Emprego nos EUA valoriza dólar, e moeda fecha a R$ 6,10; Bolsa sofre queda
Apesar de ter começado a semana em queda, o dólar fechou nesta sexta-feira (10) com alta de 1%, sendo vendido a R$ 6,102.
De acordo com economistas e agentes do mercado financeiro ouvidos pelo UOL, dados do desemprego nos Estados Unidos influenciaram na valorização da moeda aqui no país, o que também ocorreu em outros lugares do mundo. Além disso, a divulgação da inflação acima da meta do ano aqui no país também impactou no valor da moeda.
Após leve crescimento no dia anterior, Bolsa fecha em queda de 0,77%.
O que aconteceu
Dólar comercial segue acima dos R$ 6,10. Apesar de ter registrado quedas seguidas no início da semana, o dólar fechou ainda acima de R$ 6,10. Estouro da meta de inflação e dados de emprego nos Estados Unidos contribuíram para a alta.
Dólar turismo também segue em alta. Com uma variação positiva de 0,71%, o dólar comprado por viajantes fechou o dia valendo R$ 6,342.
Dólar se valoriza em todo mundo. De acordo com o economista André Perfeito, o dólar sofreu alta frente a várias moedas como "peso mexicano, peso chileno, o slot polonês". Isso se deu devido a divulgação de dados sobre emprego nos Estados Unidos.
Estados Unidos criaram 256 mil vagas de trabalho em dezembro. Os dados são do Payroll, relatório divulgado nesta sexta. Já a a taxa de desemprego caiu para 4,1% no período, ligeiramente abaixo dos 4,2% previstos pelo consenso de mercado. Esse é um dos últimos dados relevantes antes da próxima reunião do Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA). Números fortes podem reforçar uma postura mais cautelosa com as taxas de juros.
Dados mostram economia forte. Os indicadores do mercado de trabalho nos Estados Unidos mostram um cenário econômico aquecido, o que pode aumentar a pressão inflacionária no país. Para conter esse aumento nos preços, o Federal Reserve (FED), que é o Banco Central dos Estados Unidos, pode decidir elevar as taxas de juros.
Impacto no Brasil e no valor do dólar aqui. A economista e consultora financeira Yolanda Fordelone explica o impacto dessa decisão: "Juros altos nos Estados Unidos significam que os títulos de renda fixa americanos, considerados os investimentos mais seguros do mundo, passam a oferecer retornos atrativos". Isso acaba atraindo investidores para a economia norte-americana, fortalecendo o dólar em relação a outras moedas, como o real.
Atenção redobrada para a economia americana. O comportamento futuro do dólar no Brasil está diretamente ligado aos próximos dados econômicos dos Estados Unidos. Caso se confirme o cenário de inflação elevada, o FED pode adotar medidas mais restritivas, como a elevação dos juros. Nesse caso, o dólar tem tendência de continuar valorizado frente ao real.
Dólar também reflete preocupação com a inflação. A inflação fechou 2024 com alta acumulada de 4,83%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com a variação, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ultrapassa o teto da meta de 4,5%.
Inflação acima da meta já era esperada pelo mercado. O mercado financeiro já previa uma inflação acima da meta estipulada pelo governo. Segundo o último relatório Focus, que reúne as expectativas de analistas econômicos, a previsão era de 4,9%. "A decepção com o IPCA de dezembro, que confirmou o rompimento do teto da meta, aumenta a percepção de risco entre os investidores", avalia André Matos, CEO da MA7 Negócios.
O mercado teme que a persistência da inflação e o desalinhamento das expectativas forçam o Banco Central a adotar uma postura mais agressiva, com novas altas na Selic, possivelmente chegando a 15% ao ano. Esse cenário pressiona ainda mais a economia e mantém os ativos locais sob fortes oscilações.
André Matos, CEO da MA7 Negócios
Bolsa
Bolsa cai depois de leve alta. Após registrar alta de 0,13% na quinta-feira (9), a Bolsa registrou queda de 0,77%, com 118.856,48 e valendo R$ 15,38 bilhões.
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