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Tombini reafirma compromisso de trazer inflação a 4,5% em 2016

18/12/2014 22h50

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, reafirmou o compromisso de levar a inflação para a meta de 4,5% em 2016. O presidente deu entrevista à GloboNews na noite desta quinta-feira.

"O BC está especialmente vigilante e vamos fazer o que for necessário para que o cenário de 2015 e 2016 seja o mais benigno possível para trazer a inflação para o centro da meta", disse Tombini à jornalista Miriam Leitão, que o entrevistou na sala onde acontecem as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

Segundo Tombini, a inflação está mais ou menos onde sempre esteve, ao redor de 0,50% na média mensal. Ele respondia a questionamento sobre o longo período que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está longe da meta de 4,5% ao ano. Para dar um parâmetro, o IPCA mensal tem de ser de 0,35% para fechar o ano na meta.

Para 2015, ele voltou a falar que a inflação vai passar abaixo do topo da meta, que é de 6,5%. Segundo o presidente do BC, o ano será de realinhamento de preços. "A valorização do dólar é uma realidade no mundo", disse, somando que aqui no Brasil também acontece o realinhamento dos preços administrados.

Em 2013, o conjunto de preços administrados teve alta de 1,5%, agora em 2014, o BC trabalha com alta de cerca de 6% e para 2015 Tombini estima nova elevação de cerca de 6% "até um pouco mais".

Ele voltou a traçar o cenário já feito na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), nesta semana, de que o pico da inflação será visto no primeiro trimestre de 2015, depois, no segundo trimestre tem início um longo período de baixa que vai culminar com o atingimento da meta de 4,5% em 2016.

Tombini lembrou que a política monetária vem sendo ajustada e que, no ciclo iniciado em abril de 2013, o BC enfrentou "ventos contrários", pois o aperto de juros foi seguido de desvalorização do real, movimento contrário de outros momentos de alta de juros, quando o real se valorizava, ajudando no controle dos preços domésticos. A alta do dólar neste ciclo captou as discussões sobre a normalização da política monetária dos EUA.

A alta do real entre setembro e outubro foi o que levou o BC a mudar a narrativa de que a estabilidade das condições monetárias era suficiente para levar a inflação à trajetória de convergência para a meta. Com a alta de mais de 10% do dólar no período, o BC mudou a narrativa e a postura e subiu a Selic em mais 0,75 ponto, para 11,75% ao ano.

Sobre a queda do preço do petróleo, o presidente voltou a falar que mantidos os atuais patamares de preço, o Brasil pode ter um ganho de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões na balança comercial.

Já sobre o impacto financeiro sobre o Brasil da turbulência que se origina na Rússia, Tombini disse que "temos adotado políticas para esses momentos de maior trepidação dos mercados". A política monetária vem sendo ajustada, a política fiscal está sendo reforçada e o país conta com colchões de liquidez. Além disso, ele lembrou que os preços administrados estão sendo ajustados e não há mais defasagem no preço dos combustíveis.

"Todos esses fatores militam no sentido de fazer a diferenciação positiva do Brasil neste momento de volatilidade", disse.

Questionado diversas vezes se a tendência do dólar é de alta, Tombini se esquivou e não respondeu diretamente. Ele falou que o dólar reflete o momento internacional de fortalecimento da economia americana, que sugere que ocorrerá um movimento de alta de juros. Ele também voltou a falar que, embora os EUA estejam em processo de retirada de estímulos, Europa e Japão trabalham por mais estímulos. Isso abre a oportunidade de arbitragem de recursos entre esses mercados, amortecendo eventuais altas acentuadas de juros.

"O real já andou bastante e quanto mais e para que lado, vai depender desse ajuste. Temos de ficar atentos às repercussões", disse.

Ele voltou a falar que o programa de oferta diária de swaps cambiais será mantido em 2015 e que os parâmetros do programa saem nos próximos dias. No Senado, Tombini falou que a oferta ficará entre US$ 50 milhões e US$ 200 milhões por dia. A oferta atual desses contratos, que equivalem à venda futura de dólar, é de US$ 200 milhões. Desde agosto de 2013, o BC dá essa "ração diária" de dólares ao mercado.

Perguntado se ele está feliz com a nova orientação da política fiscal, Tombini disse "estou". Ele e xplicou que as políticas monetária e fiscal têm de ser independentes, embora tenham características complementares. "A consolidação fiscal torna o processo de trazer a inflação para 4,5% mais facilitado", disse.

Sobre crescimento, Tombini disse que reforçar a confiança de empresários e consumidores é muito importante no curto prazo "eas políticas macroeconômicas ajudarão muito nesse processo". Ele também afirmou que seus outros colegas ministros também estão se debruçando sobre reformas importantes para estimular o investimento.

Perguntado se está otimista com relação aos próximos quatro anos, Tombini disse estar confiante nas políticas que estão sendo adotadas. "O país se preparou para a mudança de cenário externo, acumulou colchões de proteção e a consolidação de receitas e despesas são fatores importantes para dar maior previsibilidade para o consumidor e para os empresários".

"Estou confiante que temos capacidade de fazer isso e vamos entregar esse bem público que é a estabilidade financeira para a sociedade", concluiu.