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Entre aviões e lápides: Aeroporto tem cemitério escondido ao lado da pista

Um aeroporto nos EUA tem uma história curiosa sobre como lida com os mortos. Não se trata daqueles que são vítimas de acidentes aéreos ou que falecem durante um voo.

O Aeroporto Internacional O'Hare, em Chicago (EUA), mantém dentro de seu sítio aeroportuário um cemitério ativo chamado Resthaven, bem no meio de duas pistas de pouso e decolagem.

"Descansem em paz"

Na verdade, o cemitério estava ali bem antes de o aeroporto ser construído, tendo sua inauguração datada ainda do século 19. O'Hare, por sua vez, tem 80 anos, iniciando suas operações em 1944.

Com o passar do tempo, o aeroporto foi se expandindo e acabou incorporando a área do cemitério, crescendo ao seu redor. Hoje, Resthaven fica entre uma rua e o departamento de cargas da FedEx, além de ser cercado por pistas de aviões ao norte e ao sul.

Ali estão 110 sepulturas, localizadas um pouco abaixo da área principal de circulação dos aviões, ao lado da pista 10C. É possível acessar o cemitério por fora das instalações do aeroporto, mas é necessário pegar uma rua que passa por baixo da pista de táxi das aeronaves.

Cemitério de Resthaven no aeroporto internacional de Chicago O'Hare, nos EUA (destacado em vermelho), ao lado da central de distribuição da FedEx no aeroporto
Cemitério de Resthaven no aeroporto internacional de Chicago O'Hare, nos EUA (destacado em vermelho), ao lado da central de distribuição da FedEx no aeroporto Imagem: Montagem sobre imagem do Google Earth

Não foi o primeiro

A área onde está localizado O'Hare já abrigou outros cemitérios antigamente. Um deles era o St. Johannes, que ficava próximo ao Resthaven. No entanto, ele foi removido para dar lugar a uma nova pista durante obras de ampliação do aeroporto nos anos 2000.

O projeto de expansão não tinha alternativa se não instalar a pista justamente no espaço onde ficava o cemitério. Com isso, os restos mortais das quase 15 mil sepulturas foram transferidos.

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Esse tipo de operação é custoso e demorado. Não basta escavar e remover os corpos como se fossem lixo enterrado. É preciso desenterrar cada corpo com cuidado e dialogar com os familiares. Alguns parentes criticaram a remoção dos restos mortais, alegando que eles deveriam permanecer ali até o dia da ressurreição, um momento considerado importante pelos cristãos, mais especificamente pelos luteranos responsáveis pelo cemitério.

Aeroporto internacional Chicago O'Hare, em Illinois (EUA): Local precisou remover cemitérios para crescer, mas um deles ainda permanece entre as pistas de pouso e decolagem
Aeroporto internacional Chicago O'Hare, em Illinois (EUA): Local precisou remover cemitérios para crescer, mas um deles ainda permanece entre as pistas de pouso e decolagem Imagem: Reprodução/Google Earth

Remoção em nome do progresso

Durante a fase de construção inicial do aeroporto, outro cemitério teve de ser realocado em Chicago: o Wilmer's Old Settlers Cemetery.

Entretanto, em algumas situações, não é possível remover as sepulturas, e pode acontecer de construírem uma pista sobre elas mesmo assim. Esse é um caso raro e ocorreu no Aeroporto Internacional de Savannah/Hilton Head, no estado da Geórgia (EUA).

Nós já falamos dele na coluna (clique aqui para ler). Quatro sepulturas permanecem no local até hoje. Duas delas estão na pista de pouso mais utilizada do aeroporto, e as outras duas, ao lado dela.

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Essas sepulturas pertencem aos antigos proprietários do terreno e foram mantidas ali a pedido dos familiares. É permitido que familiares visitem as sepulturas, mas nenhum objeto pode ser deixado no local, nem flores, pois há o risco de serem sugados pelos motores dos aviões.

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