Gol em reestruturação: o que é o leasing e quanto custa 'alugar' aviões?
Uma das principais dívidas da Gol, que anunciou no dia 25 uma reestruturação financeira nos EUA, é com o leasing de aeronaves. Também chamado de arrendamento mercantil, essa modalidade é uma espécie de "aluguel", muito usada na aviação.
Mediante um pagamento mensal a um lessor, as empresas podem arrendar o avião que melhor se encaixa em seu modelo de negócios. Após o fim do contrato, a companhia aérea pode devolver a aeronave e e trocar por outra quando achar melhor, mas sem ser dona daquele bem.
Quanto custa?
O leasing de uma aeronave de grande porte costuma ultrapassar os US$ 300 mil (R$ 1,48 milhão) mensais. A Gol tem uma frota de 141 aeronaves, composta pelos seguintes modelos:
- Boeing 737-700
- Boeing 737-800
- Boeing 737-800 BCF (cargueiro)
- Boeing 737 Max 8
Preço subiu no pós-pandemia devido a atrasos nas entregas e falta de peças. No segundo semestre de 2023, um Boeing 737 Max 8, modelo mais recente operado pela Gol, tinha um leasing em torno de US$ 360 mil a US$ 370 mil (R$ 1,77 milhão a R$ 1,82 milhão) mensais.
A empresa não divulga os valores oficiais dos contratos.
Não é melhor comprar?
O valor de compra do avião gira em torno de US$ 125 milhões (R$ 615 milhões). Segundo Larissa Paganelli, advogada especialista em direito aeronáutico do Kincaid Mendes Vianna Advogados, há vantagens e desvantagens nessa modalidade de contrato. "Cada caso deve ser analisado dentro da realidade operacional e financeira de cada empresa aérea", diz.
Entre as vantagens, destacam-se:
- Menor custo imediato para a empresa com o leasing, que pagará valores menores em comparação com a compra.
- Possibilidade de trocar os aviões antigos por modelos mais novos em menor tempo. Isso acaba reduzindo custos com combustível e manutenção da frota, considerando que as aeronaves mais modernas tendem a ser mais econômicas.
- Os impostos do leasing são menores do que os que incidem sobre a compra.
Já entre as desvantagens, estão:
- Necessidade de manter as obrigações contratuais e pagamentos mesmo que a companhia aérea esteja sem operar ou realizando menos voos por causa de alguma crise, por exemplo.
- Além disso, ao final do contrato, na maioria dos casos, o avião é devolvido, e a companhia aérea fica sem a aeronave pela qual pagou por anos.
Gol passa por reestruturação
A Gol anunciou nesta quinta-feira (25) que aderiu voluntariamente ao Chapter 11 nos Estados Unidos. O processo é similar à recuperação judicial no Brasil, mas com mais possibilidades, inclusive de acesso a financiamentos e renegociação da dívida.
Nossos voos vão operar conforme o programado, bilhetes podem ser comprados em todas as plataformas, todas as reservas permanecem válidas.
Celso Ferrer, CEO da Gol, em coletiva à imprensa no dia 25
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberNos últimos anos, três grandes empresas aéreas da América Latina passaram pelo processo do Chapter 11. São elas:
- Aeromexico (México) - 2020 a 2022
- Avianca (Colombia) - 2020 a 2021
- Latam (Chile) - 2020 a 2022
Todas completaram as suas respectivas reestruturações e operam normalmente. Hoje, Gol e Avianca formam o grupo Abra, mas mantêm as operações das empresas independentes.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.