Todos a Bordo

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Reportagem

Morte de cão em voo: transporte de animais em aéreas acumula reclamações

Um cachorro da raça golden retriever morreu durante falha no transporte da Gollog, empresa de logística da aérea da Gol. O animal deveria ter sido levado do aeroporto de Guarulhos (SP) para a cidade de Sinop (MT).

O animal, entretanto, foi para Fortaleza (CE). Com a falha constatada, o cão foi enviado de volta para Guarulhos, mas chegou morto ao local. Veja a nota da Gol ao final da reportagem.

Pet não é bagagem: transporte acumula problemas

Diversas reclamações sobre falhas no transporte de animais em voos ganharam repercussão nos últimos anos. Grande parte das reclamações gira em torno da falta de atendimento adequado e da presença de profissionais específicos para atenderem os animais em emergências.

Em 2021, o cachorro da raça american bully do engenheiro civil Giuliano Conte morreu durante um voo da Latam, o que causou a suspensão do transporte de animais pela empresa naquela época. A Latam havia informado em nota que "foi observado que ele [o cachorro] roeu o kennel [caixa de transporte] de madeira em que estava e se asfixiou", mesmo ele estando em "concordância com o processo de transporte de animais de grande porte" da empresa.

No mesmo ano, um filhote de cão da raça golden retriever chamado Zyon não resistiu após um voo entre São Paulo e o Rio de Janeiro. Em nota à época, a empresa disse se sensibilizar com o ocorrido e que faria "tudo que está ao seu alcance para oferecer a assistência necessária neste momento".

O abrigo de animais onde Zyon havia nascido se comprometeu a dar um novo cachorro à família, que se preparava havia meses para ter um cão.

Em 2019, um cachorro morreu em um voo entre São Paulo e o Espírito Santo. O animal, apelidado de Tom, viajava no porão do avião, e chegou morto ao destino, segundo o seu dono. A empresa responsável pelo transporte, a Gol, foi condenada em segunda instância no Tribunal de Justiça de São Paulo a pagar uma indenização por danos morais no valor de R$ 3.000.

Outro caso, dessa vez, teve um final menos triste, mas não menos angustiante. Uma cachorra, chamada Pandora, sumiu durante uma conexão de um voo da Gol no aeroporto de Guarulhos (SP), e ficou cerca de 45 dias desaparecida até ser encontrada apenas em janeiro de 2022.

Influencer chegou a fretar jato

Edgar, o cachorro pug do youtuber PewDiePie
Edgar, o cachorro pug do youtuber PewDiePie Imagem: Reprodução/Instagram

O youtuber sueco Felix Kjellberg, conhecido como PewDiePie, fretou um jato para levar seu cão, Edgar, quando se mudou para o Japão em 2022. Ele relatou que as companhias aéreas não aceitaram transportar o cachorro na cabine de passageiros por ter mais de 10 kg.

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O influencer também descartou a viagem no porão do avião. Segundo PewDiePie, como o animal é da raça pug, costuma ter problemas respiratórios, que poderiam se agravar no trajeto.

Como transportar o animal?

Caixa de transporte de animais, também chamada de kennel: Seu uso é obrigatório em voos
Caixa de transporte de animais, também chamada de kennel: Seu uso é obrigatório em voos Imagem: Freepik

Em entrevista ao UOL em 2022, Bruna Stafoche, médica veterinária e então-professora da universidade Anhembi Morumbi, fez algumas recomendações para tornar a viagem com os pets mais tranquila. Veja:

  • Caixa de transporte: seja rígida ou flexível, é importante que a caixa de transporte faça parte do dia a dia do animal, tornando ela um item de sua rotina, em um local onde ele costume ficar. Essa caixa, muitas vezes, só é apresentada ao pet durante experiências negativas, como ida ao veterinário ou viagens. A ideia é ele ter acesso sempre a ela, tornando-a um item agradável. Isso pode ser feito colocando petiscos ali dentro, um cobertor, transformando-a em uma cama, entre outras práticas.
  • Feromônios: a utilização de feromônios, principalmente para gatos, ajuda a tranquilizar os animais. Eles tendem a se sentir seguros nos locais onde esse odor (praticamente imperceptível aos humanos) é detectado. O feromônio pode ser usado desde antes da viagem, criando um clima mais favorável para o transporte.
  • Fornecimento de água durante o voo: manter a hidratação durante a viagem é fundamental. Se possível, utilizar bebedouros de esfera, que não vazam e são mais práticos para serem utilizados nessas situações. Caso não seja do cotidiano do animal, também é importante acostumá-lo com esse tipo de utensílio antes da viagem.
  • Comida: sempre deixar comida à disposição caso o animal viaje no porão ou na cabine. A falta de alimentos pode deixá-lo estressado.
  • Saúde: o animal deve estar saudável, com isso comprovado por meio de atestados.
  • Objeto de estimação: colocar um objeto que o animal goste dentro da caixa de transporte, como um pano ou um brinquedo.
  • Tapete higiênico: dentro das caixas é importante ter um tapete higiênico adequado ao porte e necessidades do animal. Vale levar reservas para alguma emergência.
  • Medicamento: não é recomendado o uso de nenhum tipo de medicamento, como sedativos ou calmantes, que podem ter seus efeitos potencializados com o estresse e o voo.
  • Treinamento: meses antes da viagem é indicado que o animal passe a ser treinado para que o trajeto seja feito com o mínimo de estresse para ele.

Veja a íntegra da nota da Gol:

"A GOL lamenta profundamente o ocorrido com o cão Joca e se solidariza com a dor do seu tutor. A Companhia informa que o cão Joca deveria ter seguido para Sinop (OPS), no voo 1480 do dia 22/04, a partir de Guarulhos (GRU), porém, por uma falha operacional o animal foi embarcado em um voo para Fortaleza (FOR).

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Assim que o tutor chegou em Sinop, foi notificado sobre o ocorrido e sua escolha foi voltar para Guarulhos (GRU) para reencontrar o Joca.

A equipe da GOLLOG na capital cearense desembarcou o Joca e se encarregou de cuidar dele até o embarque no voo 1527 de volta para Guarulhos (GRU). Neste período, foram enviados para o tutor registros do Joca."

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