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Usiminas obtém refinanciamento com credores, terá 10 anos para pagar e 3 de carência

Por Alberto Alerigi Jr.

15/06/2016 13h44

SÃO PAULO (Reuters) - A Usiminas fechou um acordo de refinanciamento com bancos brasileiros, o BNDES e debenturistas em que obteve prazo de 10 anos, com 3 anos de carência, para pagamento de 75 por cento de sua dívida total, informou a produtora de aços planos nesta quarta-feira.

A aceitação dos credores, que incluem Banco do Brasil, Itaú Unibanco e Bradesco, está condicionada à confirmação do aumento de capital de 1 bilhão de reais da empresa.

As ações da Usiminas, que tem dívidas de cerca de 6,4 bilhões de reais vencendo entre 2016 e 2019 e encerrou o primeiro trimestre com 1,7 bilhão de reais em caixa, disparavam após o anúncio. O papel preferencial tinha alta de 13,2 por cento às 13:08, enquanto a ação ordinária mostrava valorização de quase 11 por cento.

A Usiminas não informou eventuais outras condições que os credores impuseram para a concessão dos prazos, por restrição imposto por acordos de confidencialidade. A companhia informou apenas que a homologação do aumento de capital de 1 bilhão de reais deve ocorrer até 22 de julho para que o refinanciamento seja confirmado.

Porém, fonte bancária afirmou que os termos do acordo com os bancos preveem aumento do custo do dívida por conta do alongamento do prazo.

Analistas do BTG Pactual liderados por Leonardo Correa afirmaram em relatório a clientes que o refinanciamento "dá a Usiminas três anos de tempo precioso" e que o valor das ações da empresa estava incluindo um componente de desconto baseado no risco financeiro da siderúrgica, algo que "será reconsiderado pelos investidores".

"A probabilidade de estresse financeiro está agora materialmente reduzida após os recentes eventos", que incluem o aumento de capital, afirmaram os analistas.

Apenas este ano, o total vencendo é de 1,776 bilhão de reais e supera as disponibilidades de caixa da Usiminas. Para 2017, a empresa tem mais 1,768 bilhão de reais em obrigações. Em ambos os casos, a maior parte da dívida é em moeda local. Mas em 2018 estão previstos vencimentos de 1,815 bilhão de reais, sendo que apenas 336 milhões de reais junto a credores locais.

O aumento de capital, que conta com garantia integral do grupo Nippon Steel, um dos controladores da Usiminas, foi aprovado em meados de abril sob protestos da Companhia Siderúrgica Nacional, maior acionista minoritária da companhia.

A CSN depositou sua parcela na operação em juízo, à espera de decisão da Justiça sobre processo em que a empresa cobra utilização de recursos da mineradora Musa, unidade da Usiminas, para reduzir o montante do aumento de capital da rival.

Procurada, a Usiminas afirmou que os 25 por cento restantes da dívida, e que não foram incluídos nesta negociação, estão nas mãos do banco japonês de fomento JBIC e de detentores de bônus da empresa e que a expectativa é que o processo de negociação com estes credores seja concluído em julho.

Na semana passada, uma fonte próxima da Nippon Steel afirmou que a recente mudança no comando da siderúrgica, com a entrada de Sergio Leite na presidência executiva no lugar de Rômel Erwing de Souza, que vinha tocando a negociação com os credores, causou atrasos nas discussões com os bancos, diante de incertezas de algumas instituições financeiras sobre o futuro da empresa.

Porém, a fonte disse que a reestruturação deverá ser concluída até meados de julho, fim do prazo de 120 dias dado pelos credores para suspensão das obrigações financeiras da Usiminas. "A taxa de juros negociada com os credores é bem razoável", afirmou a fonte, sem revelar valores.

(Reportagem adicional de Guillermo Parra-Bernal e Priscila Jordão)