Com a Selic a 11,25% ao ano, onde vale investir agora?
A taxa básica de juros caiu 0,5 ponto porcentual na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que se encerrou na quarta-feira (31). Agora, a Selic está em 11,25% ao ano. Entenda como a mudança impacta os investimentos de renda fixa, se ainda vale aplicar, e qual é o cenário econômico daqui para a frente.
Meta de um dígito
A redução da Selic anunciada na quarta (31) foi a quinta consecutiva. Os juros de referência estão agora no menor patamar desde março de 2022, quando se encontravam em 10,75% ao ano.
A estimativa do mercado é que a taxa de juros continue recuando ao longo de 2024 e feche em 9% ao ano, segundo a última edição da pesquisa semanal Focus, do BC. Para 2025, a projeção se manteve em 8,50%. Já para 2026, continua em 8,5% há 25 semanas seguidas. E, para 2027, também ficou em 8,50%.
Taxa depende muito do controle da inflação. A meta de inflação deste ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3%. Para o próximo ano, a meta passou a ser contínua em 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Sem alto retorno na renda fixa
Juros mais baixos tendem a tornar a renda fixa menos atrativa. Por conta dos retornos menores, o apetite dos investidores muda de direção para maiores riscos e há um movimento de migração de uma classe de ativos para outra.
É hora de uma abordagem mais estratégica. Títulos pré-fixados, como os do Tesouro Direto, oferecem uma taxa de retorno definida no momento da compra, independente das flutuações futuras. Isso é vantajoso em um cenário de juros decrescentes, onde a rentabilidade dos títulos pós-fixados pode ser menor, explica André Charone, contador e mestre em negócios internacionais.
Títulos atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA, são outra opção interessante. Oferecem uma proteção contra a inflação e retorno real também acordado no momento da compra.
Debêntures encaixam para investidores dispostos a assumir um pouco mais de risco. Emitidas por empresas com boa classificação de crédito, esse ativo é uma alternativa. Vale avaliar o risco de crédito e a solidez da empresa emissora.
Estamos em um momento que permite a construção de uma carteira com títulos prefixados, que devem se beneficiar com a queda de juros. Essa janela já foi melhor e maior, mas em algum grau ainda existe.
Bruno Corano, economista e investidor
Renda variável fica mais atrativa
Interesse aumenta com a queda de juros e pode remunerar mais. A renda variável ficou mais interessante nos últimos meses em que a inflação deu sinais de que estava controlada e assim, os ativos começaram a se valorizar.
Ações de empresas bem administradas e com potencial de crescimento são atrativas. Por exemplo, Sabesp, Copel, Localiza, Vale, Equatorial, Itaú Unibanco, Mercado Livre e Prio têm sido destacadas por analistas como boas opções, afirma Charone.
Fundos imobiliários também podem ser uma escolha vantajosa. O ativo aproveita o ambiente de juros mais baixos para gerar retornos através do mercado. O aumento da procura por financiamentos imobiliários e a valorização de propriedades e aluguéis impulsionam o desempenho desses fundos.
Esta classe de ativos vem com maior risco. Diversificar entre diferentes ações e setores ajuda a mitigar a perda, assim como manter uma parte do portfólio em renda fixa para balanceamento.
André Charone, contador e mestre em negócios internacionais
Atenção antes de investir
Perfil do investidor deve ser levado em consideração. Antes de decidir onde colocar o seu dinheiro, é importante entender o quanto de risco tolera e qual é o seu objetivo a longo prazo.
Taxas de cada ativo precisam entrar na conta. Esteja ciente dos custos associados aos investimentos, como taxas de administração e de transação, é o que muda para concluir qual será o retorno líquido.
Alinhe as expectativas de ganho, necessidades de liquidez e disposição a volatilidade. São fatores que ajudam na distribuição e elaboração da carteira de investimentos. Estudar o tema e se manter atualizado é a dica de ouro.
Cuidado com os golpes no mercado financeiro. A Selic é a grande referência quando falamos em investimento em reais. Promessas de retornos maiores possuem muitas chances de fraude. Já ofertas que, por meio da característica do produto e fundamentos estratégicos, se proponha a bater a taxa, é legítimo e possível, aconselha Corano.
Cenário para 2024
Aos poucos, a atividade econômica aumenta e o crédito volta a ter força. Especialmente no que se refere a bens como veículos, imóveis, máquinas de lavar roupa e televisores. Isso cria um efeito cascata sistêmico, que acaba por auxiliar inúmeros setores como um todo no Brasil.
Cortes de juros são repassados aos clientes com a redução das taxas bancárias. Segundo o Banco Central, em outubro de 2023, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas atingiu o menor patamar desde setembro de 2022.
Contas públicas melhoram com a diminuição de despesas com juros da dívida pública. Em 2022, isso somou R$ 586 bilhões. Considerando a porcentagem do PIB, representa 5,96% e foi o maior patamar desde 2017. A redução dos juros possibilita gerar uma economia em 2024.
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