meio a um movimento dos deputados para que isso aconteça.

(Edição de Roberto Samora)