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Juros recuam acompanhando queda do dólar

31/03/2015 16h33


O alívio no câmbio empurrou as taxas dos contratos de juros futuros para baixo nesta terça-feira, após um começo de sessão com os DIs bastante pressionadas, em reação à divulgação de números fiscais mais fracos. Apesar do movimento de correção verificado nesta terça, o cenário ainda é de muita incerteza, com os investidores aguardando a votação do projeto de lei que fixa prazo para o governo regulamentar a troca de indexadores de Estados e municípios com a União, prevista para esta terça no Senado.

O DI para janeiro de 2016 recuava para 13,5% ante 13,59% do ajuste do pregão anterior. Já o DI para janeiro de 2021 cedia para 12,95% ante 13,8% do ajuste do pregão anterior.

Comenta-se no mercado um fluxo de investidores estrangeiros pela manhã que ajudou a derrubar a cotação do dólar e das taxas dos contratos de juros futuros, esperando um acordo entre o governo e a base aliada após a reunião do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ter se encontrado ontem com o presidente do Senado, Renan Calheiros. Ao sair do encontro, Levy disse que está confiante em relação a um acordo para renegociação da dívida dos estados, cujo votação do projeto de lei estava prevista para hoje.

"O mercado está precificando um cenário muito ruim para o fiscal e a economia. Isso mantém muito prêmio de risco na curva, o que potencializa os ajustes", afirma o profissional de um banco estrangeiro. O alívio, contudo, é visto como momentâneo, diante das constantes incertezas com a implementação dos ajustes fiscais.

Nesta terça também, o Tesouro divulgou o resultado fiscal do governo central que mostrou um déficit primário de R$ 7,357 bilhões em fevereiro, o pior resultado desde fevereiro de 1997. Em 12 meses, o déficit é de R$ 24,9 bilhões, o equivalente a 0,48% do PIB. O déficit primário do setor público consolidado ficou em R$ 35,24 bilhões, o equivalente a 0,69% do PIB. Com isso, a dívida bruta do governo geral subiu de 64,4% do PIB para 65,5% do PIB, somando R$ 3,386 bilhões em fevereiro.

A trajetória da dívida bruta é o fator mais importante acompanhado pelas agências de classificação de risco para reavaliar o rating soberano de um país. Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos, Levy destacou o custo alto de o Brasil perder o grau de investimento, e, por isso, tem se esforçado nas relações com o Senado para aprovar as medidas de ajuste fiscal e rever a aprovação do projeto de lei que prevê a mudança de indexador dos Estados e municípios, o que poderia afetar o cumprimento da meta de superávit primário de 1,2% do PIB para este ano.

Segundo o economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, o importante não é tanto o número que será entregue de superávit primário, mas como ele foi alcançado. Ele lembra que se o governo não cumprir a meta por causa de uma deterioração da atividade econômica que leve a uma queda na arrecadação, isso não seria visto pelo mercado como algo tão negativo. Já se o resultado não for alcançado pela dificuldade de implementação das medidas de ajuste fiscal traria ma ior preocupação, uma vez que a não aprovação de algumas medidas, como da desoneração da folha de pagamentos, pode comprometer o resultado fiscal do ano que vem e tornar mais difícil para o governo a tarefa de colocar a dívida pública bruta em uma trajetória de queda. Levy destacou que, sem equilíbrio fiscal, os juros no Brasil "não vão descer".