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Inadimplência mostra em maio pior cenário desde 2013, nota CNC

28/05/2015 13h06


Condições desfavoráveis no mercado de trabalho levaram os indicadores de inadimplência do consumidor em maio ao pior perfil desde o segundo semestre de 2013. É o que mostrou a Confederação Nacional de Comércio, Bens e Serviços (CNC).

Na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), anunciada hoje pela entidade e que abrange 18 mil pessoas, 62,4% declararam-se endividadas, acima do observado em abril (61,6%), mas abaixo do registrado em maio de 2014 (62,7%).

O levantamento apontou ainda que 21,1% das famílias informaram estar com dívidas em atraso, acima da marca de abril (19,7%) e de maio de 2014 (20,9%). Esse foi o maior percentual para essa resposta desde novembro de 2013 (21,2%).

Ao mesmo tempo, entre as famílias com dívidas em atraso, 7,4% informaram não ter condições de quitar seus débitos, acima de abril (6,9%) e de maio de 2014 (6,8%) e o maior percentual desde julho de 2013 (7,4%).

Para a economista da CNC, Marianne Hanson, a expectativa é de continuidade na trajetória negativa dos indicadores de inadimplência, por causa da ausência de perspectiva de melhora no cenário de emprego até o fim do ano.

Marianne destacou que os últimos meses mostraram deterioração real da renda do trabalhador, com sinais desfavoráveis em setores que, até há pouco tempo, tinha ainda atividade aquecida, com comércio e serviços. Isso tudo, comentou, ocorre em um momento em que o crédito está mais caro e o acesso mais restrito, com juros elevados. Ao mesmo tempo, a inflação ainda segue pressionada, o que diminui o poder aquisitivo da população, notou ela.

"O que ocorre é que a inadimplência pode aumentar devido às condições de pagamento menos favoráveis do consumidor, que devem prosseguir nos próximos meses", afirmou.

A especialista chamou atenção para outro detalhe: o elevado comprometimento do orçamento familiar com pagamento de dívidas. Na Peic, entre as famílias endividadas, a parcela média da renda comprometida com dívidas caiu, de 30,5% para 30,3%, entre maio de 2014 e maio de 2015. "Mesmo com essa leve diminuição, não podemos deixar de ressaltar que um terço da renda comprometida com débitos é um percentual muito elevado e muito desfavorável", comentou.

Para ela, uma possível melhora no atual cenário de endividamento e inadimplência dependem, basicamente, de melhora expressiva em indicadores macroeconômicos como mercado de trabalho e de reaquecimento das atividades de comércio e de serviços, as maiores empregadoras da economia - e com impacto expressivo na renda do trabalhador. "Mas não vejo melhora nesses aspectos até o fim do ano", comentou a técnica, acrescentando que, até o momento, os indicadores macroeconômicos não mostram reação nesses segmentos.

Marianne comentou que, tendo em vista o atual cenário, a CNC manteve projeção de recuo de 0,4% nas vendas do comércio varejista restrito (que exclui setor automotivo e materiais de construção) em 2015 ante 2014. Caso confirmado, seria o pior resultado para o comércio desde 2003 (-3,7%).

Em 2014, as vendas do comércio subiram 2,2% ante 2013.