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Bovespa recua com dados fracos da China, Lava-Jato e Bradesco

03/08/2015 18h02


Fatores domésticos e externos levaram a bolsa brasileira a recuar nesta segunda-feira. A divulgação de números fracos de atividade da economia chinesa pressionou os preços das commodities, especialmente do petróleo, afetando diretamente as ações da Petrobras aqui. Novos desdobramentos da Operação Lava-Jato, com a prisão do ex-ministro José Dirceu, também colaboraram para o aumento da aversão ao risco, com reflexo sobre o dólar. Investidores também digeriram a venda das operações brasileiras do HSBC para o Bradesco.

O Ibovespa fechou em baixa de 1,43%, para 50.138 pontos, com volume de R$ 5,158 bilhões. Entre as principais ações do índice, Petrobras PN (-4,57%) e ON (-5,18%) concentraram as perdas, acompanhadas por Bradesco PN (-3,12%), Vale PNA (-1,84%) e Itaú PN (-0,46%).

Petrobras foi afetada pelo tombo do petróleo no mercado internacional. Hoje, o barril do Brent caiu abaixo de US$ 50 pela primeira vez desde janeiro. O crescimento mais lento da economia global e o cenário de excesso de oferta da commodity pressionam os preços. A China informou que o índice de atividade (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial caiu de 49,4 em junho para 47,8 em julho. A bolsa de Xangai recuou 1,1%, e as demais bolsas asiáticas acompanharam o movimento.

Já o Bradesco confirmou nesta madrugada a compra da unidade brasileira do HSBC. O negócio saiu por US$ 5,2 bilhões (R$ 17,8 bilhões, no câmbio de sexta-feira), acima dos US$ 4 bilhões que o mercado previa. Segundo os analistas da Concórdia Corretora, o valor pago na aquisição, equivalente a um múltiplo preço por valor patrimonial da ação (P/VPA) de 1,57 vez, é próximo ao múltiplo que o Bradesco é negociado atualmente (1,58 vez), "o que pode ser considerado elevado, tendo em vista o cenário atual mais adverso e o fato do Bradesco mostrar melhor nível de rentabilidade".

"Entendemos que as operações do HSBC no Brasil realmente se mostram complementares à atuação do Bradesco e seguimos avaliando o banco positivamente em um horizonte mais longo. Contudo, diante do valor pago, acreditamos que as ações sofrerão pressão no curto prazo", afirmam os analistas Karina Freitas, Daniela Martins e Danilo de Julio, em relatório.

Na ponta negativa do Ibovespa terminaram Oi PN (-9,09%), Braskem PNA (-7,81%) e Estácio ON (-6,83%). As ações da Oi despontaram entre as maiores baixas nos últimos minutos do pregão. A empresa divulgou na sexta-feira convocação de assembleia para aprovar nova tentativa de conversão de ações preferenciais em ordinárias.

Um operador lembrou ainda que a prisão de José Dirceu acende uma luz amarela sobre a companhia. O Ministério Público de Portugal já investiga o envolvimento do ex-ministro nas negociações entre Oi, Portugal Telecom e Telefónica na venda de 50% das ações da Vivo detidas pela empresa portuguesa ao grupo espanhol em 2010 e, posteriormente, a entrada da Portugal Telecom no capital da Oi.

Já as ações da Braskem têm apresentado volatilidade elevada nas últimas semanas. Na sexta-feira, haviam subido mais de 9%. Hoje, os papéis apanharam com a notícia da queda do petróleo, que pressiona o preço das resinas petroquímicas no mercado internacional.

A desaceleração da economia doméstica também prejudica a companhia, pois reduz a demanda por resinas no mercado local. E além disso, a companhia está no olho do furacão da Lava-Jato. A petroquímica, controlada por Petrobras e Odebrecht, teria pago propina para ser favorecida no contrato de fornecimento de da nafta da Petrobras que vigorou entre 2009 e 2014.

Entre as maiores altas do dia ficaram Eletrobras PNB (3,62%), Gerdau Metalúrgica PN (2,00%) e Santander Unit (1,81%). A Eletrobras anunciou na sexta-feira seu plano de negócios para o período de 2015 a 2019, no montante de R$ 50,3 bilhões, uma redução de 17,3% em relação ao plano do período de 2014 a 2018.