Quanto Joesley Batista pagaria de imposto com tributação dos super-ricos?
Com base na declaração de renda incluída nos autos da Lava Jato em 2016, o empresário Joesley Batista pagaria R$ 10,5 milhões de imposto de renda só naquele ano se a proposta de tributação de dividendos apresentada pelo governo semana passada estivesse em vigor. Corrigindo o valor pela inflação (IGP-M), isso daria hoje R$ 19 milhões. Quem fez as contas foi Bruno Carazza, autor de O País dos Privilégios, em sua coluna no jornal Valor Econômico.
Como mostrou o economista, o mais velho dos irmãos Batista, donos do grupo J&F, holding que controla o frigorífico JBS, pagou apenas R$ 342.655,47 de imposto naquele ano - ou 0,3% da renda. Deste valor, R$ 332.289,77 foram retidos na fonte e aquele que é um dos homens mais ricos do país só precisou emitir um DARF de R$ 7.365,70.
A declaração de IR de Joesley veio a público em maio de 2017 e consta do acordo de delação premiada firmado pelo empresário com a Procuradoria Geral da República. Ela foi usada para embasar as penas impostas na delação. Em maio do ano passado, a multa imposta a J&F, de R$ 10 bilhões, foi suspensa pelo ministro do Supremo Dias Toffoli.
Joesley obteve uma renda de R$ 2,2 milhões durante todo o ano de 2016 por seu trabalho como gestor. Em tese, pagaria R$ 893,7 mil de imposto de renda (27,5%), mas conseguiu uma dedução de R$ 740 mil de impostos com despesas de pensão alimentar.
Mas a maior parte da renda não veio da remuneração como executivo das empresas do grupo: ele colocou no bolso naquele ano R$ 102,9 milhões em dividendos, hoje isentos, pelos resultados distribuídos por suas empresas: JBS, Seara, Alpargatas, Eldorado Celulose e outras. Pela proposta do governo, aqueles que ganham acima de R$ 1,2 milhão ao ano estariam sujeito a uma tributação total da renda de 10%, incluindo dividendos.
Reportagem
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