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Bolsonaro discursará no Dia do Soldado e militares temem fala acima do tom
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Por mais que a cúpula do Exército tente se manter distante da política e das polêmicas do presidente Jair Bolsonaro - que tem empunhado cada vez mais um discurso golpista contra o STF (Supremo Tribunal Federal) -, o Quartel General (QH) do Exército, em Brasília, deverá ser palco de mais um discurso de "convocação" do presidente para os atos do dia 7 de setembro.
Por conta da comemoração do Dia do Soldado, Bolsonaro participará da solenidade no QG na próxima quarta-feira (25) e está prevista uma fala do presidente, que pela Constituição é o chefe Supremo das Forças Armadas.
Em caráter reservado, alguns militares da ativa relataram desconforto com a situação de crise institucional atual e lamentaram o que já preveem como "comparação ao evento dos tanques na Esplanada da Marinha". Há ainda o receio de que o presidente acabe usando o espaço para uma fala "acima do tom".
No ano passado, por conta da mesma data, Bolsonaro citou uma frase do patrono do Exército, Duque de Caxias, e afirmou "sigam-me os que forem brasileiros". O presidente também parabenizou aqueles que defendem a Pátria "com o sacrifício da própria vida".
Neste ano, apesar de afirmarem desconhecer o teor da fala do presidente, os militares já imaginam que a repercussão tende a ser bastante negativa para a imagem das Forças.
Apesar disso, generais do Alto Comando seguem rechaçando a possibilidade de uma ruptura institucional e afirmam que o Exército não embarcará em nenhuma atitude golpista.
Segundo os militares, a solenidade desta quarta-feira terá exatamente no mesmo modelo de anos anteriores, com entrega de medalhas e desfile. Afirmam ainda que a data e sua celebração estão sendo preparadas desde abril.
O efetivo estimado para este ano é 1.460 militares e cerca de 90 viaturas, mais ou menos o padrão dos anos anteriores. Até mesmo o discurso "autoridade de maior precedência" é apontado como parte do protocolo.
Protocolo este que certamente ajudará o presidente a inflar seus apoiadores. Do lado dos militares, que não farão o tradicional desfile de 7 de setembro por conta da pandemia, segue o desafio de mantenham perante a sociedade a imagem de que eles estão do lado da lei.
"Não temos como impedir a fala do presidente", disse um general, em tom de lamento.
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