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Número 2 de Haddad no BC é aposta de Lula para pressionar corte nos juros
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O que o governo Lula pretende com a indicação de Gabriel Galípolo, secretário executivo do Ministério da Fazenda, o segundo na hierarquia da pasta e braço direito do ministro Fernando Haddad, para a diretoria de Política Monetária da Banco Central?
Não é possível dar resposta conclusiva à indagação que todos estão fazendo, mas as hipóteses mais prováveis se restringem a duas.
Fazer contraposição estridente ao restante da diretoria reunida no Copom (Comitê de Política Monetária), politizando as decisões do colegiado sobre a taxa básica de juros, com declarações e entrevistas frequentes e públicas
Marcar posição divergente no Copom, mas sem abrir oposição pública, aguardando a renovação da diretoria do BC — serão quatro substituições até o fim do ano, num total de oito diretores — e a recomposição do Copom, com vistas inclusive a assumir a presidência do BC, com o término do mandado do atual presidente, Roberto Campos Neto, em fins de 2024.
Indicação preocupa o mercado
A segunda hipótese é a mais provável. É a hipótese mais provável quando também se considera o estilo pessoal de Galípolo, e se leva em consideração a atitude conciliadora adotada por Haddad, em relação às decisões do BC. O novo diretor do BC é tido como de trato cordial. Quem o conhece costuma destacar sua característica de negociador.
Mesmo assim, sua indicação já vinha causando preocupações no mercado financeiro há semanas, quando começaram a circular com mais intensidade os rumores de que poderia ser levado à diretoria do BC. É quase certo, de fato, que as decisões do Copom deixarão de ser unânimes, como têm sido, com raríssimas exceções — apenas duas vezes, por exemplo, nas últimas 20 reuniões.
Formação e carreira diferem da regra no BC
Galípolo é próximo ao economista Luiz Gonzaga Belluzzo, com que manteve sociedade numa consultoria, escreveu livros e colunas em jornais e revistas. Lula já conhecia Galípolo antes de o economista ocupar a secretaria executiva da Fazenda. Foi Belluzzo, conselheiro informal de Lula, quem apresentou Galípolo ao futuro presidente.
Gabriel Muricca Galípolo, 39 anos, saiu da presidência do Banco Fator — uma instituição de nicho, especializada na área de assessoria a empresas, com destaque para operações de fusões e aquisições — para a Fazenda, mas não é um típico "economista de mercado", como é Bruno Serra, a quem substitui. Serra chegou ao BC depois de quase 10 anos no Banco Itaú, atuando como gestor de fundos de investimentos.
A formação profissional de Galípolo difere das características de formação dos diretores do BC, nos anos recentes, normalmente feita em escolas de linha mais ortodoxa e liberal. Bruno Serra, por exemplo, estudo no Insper e fez mestrado na Faculdade de Economia da USP (Universidade de São Paulo)
O novo diretor é economista formado na Faculdade de Economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica, de São Paulo), onde também fez um mestrado. A escola segue uma orientação mais heterodoxa e costuma ser colocada ao lado da Faculdade de Economia, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) na linha de frente acadêmica do pensamento desenvolvimentista.
Galípolo também seguiu rumo profissional diferente do típico diretor do BC, nos últimos tempos. Trabalhou no governo de São Paulo, nas gestões de José Serra e Geraldo Alckmin. Mantém, aliás, boa interlocução com o hoje vice-presidente. Foi durante a passagem pelo administração paulista que começou desenvolver uma especialidade em programas de PPP (Parcerias Público-Privadas).
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