T de testosterona, T de Trump, T de Fernanda Torres Totalmente indicada

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Alguém mais viu a Bud na posse do Trump? Eu vi. Mas se tem uma coisa que eu sei que todo mundo viu foi a Fernanda Torres totalmente indicada e o vídeo do Nikolas Ferreira. E aí, aproveitei para juntar o Scott Galloway falando o que será do mundo com toda essa onda de jovens homens fracassados, a solidão que rolou na NRF (a feira master do varejo que aconteceu em Nova York semana passada), a recessão de amizades na China no estudo da Dentsu, a IA que saiu do digital e está sendo usada nas lojas físicas, o corte de 10% na Meta (se não dobrarem a meta).
E termino a coluna de hoje com a Dilma Campos contando que todo mundo vai achar que o ESG acabou, mas que muitas marcas vão continuar fazendo ESG, nem que seja no escurinho do cinema, chupando um drops de anis.
Totalmente indicados
Melhor filme, melhor filme internacional e melhor atriz. Ainda estou aqui realizando esse sucesso absoluto do filme do Walter Salles.
Mas você sabe como é que se chega lá? É praticamente uma campanha eleitoral. Gastam-se milhões de reais em publicistas (pelo que entendi é uma mistura de publicitário com PR), passagens, hoteis, Q&A. Ainda tem que conseguir padrinhos que digam publicamente que apoiam o filme, que façam sessões de exibição. Tem que escolher o festival de cinema certo para estrear (Walter escolheu Veneza porque Cannes já tinha um filme brasileiro). Tem que ter uma temática que impacte (dizem que aqui o Trump deu uma mãozinha).
A própria Fernanda Torres contou hoje na Globonews que o Michael Barker, da Sony Pictures, diz que o grande desafio é fazer o filme ser visto pelos jurados. E neste sentido ganhar o Globo de Ouro foi um ponto de virada já que muita gente importante da Academia estava na plateia da premiação.
(E como alguém bem me lembrou, não vai fazer nem um pouco mal para o Oscar toda a audiência brasileira que já se mostrou poderosa nas redes sociais)
Itaú só no surfe
O Itaú está tentando surfar a onda Fernanda Torres. O banco usou a atriz para a campanha de Natal e está reaproveitando imagens produzidas naquele momento. Assim que o nome da atriz foi indicado ao Oscar, o banco fez uma publicação conjunta com ela dizendo "A vida presta e muito. Confie" (parece um áudio que Fernanda mandou no zap). A publicação chegou a 2 milhões de views em 3 horas. Não é ruim, mas depois do Nikolas a régua subiu demais.
Os views do Nikolas
Muito se fala das 325 milhões de visualizações do vídeo do deputado Nikolas Ferreira com a história do Pix (o da Fernanda Torres, em seu perfil oficial, discursando ao ganhar o Globo de Ouro teve 77 milhões de views). Mas afinal, quantas pessoas foram impactadas? Uma fonte próxima do deputado me contou que o número de usuários impactados foi de 100 milhões. O Instagram tem 170 milhões de usuários únicos.
Bud nada light
Na véspera de tomar posse, Trump fez um "discurso da vitória". Sim, teve isso. E lá pelas tantas, quando estava nomeando a galera importante presente no evento, ele falou do Kid Rock. Amigo. Amigão. "A Friend of mine for a long long time."
E Trump lembrou então o que Kid fez com a Budweiser naquele episódio da influencer trans (ainda era 2023). Kid atirou (literalmente) na Bud Light usando um boné MAGA, iniciando um boicote sem precedentes à cerveja. "A Budweiser nunca mais será a mesma", disse Trump no discurso deste domingo.
O Kid e a Bud
O boicote atingiu em cheio as vendas da Bud Light nos Estados Unidos. Alguns meses depois do episódio, Kid descancelou a Bud. O próprio Trump descancelou a Bud. Por que será? Só sei que no ano passado, o Kid saiu em turnê por pequenas cidades americanas com o festival Rock The Country (totalmente MAGA). Entre os proud sponsors: Bud Light e Busch Light.
A Bud segue tentando recuperar seu público MAGA americano. Nos últimos meses do ano passado lançou um comercial que tira sarro do movimento woke. Mas a empresa não conseguiu recuperar o topo da lista de cervejas mais vendidas nas lojas dos EUA e, segundo a revista Fortune, ainda perdeu a liderança na venda em torneiras.
(O que tem de CEO lembrando aos CMOs de que o dinheiro é pragmático.)
T de testosterona
Não sei se vocês conhecem o Scott Galloway (Brinquei. A galera do marketing toda conhece, a Faria Lima conhece. Scott é badaladíssimo). Eu assisti a palestra das previsões dele no mega evento da HSM no fim do ano passado e me chamou a atenção o quanto ele falou dos homens jovens entre 20 e 24 anos.
Eles não saem de casa, não se relacionam, não têm emprego (nem querem). Estão fumando vape no porão de casa, jogando videogame e simplesmente não se importam com direitos trans ou com a guerra na Ucrânia.
"A campanha de Trump viu isso e voou para a machosfera com linguagem grosseira, cripto, Rogan, UFC e Hulk Hogan."
Uma análise dos resultados das eleições americanas mostra que Trump ganhou 15% com os homens jovens, mais do que qualquer outra faixa etária que migrou votos dos democratas para os republicanos.
"A América elegeu o presidente T; o "T" significa testosterona. A eleição deveria ser um referendo sobre os direitos das mulheres. Em vez disso, foi um referendo sobre jovens homens fracassados."
A energia masculina da Meta
Onde Mark vai empregar a energia masculina toda que almeja a gente não sabe, mas sabemos que aqui no Brasil vai ter um corte de 10% na folha de pagamentos. A pior parte, todo mundo já foi avisado que vai ter o corte, mas ninguém sabe ainda quem está na listinha do Zuckerberg.
E a solidão?
A tendência das marcas agora é tentar levar todo mundo de volta para o mundo analógico (será por isso que os donos dos algoritmos estão esperneando?).
Palestrantes da famosa feira de varejo que aconteceu em Nova York na semana passada mostraram como as pessoas estão se sentindo sozinhas. Marcelo Tripoli, da Zmes, disse que um dos estudos mostrou que ¼ dos americanos estão na solidão. Já tem até aplicativo para ajudar as pessoas a fazer amizade na vida adulta. O Tripoli contou que são necessários cinco encontros pessoais e as pessoas precisam falar de suas vulnerabilidades.
Lá nos Estados Unidos tem pet shop fazendo eventos para reunir donos de cachorros de raças específicas para formar tribos e ajudá-los a fazer novas amizades.
Recessão de amizades
A Dentsu, aquela agência japonesa que está pelo mundo todo, inclusive no Brasil, acaba de lançar o relatório das tendências de 2025 e adivinha o que tem lá? Solidão. Existe até uma "recessão de amizades" detectada na China. E claro que lá também já tem aplicativo para isso.
E o que causou essa solidão toda? Fragmentação da mídia, longos períodos de isolamento e a mudança para o home office. O estudo mostra também que a Geração Z é muito desconectada dos esportes (que são fonte fundamental de amizades).
IA já segue a tendência
Pelo visto a IA já se antecipou a essa tendência da volta ao mundo analógico. É sério. A Monique Lima, fundadora da Mimo Live Sales, também esteve na NRF e contou que, se no ano passado só ficaram no blá, blá, blá da IA, nesse ano teve vida real da IA. A H&M, por exemplo, usa IA nas suas lojas físicas para analisar o comportamento dos clientes por meio do tom de voz. Assim, eles ficam sabendo se o cliente saiu satisfeito ou irritado.
E o ESG, hein, Dilma?
Essa onda de energia masculina destruidora do ESG, e que se espalhou pelos Estados Unidos com a posse de Donald Trump, deixou a galera pessimista.
Mas Dilma Campos, que é expert no assunto e ajuda um monte de marcas a se comunicar do ponto de vista ESG na agência Nossa Praia, lembrou uma coisinha básica da vida: a Europa segue exigindo que as empresas se preocupem com diversidade, meio ambiente e o social. Alguém está podendo simplesmente menosprezar o mercado europeu? Então sim, as empresas vão continuar fazendo ESG, nem que seja no modo silencioso, segundo Dilma.
Outra perguntinha básica da Dilma: "o CEO já botou no lápis quanto vai custar a queda da produtividade das pessoas por conta das questões climáticas?"
O dinheiro é pragmático.
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