Zanini: Inflação acima do teto é veneno e dor de cabeça para governo
O fechamento da inflação de 2024 acima do teto significa um grande problema para o governo Lula resolver neste ano, disse o colunista da Folha de S. Paulo Fábio Zanini no UOL News desta sexta (10).
Segundo dados apresentados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação oficial do Brasil fechou 2024 com alta acumulada de 4,83%. O limite da meta para o período era de 4,5%, conforme valor definido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
É uma dor de cabeça, mas menos pelo número geral de 4,83%. É um estouro da meta, mas não é enorme. O problema é que alguns itens fundamentais para as classes mais baixas subiram muito. A inflação de alimentos está muito alta.
As passagens de ônibus subiram. Muito possivelmente os preços dos combustíveis, que estão sendo represados por enquanto pela Petrobras, vão subir também. Não vão aguentar porque o dólar também não para de subir. Isso é ruim e muito preocupante para o governo.
Para coibir esses índices de inflação, o remédio é a elevação de taxa de juros. O Banco Central já começou uma forte elevação na taxa de juros no ano passado e vai prosseguir esse ano ao longo do primeiro semestre com certeza. Taxas de juros mais altas significam crescimento menor e possivelmente um aumento da taxa de desemprego.
É uma dor de cabeça para o governo, que precisará entrar em 2025 com essa missão de debelar esses números. Inflação alta é veneno político. Para a popularidade de um presidente, não há nada pior do que a inflação. Ela é pior do que o desemprego e a economia parada porque atinge todo mundo.
Fábio Zanini, colunista da Folha de S.Paulo
A alta acima da média nos preços de alguns produtos básicos, como café moído (39,6%), carnes (20,84%) e leite longa vida (18,83%), deve servir de alerta ao governo Lula, já que atinge uma camada maior da população e isso pode afetar a popularidade do presidente, destacou Zanini.
A picanha vai perseguir o Lula até o final do governo. É capaz de virar uma alcatra, um coxão duro. Mas o fato é que alguns desses produtos estão com uma inflação maior do que a média. Não se pode olhar apenas para o índice médio, mas sim para algumas coisas mais específicas que podem causar um problema político sério para o governo.
Haverá alguns fatores favoráveis. Prevê-se nesse ano uma safra agrícola melhor, o que ajuda a baixar o preço dos alimentos. É provável que o dólar tenha alguma acomodação ao longo do ano, já que houve um certo exagero na disparada da moeda.
O fato é que o governo terá que reconquistar a confiança do mercado e a credibilidade fiscal, que ficou abalada em certo sentido, além dessa preocupação de a inflação não causar um efeito muito grande na popularidade do presidente Lula. Fábio Zanini, colunista da Folha de S.Paulo
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