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Ajuste fiscal é condição para retomada do crescimento, recomenda Ipea

18/12/2014 12h15

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) recomendou maior equilíbrio na situação fiscal, com cumprimento de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, e um esforço pela convergência, ainda que gradual, à meta de inflação de 4,5%. Essas sugestões estão contidas na Carta de Conjuntura da instituição, divulgada nesta quinta-feira. Para o Ipea, apenas com a correção dos atuais desequilíbrios macroeconômicos uma retomada do crescimento será possível.

O ano de 2014 se encerra com quadro complexo, combinando estagnação da atividade econômica com inflação persistente e elevação gradual do déficit externo, além da sensível piora das contas públicas.

Ao mesmo tempo, embora note que o mercado de trabalho apresente taxa de desemprego em nível historicamente baixo, o Ipea observa que este ano foi marcado pela desaceleração na criação de novos empregos, situação que até o momento foi compensada pela redução da população economicamente ativa.

Houve também enfraquecimento da demanda, prejudicada pela desaceleração no consumo das famílias, que por sua vez foi influenciada pelo crédito mais caro e pela inflação alta. O instituto ainda cita outros aspectos desequil ibraram o cenário econômico e que tornam mais difícil uma recuperação sustentável na atividade: estagnação na produtividade do trabalho e deterioração da balança comercial.

Para os especialistas do Ipea, queda da inflação e ajuste fiscal poderiam gerar um ambiente mais propício aos investimentos. No primeiro caso, poderia haver um novo estímulo da demanda; no segundo, o cumprimento da meta de superávit primário - com ajustes na receita ? poderia ajudar na retomada da economia, com aumento de 2% no PIB depois de 2015. Uma melhora na área fiscal também preservaria a solvência do setor público, afastando o risco de perda de grau de investimento do país, além de resguardar espaço para políticas sociais de transferência de renda, bem como uma política monetária menos restritiva, salientou o Ipea.

Todos esses fatores poderiam conduzir a uma melhora no ambiente de investimentos do país ? variável indispensável para a retomada do crescimento, observou o instituto. "Um quadro mais claro sobre a dinâmica recente do investimento ? e, portanto, sobre a magnitude do esforço adicional requerido para reconduzir a economia na direção do crescimento - estará disponível no início de 2015, quando as novas contas nacionais forem divulgadas, com estimativas mais refinadas da FBCF [Formação Bruta de Capital Fixo]", disse o Ipea, lembrando que, até o terceiro trimestre de 2014, a FBCF acumula que da de 7,4% no ano.

O Ipea acredita que as medidas de ajuste teriam impacto contracionista no curto prazo. Mas, observou que são condições necessárias para abrir espaço a um novo ciclo econômico, e que possam conduzir a um aumento na produtividade da economia brasileira, no longo prazo.