EUA: Aviões terão 2ª porta para proteger pilotos. Medida custa R$ 183 mil
Joe Biden, presidente dos EUA, sancionou uma lei que prevê a instalação de uma porta extra nos aviões do país norte-americano para dificultar o acesso às cabines de comando. O novo dispositivo, que consiste em uma espécie de barreira, permitirá que, quando a porta da cabine estiver aberta, ninguém consiga ultrapassar essa nova barreira, aumentando a segurança de voo contra interferências ilícitas.
A medida é debatida com mais intensidade desde os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA. Apenas após quase 23 anos é que ela se tornou realidade.
A FAA (Federal Aviation Administration — Administração Federal de Aviação, órgão regulador do setor nos EUA) apresentou em 2023 a regularização da proposta, que apenas agora foi sancionada. A medida era uma demanda da ALPA (Air Line PIlots Association, ou, Associação de Pilotos de Linha Aérea, em português).
Como funcionará?
A medida se aplica a aviões usados no transporte comercial de passageiros. Ela se estende a aviões novos, que deverão vir com a segunda barreira de fábrica, e para aviões em uso.
Com a nova porta, o acesso à cabine de comando será feito como nos sistemas de controle de acesso de alguns prédios, popularmente chamados de gaiolas. Enquanto uma porta está aberta, a outra tem de se manter fechada.
Com isso, seria possível evitar que pessoas estranhas à operação entrassem na cabine de maneira sorrateira ou à força bruta.
Embora não se tenha certeza como ocorreu nos atentados de 11 de setembro de 2001, acredita-se que os terroristas poderiam ter, entre outras hipóteses, se aproveitado de uma dessas brechas para render os pilotos. As portas devem ficar fechadas e trancadas a todo momento.
A medida, por enquanto, se aplicará apenas às aeronaves que operam voos comerciais sob o regimento da FAA. Por enquanto, ainda não há previsão da aplicação dessa medida em outros países.
Custo é elevado
Um estudo realizado pelo Congresso dos EUA em 2017 apontou que a instalação de uma nova barreira poderia custar entre US$ 5.000 (R$ 26,3 mil) e US$ 12 mil (R$ 63 mil), ao custo de US$ 15 milhões (R$ 78,8 milhões) anuais para as empresas.
A FAA, entretanto, estima que esse valor será bem mais elevado, chegando a US$ 35 mil (R$ 183,8 mil) por barreira, incluindo os custos para compra, instalação e treinamento.
Com quase seis mil aviões comerciais nos EUA, a FAA estima que o custo total de adaptação da frota chegue a US$ 207 milhões (R$ 1,1 bilhão) nos anos seguintes à medida entrar em vigor.
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De acordo com o piloto Marcelo Ceriotti, vice-presidente regional da Ifalpa (Federação Internacional de Associações de Pilotos de Linha Aérea), essa segunda porta materializa um procedimento que foi adotado após os atentados de 11 de Setembro nos EUA, inclusive no Brasil.
"Hoje, para um piloto sair da cabine de comando, o comissário tem de bloquear o acesso com o carrinho onde são servidas as refeições e permanecer ali. Essa medida garante que o piloto vá ao banheiro sem o risco de alguém tentar entrar na cabine nesse momento", diz Ceriotti.
Essa medida usada hoje em dia, entretanto, atrapalha o serviço de bordo, já que o carrinho de serviço e um comissário terão de se dedicar a essa função momentaneamente, afirma o piloto, que diz acreditar que a segunda porta deve chegar ao Brasil.
"É provável que a medida acabe se espalhando, já que o FAA é uma autoridade muito importante, que acaba determinando regras que acabam sendo adotadas por outros países mundo afora. Os fabricantes também terão de se adaptar, com um projeto para essa segunda porta, que será mantido na frota em aeronaves que, com o tempo, acabarão vindo para o Brasil", conclui Ceriotti.
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