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Bovespa fecha em leve alta, apesar da pressão de Petrobras e Vale

29/01/2015 18h05

A Bovespa terminou a quinta-feira em leve alta, depois de operar a maior parte do pregão no vermelho, pressionada pelas baixas de ações relevantes, como Petrobras, Vale e bancos. O mercado acompanhou ao longo da tarde a teleconferência da estatal para explicar o balanço do terceiro trimestre. Expectativa de dividendos menores neste ano e uma nova queda no preço do minério afetaram as ações da Vale. E os investidores digeriram os balanços de Bradesco, Cielo e Fibria.

O Ibovespa subiu 0,14%, para 47.762 pontos, com volume de R$ 6,664 bilhões. Petrobras PN (-3,10%) e ON (-1,85%) ficaram entre as maiores baixas, ao lado de Vale PNA (-3,91%) e ON (-4,74%).

Um dos pontos que despertaram maior atenção na teleconferência da Petrobras foi a questão dos dividendos. A empresa vai avaliar a possibilidade de não pagar dividendos relativos ao exercício 2014, admitiu o diretor financeiro, Almir Barbassa. "Há a possibilidade, ainda não colocada no momento, mas que poderá ser considerada. Se julgada por qualquer companhia que há uma situação de estresse financeiro, há possibilidade não haver dividendos. É uma alternativa que poderá ser considerada, a depender da avaliação financeira da companhia", comentou Barbassa.

Vale foi penalizada pelo preço do minério de ferro, que hoje caiu 0,2% para US$ 62,30 por tonelada, acumulando recuo de 8% neste mês e atingindo nova mínima desde 2009. O mercado também está preocupado com a possibilidade de a mineradora reduzir o volume de dividendos.

O diretor de relações com investidores da Vale, Rogerio Nogueira, afirmou nesta quinta-feira que a mineradora trabalha para pagar dividendos "saudáveis" sem aumentar a dívida. Mais cedo, o Citi afirmou em relatório esperar que a companhia divulgue amanhã (30) o quanto vai pagar de dividendos este ano e ressaltou que o consenso do mercado gira em torno de US$ 1,9 bilhão, abaixo dos US$ 4,2 bilhões de 2014 e dos US$ 4,5 bilhões de 2013. "Mas será um dividendo que provê um retorno associado ao preço da ação bastante significativo", afirmou o diretor da Vale.

E a safra de balanços ganhou ritmo hoje com a divulgação dos resultados de Bradesco, Cielo e Fibria. As ações do Bradesco começaram o dia em terreno positivo, mas fecharam em baixa de 1,05%, apesar dos números terem vindo em linha com as projeções do mercado. O banco encerrou 2014 com lucro líquido contábil de R$ 15,089 bilhões, 25,6% maior que o registrado no ano anterior. No quarto trimestre, o lucro foi de R$ 3,99 bilhões, com aumento de 29,7% sobre o mesmo período de 2013 e de 3% em relação ao terceiro trimestre.

Segundo o BTG, o balanço do Bradesco foi "uma boa maneira de encerrar um grande ano". Outras ações de bancos também mostraram perdas: Itaú PN (-0,68%), Banco do Brasil ON (-2,08%) e Santander Unit (-0,37%).

Já a Cielo divulgou lucro líquido de R$ 803 milhões no quarto trimestre, com alta de 11,4% sobre o mesmo período do ano anterior. O resultado ficou um pouco abaixo da expectativa de analistas ouvidos pelo Valor, que previam ganho de R$ 824 milhões no período. As ações ON da credenciadora de cartões subiram 2,83%.

A Cielo espera concluir nas próximas semanas os últimos detalhes a serem acertados com o Banco do Brasil para joint-venture que os dois irão constituir na área de cartões. "Estamos finalizando algumas condições com o BB e esperamos anunciar a conclusão da operação nas próximas semanas", afirmou o presidente da Cielo, Rômulo de Mello Dias. Segundo ele, ainda não estão definidos os nomes que vão compor o comando da nova empresa.

A Fibria, por sua vez, trouxe prejuízo líquido de R$ 128 milhões no quarto trimestre, reduzindo em 31% as perdas de R$ 185 milhões de um ano antes. A receita líquida de outubro a dezembro subiu 2% na mesma base de comparação, para R$ 2 bilhões, e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado avançou 10%, para R$ 906 milhões. Os resultados ficaram acima das projeções dos analistas. A média de cinco instituições financeiras consultadas pelo Valor apontava para um prejuízo líquido de R$ 203,6 milhões.

O Credit Suisse acredita que a performance da companhia deve piorar nos próximos meses, com o aumento da oferta de celulose, que vai pressionar os preços. Segundo o banco, o aumento da oferta no mercado vai pressionar os preços da celulose e, consequentemente, as ações da Fibria. Dessa forma, a recomendação é de venda, enquanto o preço-alvo é de R$ 19, abaixo do fechamento de ontem, de R$ 30,33. As ações fecharam em alta de 2,86%, para R$ 31,20.

Ambev ON (3,27%) foi um dos destaques positivos do dia. O Citi elevou a recomendação das ações de neutra para compra e elevou o preço-alvo do American Depositary Receipt (ADR) de US$ 7,40 para US$ 7,90. A decisão levou em conta o reajuste dos tributos sobre bebidas apenas em maio e com taxa menos onerosa do que o esperado.

O banco estima que a companhia apresentará expansão na margem de lucro devido à questão tributária e à depreciação da moeda, que aumenta o valor das suas operações de proteção (hedge) ao aumento nos custos de produção. Para os próximos 12 meses, o Citi prevê um crescimento mais lento na economia brasileira, mas com crescimento da Ambev mais forte que a média do mercado, como tem feito nos últimos anos. O Citi também pondera que a empresa apresenta riscos mínimos de perdas relacionadas ao racionamento de água e a uma possível falta de energia.

No topo do Ibovespa ficaram as elétricas Light ON (5,53%) e Cemig PN (5,08%), além da aérea Gol PN (4,90%).