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Dólar fecha em queda com mercado na expectativa de vitória da oposição

06/10/2014 17h47

A surpresa com o avanço do candidato Aécio Neves (PSDB) e sua ida para o segundo turno animaram os investidores, levando o dólar a marcar expressiva queda frente ao real.

O candidato tucano ficou com 33,55% dos votos válidos, menos de dez pontos percentuais abaixo da Dilma Rousseff (41,59%) e à frente de Marina Silva (21,32%). A redução da diferença de votos de Aécio para Dilma fortaleceu as apostas em uma vitória da oposição no segundo turno da eleição presidencial, levando o dólar a cair 1,53%, maior queda percentual desde 4 abril, encerrando a R$ 2,4240. No mercado futuro, o contrato para novembro recuava 1,25% para R$ 2,446. Com isso, o real hoje liderou os ganhos frente ao dólar entre as moedas emergentes.

Os investidores corrigem as posições depois de a moeda americana ter alcançado o pico do ano na semana passada, de R$ 2,4912, com o avanço da presidente Dilma na corrida eleitoral, cuja política econômica tem sido criticada pelos investidores.

Com um perfil visto como mais pró-mercado além de contar com o apoio do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, Aécio Neves é considerado pelos investidores como mais capacitado para promover as reformas econômicas e recuperar a credibilidade e confiança na economia brasileira.

Para o economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, Neil Shearing, Aécio pode se sair vitorioso na disputa contra a presidente Dilma se souber capitalizar o crescente descontentamento com o "nepotismo e corrupção" dentro do atual governo e caso se transforme no candidato do "qualquer um menos Dilma". "Dilma continua como favorita no atual momento, mas o impulso agora é de Aécio", diz o economista em nota a clientes.

No entanto, a sustentação do dólar em um patamar mais baixo dependerá do posicionamento da candidata Marina Silva sobre qual candidato apoiará no segundo turno e também do resultado das primeiras pesquisas eleitorais. Estão programadas duas para quinta-feira, do Datafolha e do Ibope. "Até lá devemos ver grande volatilidade nos mercados", afirma o analista de uma gestora local.

A volatilidade marcou o mercado de câmbio hoje. Depois de atingir a mínima de R$ 2,3662 logo no início do pregão, o dólar comercial se ajustou e se estabilizou em R$ 2,42.

Desde 2002, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente da República pela primeira vez , os mercados não eram tão influenciados pelo cenário eleitoral.

Para os analistas, se o candidato tucano se consolidar à frente de Dilma há espaço para uma valorização maior do câmbio, por outro lado, se o favoritismo da presidente Dilma for confirmado o câmbio pode voltar para o patamar de R$ 2,50.

A estrategista de câmbio para América Latina do Royal Bank of Scotland (RBS), Flavia Cattan-Naslausky , prevê que o câmbio chegue a R$ 2,60 no caso de uma reeleição da presidente Dilma. "Essa pressão no câmbio deve permanecer até que ela faça algum anúncio positivo, sinalizando um choque de política monetária", afirma Flavia, que acredita que independente de quem ganhar a eleição será necessário um ajuste da política econômica dado o cenário de baixo crescimento e inflação alta, além de um ambiente externo pouco favorável para mercados emergentes.

Já no caso de uma vitória do candidato tucano, a estrategista do RBS vê a possibilidade de rali de alta para o real, mas não acredita que a moeda brasileira sustente essa valorização dada a deterioração dos fundamentos da economia. "É provável que o câmbio volte para o patamar que está perto de R$ 2,40, pois mesmo o candidato tucano deve encontrar dificuldades no início do próximo governo."

O Banco Central manteve os leilões já previstos no mercado de câmbio e rolou mais 8 mil contratos de swap cambial , cuja operação somou US$ 393,4 milhões. Se mantiver o mesmo ritmo, a autoridade monetária deve completar a rolagem integral do lote de US$ 8,84 bilhões em swaps que vence no início de novembro.

O BC também vendeu todos os 4 mil contratos de swap no leilão do programa de intervenção no câmbio cuja operação somou US$ 197,7 milhões.

Com a menor tensão nos mercado, pela primeira vez em dias o Banco Central registrou redução significativa nos prêmios pagos em leilões de oferta líquida e rolagem de swaps cambiais tradicionais, o que sugere um mercado menos temeroso com a trajetória para a taxa de câmbio.

Na oferta líquida de swaps no leilão da "ração diária" desta segunda-feira, o BC pagou taxa linear, que nada mais é que o cupom cambial, de 1,308% para contratos com vencimento em 1º de junho de 2015. Na sexta-feira passada, a taxa aceita pelo BC foi de 1,829%. Na colocação dos contratos para 1º de setembro de 2015, a taxa linear foi de 1,498%, bem abaixo da registrada na operação anterior (2,070%).

Lá fora, a moeda americana opera em queda frente às principais divisas emergentes, depois de ter subido na última sexta-feira com os dados melhores que o esperado do mercado de trabalho nos Estados Unidos. O Dollar Index, que acompanha o desempenho da divisa americana frente a uma cesta com as principais moedas, recuava 1,07%.