Como a criação de empregos nos EUA afeta a economia do Brasil?
O mercado de trabalho americano criou 256 mil novas vagas em dezembro, muito mais que o esperado pelo mercado, que apostava na criação de 200 mil vagas.
Os dados de Payroll, como são chamados, foram divulgados nesta sexta-feira (10), pelo Bureau of Labor Statistics, o departamento de estatísticas de trabalho do governo dos Estados Unidos.
Com isso, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) tem menos incentivo para cortar as taxas de juros este ano. Assim, o dólar sobe e o Ibovespa cai nesta sexta-feira (10).
Como isso afeta o Brasil?
A folha de pagamento não agrícola americana aumentou em 256 mil novos postos de trabalho no mês, acima dos 212 mil em novembro e superior à previsão de 155 mil do mercado. O dado mostra que o mercado de trabalho americano continua aquecido e isso pode ser um fator de geração de inflação. Por isso, como o Fed já previa, não devemos ter mais cortes de juros na taxa americana, hoje na faixa de 4,25% a 4,5%.
Os salários continuaram subindo, com alta de 0,3% em dezembro e de 3,9% no acumulado de 2024. "Esses fatores indicam que o mercado de trabalho permanece pressionando a inflação, principalmente no setor de serviços, mais intensivo em mão de obra", diz Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank. Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, concorda. "Os dados de hoje reforçam que os desafios para o controle da inflação americana ainda não foram totalmente superados."
Aqui, dólar e juros futuros aceleram alta após a divulgação, às 10h30. O Ibovespa cai. Por volta de 11h30, o Ibovespa tinha baixa de 0,53%, para 119.145 mil pontos. O dólar comercial tinha alta de 1,12%, chegando a R$ 6,109.
Com a taxa de juros americana em alta, os investidores não se arriscam em mercados emergentes, como o Brasil. Eles preferem ficar nos EUA, onde o investimento no Tesouro (Thresuries) é o mais seguro do planeta e, com esses juros, o rendimento é atrativo. Por isso, várias outras moedas de países emergentes - além do real - perdem valor no momento, segundo Marcio Riauba, diretor da mesa de operações da StoneX Banco de Câmbio.
O real acaba sofrendo mais, entretanto. "O real é uma das moedas mais sensíveis a esse movimento", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. As condições fiscais do Brasil acabam tornando a moeda mais suscetível a essas variações, explica ele,
Assim, menos investimento estrangeiro vem para o mercado local e o dólar sobe. "A tendência é que o câmbio fique pressionado pelo diferencial de juros", diz André Valério, economista sênior do Inter.
Desta maneira, a inflação brasileira continua pressionada. Isso faz o mercado prever juros mais altos no futuro, uma vez que a propensão é que o Banco Central do Brasil continue subindo a Selic para tentar conter a alta de preços.
Juros mais altos fazem a situação da dívida das empresas piorar. Também desestimula o consumo. E por isso, as ações das companhias da Bolsa de Valores caem.
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