Graciliano Rocha

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Para atual gestão da Petrobras, BR Distribuidora ainda é amor mal resolvido

A antiga BR Distribuidora foi privatizada no governo Jair Bolsonaro (2021), mas ainda é tratada como ferida aberta pela atual gestão da Petrobras, uma espécie de divórcio no qual um dos cônjuges sai de casa e o outro não se conforma.

Nessa nova etapa da vida, a BR abandonou o nome de casada (agora chama-se Vibra Energia) e ficou com parte do patrimônio do casal, como o programa de fidelidade e a marca nos postos.

Mas o que fere mesmo a direção petista na estatal é a ex-BR não ter a obrigação contratual de vender monogamicamente apenas o combustível produzido pela Petrobras.

"Tudo isso foi embora, foi desconectado da Petrobras. Foi vendido de uma forma especial, específica, diferente, mas foi. A gente teve até de esclarecer isso, o contrato permite inclusive que a empresa venda produto que não seja Petrobras na bomba em que está escrito Petrobras", afirmou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, durante encontro com jornalistas na terça-feira (19), no Rio.

Como em qualquer rompimento de laços, a contemporização tende a produzir melhor saldo que o confronto.

Prates: "Agora, entrar e bater na mesa é muito fácil de fazer. Gritar gera conflito e não resolve nada. Nossa postura é tratar diligentemente, sem nenhuma presepada política ou midiática. O corpo dirigente [da Vibra] e times são formados por pessoas que foram da Petrobras. É o nosso principal cliente".

E completa: "A gente gosta muito da BR, é nossa marca que está lá".

Na oposição, o PT opôs-se à venda da BR. De volta ao governo e ao comando da estatal, defende publicamente a volta da Petrobras para o setor de distribuição, mas não sabe ainda como fazer isso.

Em jargão técnico, Prates diz que a estatal busca estar "verticalmente integrada" — isto é, controlar desde a extração do petróleo no fundo do oceano até o vai e vem de cada caminhão entre a refinaria e o posto de gasolina.

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Durante o encontro com jornalistas nesta terça, os sinais dados foram tantos — e tão evidentes — que o diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, Sérgio Leite, interveio: "Nós não estamos analisando a compra da BR neste momento. Não há análise de recompra da BR pela Petrobras".

"Inclusive, vários fundos estão comprando ações na expectativa de que a Petrobras recompre a BR. Isso não está em discussão agora", disse Leite.

* O colunista viajou para o Rio para o encontro com jornalistas a convite da Petrobras.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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