Dólar cai pelo 2º dia e vai a R$ 4,915 após BC baixar juros; Bolsa sobe

O dólar emendou hoje sua segunda queda seguida, esta de 0,45%, e fechou o dia vendido a R$ 4,915. Na semana, a moeda americana ainda acumula leve alta de 0,09% frente ao real.

Já o Ibovespa subiu 0,57%, aos 128.481,02 pontos, chegando ao segundo pregão consecutivo de alta. Desde a última sexta (26), o principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) recuou 0,38%.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial (saiba mais clicando aqui). Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, a referência é o dólar turismo, e o valor é bem mais alto.

O que aconteceu

Mercado repercute novo corte dos juros básicos no Brasil. O Banco Central decidiu reduzir a Selic de 11,75% para 11,25% ao ano — o menor patamar desde março de 2022 (10,75%). Em comunicado divulgado ontem (31), o Copom (Comitê de Política Monetária) informou que a decisão foi unânime e antecipou que pode anunciar um novo corte de 0,5 ponto percentual na próxima reunião, em março.

Manutenção do atual ritmo de queda da Selic beneficia o real. O fato de o BC sinalizar um novo corte de 0,5 ponto mantém a atratividade do real para o investidor estrangeiro que faz "carry trade". É uma estratégia que consiste em tomar empréstimos em países de taxas baixas (como os EUA, por exemplo) e investir o dinheiro em mercados mais rentáveis, com o objetivo de lucrar com o diferencial de juros.

Nos EUA, BC manteve juros entre 5,25% e 5,5% ao ano. O comunicado do Fed (Federal Reserve) também não deu qualquer indício de que um corte nos juros é iminente, reforçando que o comitê que define a política monetária (FOMC, na sigla em inglês) ainda requer mais comprovações de que a inflação "está se movendo de forma sustentável" em direção à meta de 2%.

Mercado agora espera por dados de emprego dos EUA. Amanhã (2) sai o relatório de janeiro sobre a criação de vagas de trabalho fora do setor agrícola — números que podem impactar o direcionamento do Fed. Um "payroll" mais forte tende a jogar a favor da manutenção dos juros, enquanto surpresas para baixo poderiam resgatar as esperanças de um corte já em março.

Desde a última reunião [do Copom], tivemos a divulgação da inflação de dezembro e o acumulado de 2023, que fechou em 4,62%. Foi o primeiro ano em que a meta foi cumprida dentro dos intervalos de tolerância desde 2020, o que indica a persistência da trajetória desinflacionária e deve ditar o tom de manutenção do ritmo de queda [da Selic].
Jaqueline Kist, sócia da Matriz Capital

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