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Bovespa avança 5%; dólar e juros caem com resultado do primeiro turno

06/10/2014 13h47

O resultado do primeiro turno das eleições à Presidência da República surpreendeu os investidores e provocou fortes reações em todos os mercados: a bolsa dispara, o dólar cai e os juros cedem.

O mercado, que já havia embutido nos preços até uma vitória da presidente Dilma Rousseff no primeiro turno, corrigiu rotas após o segundo turno ser confirmado, e com uma surpresa: o adversário de Dilma não será Marina Silva, mas Aécio Neves, do PSDB.

Bolsa

O Ibovespa tem um dia de alta fortíssima, conforme já mostrava o índice futuro. A valorização do indicador à vista era de 4,93% às 13h15, para 57.228 pontos. A máxima do dia foi um ganho de 7,98%, em 58.897 pontos. Se fechar com esse ganho, o Ibovespa terá registrado a maior alta desde 18 de maio de 2009, quando subiu 5,01%. Na abertura, em apenas vinte minutos, o indicador saltou nada menos que 4 mil pontos.

O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, lembra que as reações a notícias como a do resultado eleitoral são sempre exageradas. "Como foi uma surpresa e tinha muita gente com o pé atrás, tende a ter uma movimentação dessas", diz, sobre a forte reação não apenas na bolsa, mas nos mercados de câmbio e juros. "A surpresa não é tanto o Aécio, mas o tamanho da virada e a Dilma atingindo um nível de intenção de votos que é visto como teto para ela", afirma. O especialista espera três semanas de intensa volatilidade, até o segundo turno, ao sabor de novas pesquisas de intenção de voto.

O "kit-eleições", formado por papéis de empresas estatais e bancos, mais sujeitos a oscilações relacionadas a expectativas políticas, reina inconteste no topo do Ibovespa. As maiores altas às 13h15 eram de Banco do Brasil (12,07%), Petrobras PN (11,71%), Petrobras ON (10%), PDG Realty (9,7%), BM&FBovespa (9,51%), Eletrobras ON (9,13%), Bradesco PN (8,77%), Even (8,45%), Itausa PN (7,85%), Bradesco ON (7,72%) e Eletrobras PNB (7,69%).

Câmbio

O dólar segue em forte queda de cerca de 2% frente ao real nesta segunda-feira, mas já saiu da mínima do dia, quando chegou a cair quase 4%. De toda forma, a onda de vendas prevalece diante da surpresa com o desempenho do candidato do PSDB à Presidência da República.

No todo, o mercado começou a refazer as contas para uma chance maior de vitória de Aécio, especialmente se o tucano contar com o apoio de Marina, que recebeu quase 22,2 milhões de votos. O mercado financeiro vê Aécio como mais inclinado a promover reformas econômicas que, na visão de investidores, são necessárias para a economia brasileira.

Nesta sessão, a moeda brasileira é, de longe, a de melhor desempenho ante o dólar, considerando um grupo de 34 divisas de países desenvolvidos e emergentes.

Às 13h30, o dólar comercial recuava 1,77%, a R$ 2,4175, após alcançar R$ 2,4226 na máxima do dia. Na mínima, batida logo após a abertura, a cotação foi a R$ 2,3662, menor patamar desde 19 de setembro (R$ 2,3512). No piso do dia a divisa caiu 3,88%, maior queda percentual diária desde 10 de maio de 2010.

Juros

O clima de euforia que tomou conta do mercado financeiro nesta manhã provoca uma queda forte dos juros futuros, entre os contratos mais longos. O recuo não é mais intenso, segundo operadores, porque investidores estrangeiros que haviam aplicado nas últimas semanas estão embolsando ganhos. Ainda assim, o alívio é considerado bastante expressivo.

Há instantes, o DI janeiro/2021 cedia de 12,05% para 11,54%, depois de tocar a mínima de 11,30%. Já o DI janeiro/2017 era negociado há pouco a 11,85%, de 12,12% na sexta-feira (mínima de 11,61%).

No segundo turno, a presidente Dilma ainda detém a vantagem, na visão do diretor executivo e chefe de Pesquisas para Mercados Emergentes das Américas da Nomura Securities International, Tony Volpon. Mas ela é menor do que se imaginava. Volpon diz que atribuía 70% de probabilidade de a presidente ser reeleita mas, agora, com o quadro mostrado no primeiro turno, essa chance é menor.