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Carla Araújo

'Tirar o pó' da reforma administrativa é a nova aposta de Guedes

Paulo Guedes retira os óculos para fixar o olhar num ponto distante - Foto: Jorge William/Agência O Globo
Paulo Guedes retira os óculos para fixar o olhar num ponto distante Imagem: Foto: Jorge William/Agência O Globo

01/09/2020 16h48

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Depois uma semana em que amargou derrotas e até fritura pública do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, recorreu a um desejo antigo para tentar a tão esperada recuperação econômica.

Na reunião de hoje pela manhã, no Alvorada, Guedes conseguiu mais uma vez o apoio público do presidente que avisou que o governo vai "encaminhar na quinta-feira a reforma administrativa".

Segundo auxiliares do ministro, a intenção de aproveitar o anúncio do auxílio emergencial para desengavetar a administrativa teve como intenção passar uma imagem de que o ajuste fiscal não será abandonado. Cálculos do governo chegaram a uma possível economia de R$ 500 bilhões em dez anos com mudanças no regime dos servidores. Mas, de acordo com técnicos, o valor deve ser menor do que o estimado inicialmente.

Esse foi um dos argumentos, segundo um líder, que convenceu o presidente Bolsonaro de que era preciso fazer o "anúncio casado".
A lentidão de colocar a matéria em pauta levou a saída do secretário Paulo Uebel na pasta de Guedes. Na ocasião, Bolsonaro havia avisado ao seu ministro: não queria mudanças que afetassem os servidores públicos neste ano.

Não à toa, o presidente completou a sua frase com a ressalva: "Que fique bem claro não atingirá nenhum dos atuais servidores. Ela e aplicará apenas aos futuros servidores concursados".

Alguns temas econômicos são como ping-pong no governo Bolsonaro. Hora saem da pauta e em outros momentos retornam como a solução dos problemas.

Em janeiro, Guedes afirmou que havia um compromisso com o Congresso de enviar a reforma administrativa o quanto antes e disse que ela teria uma aprovação rápida.

Nove meses depois, essa é a nova aposta do governo. As chances de sucesso do texto aumentam pelo fato de que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é um entusiasta da medida.

No dia 12 de agosto, ao lado de Maia e Alcolumbre, o presidente fez um pronunciamento para defender o teto de gastos. Na ocasião, Maia falou publicamente da necessidade da reforma administrativa.

Mas o momento, e as lições do passado, devem deixar pelo menos um ensinamento: o Congresso é imprevisível.

Novo modelo de articulação

O anúncio de hoje foi feito após uma reunião que contou com a participação de líderes. O novo líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), também fez uso da palavra e anunciou que agora o governo passaria a realizar reuniões com parlamentares com mais frequência.

"É a nova maneira de fazer articulação", disse o líder. "Vamos acordar com líderes primeiro e anunciar depois", completou.

De acordo com um auxiliar do presidente, é isso que eles pretendem fazer inclusive com o restante da reforma tributária, que estava prometida para agosto. Segundo essa fonte, será o tema da próxima reunião, na "semana que vem".