Voo mais longo da história durou 64 dias, e os banhos eram do lado de fora
O voo mais longo da história durou 64 dias e foi realizado entre 1958 e 1959, nos Estados Unidos.
Como foi a viagem de avião recorde
O voo durou 64 dias, 22 horas, 19 minutos e 5 segundos. Ele transcorreu entre os dias 4 de dezembro de 1958 e 7 de fevereiro de 1959.
O avião era um Cessna 172 pilotado por Robert "Bob" Timm e John Cooke. Ele decolou e pousou no então chamado aeroporto McCarran, em Las Vegas, Nevada (EUA).
Ele voou a distância equivalente a seis voltas em torno da Terra. Para isso, foi abastecido em pleno voo.
Avião adaptado para tentar ganhar espaço
A aeronave passou por alterações para a empreitada. Era preciso pilotar, dormir, abastecer, alimentar-se e até fazer as "necessidades" sem pousar o avião.
Os assentos foram removidos para ter espaço de descanso. Do lado do piloto, uma espécie de cama foi instalada para os recordistas dormirem.
A porta também foi alterada para ampliar a área externa. Em vez de abrir para fora, uma porta sanfonada foi colocada na lateral para ganhar espaço.
Voo foi feito sem banheiro
Mesmo com as modificações, o ambiente era bem limitado. O avião era pequeno, com capacidade para apenas quatro lugares.
Não havia banheiro a bordo. Os assentos da parte de trás foram removidos e eles faziam xixi e cocô em uma espécie de banco com o assento vazado onde encaixavam um saco plástico.
As fezes não eram jogadas pelo ar. De tempos em tempos, os sacos com os excrementos eram entregues para a equipe em solo.
Havia uma pequena pia para a limpeza básica. Assim, os pilotos se higienizavam e se barbeavam durante a aventura.
Os banhos eram do lado de fora. Para se lavarem, era preciso esticar uma plataforma na lateral da aeronave e jogar água a partir de garrafas sobre seus corpos.
Como era para pegar combustível e comida
O reabastecimento era feito durante o voo. Um caminhão fornecia o combustível para a aeronave enquanto ela voava.
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberA mangueira era puxada por cordas. Os pilotos tinham um gancho onde prendiam os tubos para abastecer o avião.
A comida também vinha pelo guincho. Pacotes de refeições eram preparados e levados para o ar pelo mesmo sistema, sendo puxados por cordas.
Os pilotos procuravam ter alguma atividade para passar o tempo. Para encarar a viagem, liam revistas e praticavam exercícios dentro do espaço limitado.
Os pneus do avião foram usados como prova de que não houve pousos no meio do caminho. Para garantir que os pilotos não pousassem de maneira clandestina, fiscais em uma caminhonete no solo pintaram listras nos pneus do avião logo após a decolagem para garantir que não tocaram o solo.
O sono era pouco. Os dois pilotos se revezavam de quatro em quatro horas no comando do avião, mas, quando estavam descansando, o barulho alto do motor dificultava o sono.
Por que bater o recorde?
A iniciativa surgiu para promover um hotel. O local se chamava Hacienda, um hotel-cassino.
Timm e Cooke tinham 32 e 33 anos, respectivamente à época. Ambos os aviadores eram veteranos da Força Aérea dos EUA.
Bob Timm trabalhava como mecânico de caça-níqueis no empreendimento. Ele sugeriu que os donos patrocinassem a iniciativa do voo como uma forma de propaganda.
Foi angariado um total de US$ 100 mil. Com esse dinheiro, Timm comprou o avião e pintou o nome Hacienda em sua fuselagem.
Por ser um cassino, a opinião popular poderia não gostar da iniciativa. O dono do hotel, então, anunciou uma campanha para arrecadar fundos para um centro de combate ao câncer.
Palpites davam prêmio de até US$ 10 mil. As pessoas escreviam quanto tempo achavam que ia durar o voo, pagavam pela aposta e, quem mais se aproximasse da duração, levaria a quantia.
Apuros e o fim da jornada
Em um dos dias, o avião perdeu o rumo. Os dois pilotos dormiram ao mesmo tempo, e a aeronave voou em uma direção não planejada.
O piloto que estava no comando era Timm. Ele cochilou por mais de uma hora e acordou com o Cessna 172 fora do local onde deveria estar, mas conseguiu voltar para Las Vegas.
Recorde anterior foi quebrado por eles já no dia 23 de janeiro daquele ano. Após isso, diversos problemas se intensificaram.
Equipamentos foram se perdendo, e o motor começou a correr um sério risco de falhar. Com isso, os pilotos acabaram pousando no dia 7 de fevereiro de 1959, batendo um recorde que até hoje não foi quebrado.
O avião está em exposição nos EUA. Após o avião ser vendido, o filho de Timm o recuperou e ele pode ser visto em uma área no mesmo local do qual ele decolou, o atualmente chamado aeroporto internacional Harry Reid.
Fontes: Aopa (Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves dos EUA), Guinness World Records e Museu do Condado de Clark
Deixe seu comentário