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Intenção de consumo registra nível mais baixo em quatro anos, diz CNC

16/12/2014 11h55

Um cenário que combina crédito mais caro, inflação mais elevada e desconfiança quanto aos rumos futuros do mercado de trabalho levou a intenção de consumo do brasileiro ao mais baixo patamar em quatro anos em dezembro. É que mostrou nesta terça-feira a Confederação Nacional de Comércio, Bens e Serviços (CNC) ao divulgar o índice Intenção de Consumo das Famílias (ICF) do mês. O índice teve recuos de 0,9% ante novembro, e de 7,7% na comparação com dezembro do ano passado, para uma pontuação de 119,5 pontos, a mais baixa da série histórica do indicador, iniciada em janeiro de 2010 .

A percepção desfavorável também levou à oitava revisão consecutiva na projeção de aumento no volume de vendas do varejo restrito, de 3,2% para 3,1%, acrescentou a economista da confederação, Juliana Serapio, projeção que, se confirmada, seria o mais fraco resultado desde 2003, quando houve queda de 3,7%.

A especialista fez outro alerta: a maior cautela do consumidor em efetuar novas compras pode prosseguir em 2015. "Não existe sinalização, atualmente, de diminuição do pessimismo do consumidor no próximo ano", comentou.

Dos sete tópicos usados para cálculo do ICF, cinco mostraram queda em dezembro na comparação com novembro. É o caso de emprego atual (-1,5%), renda atual (-0,4%), nível de consumo atual (-1,8%), perspectiva de consumo (-2,7%) e momento para duráveis (-3,4%). Apresentaram saldo positivo apenas perspectiva profissional (2,6%) e compra a prazo (0,6%). No entanto, esses dois segmentos em alta não indicam melhora futura, segundo a economista da CNC. Na comparação com dezembro do ano passado, todos os tópicos mostraram recuo.

Endividamento

Juliana lembrou que as famílias já mostram endividamento muito elevado. Ao mesmo tempo, em dezembro, houve aumento na Selic, para 11,75% ? que sinaliza juros mais elevados. A inflação dos alimentos no varejo também preocupa. "São duas questões pesadíssimas e que afetam o bolso do consumidor", comentou ela. Esses dois fatores derrubaram o otimismo do consumidor com novas compras em dezembro, e não são de fácil resolução no curto prazo, diz.

"Além disso, temos que conviver com sinais desfavoráveis no mercado de trabalho, que também não estimula aumento de compras", lembrou ela, considerando que o consumidor não se compromete com compras a prazo se considerar que há risco de desemprego futuro. Ela não descarta, assim, a continuidade de cautela mais elevada em novas compras no começo do próximo ano.