Petrobras perde R$ 46 bilhões em valor de mercado em segunda queda seguida
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) terminaram esta quinta-feira (16) em queda novamente, pelo segundo dia consecutivo depois da demissão de Jean Paul Prates e a indicação de Magda Chambriard para presidência da estatal.
Com isso, em dois pregões, a petroleira acumula perdas de R$ 46,5 bilhões. Seu valor de marcado caiu de R$ 542,9 bilhões, na quarta-feira (14) para os atuais R$ 496,3 bilhões, segundo levantamento da Elos Ayta Consultoria. Nesta quinta, as ações fecharam em baixa de 1,82% para PETR3 e de 2,84% para PETR4, com as duas valendo R$ 39,29 e R$ 37,31 respectivamente.
Por que isso acontece?
Sempre que há alterações significantes numa empresa, as ações reagem. "Essa troca de comando gerou instabilidade. Havia um presidente que tinha uma certa dinâmica, um determinado pensamento. Agora entrou outro, que a gente ainda precisa entender qual é a dinâmica, qual é o pensamento, Então, na dúvida, as pessoas realizam ganho: vendem as ações", diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.
E elas vão continuar caindo?
O mercado espera uma recuperação. "A empresa tem potencial para se recuperar no longo prazo", diz Andre Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital. "Se a empresa se mantiver rentável com o novo comando, esse ruído vai sendo absorvido pelo mercado, mas de início pega muito mal, visto que a Petrobras tem um histórico de ingerência por conta de indicações políticas em sua história", diz ele.
A geração de caixa e o pagamento de dividendos ajudam nessa possível retomada. No início da semana, a companhia divulgou que gerou R$ 32 bilhões em caixa, no primeiro trimestre do ano, acima do que os analistas esperavam. Também anunciou distribuição de proventos na ordem de R$ 1,04 por ação, um dividend yield de 10% com base na cotação de fechamento de segunda-feira (13/05). Isso faz dela uma das empresas com o maior dividend yield da Bolsa, segundo Fernandes.
O dividend yield (DY) é um indicador que mede o rendimento de uma ação apenas com o pagamento de dividendos. Ele é calculado a partir do valor de dividendos pagos pela empresa dividido pelo preço da ação.
Então a decisão é quase matemática. O dinheiro investido hoje em Petrobras, com esse pagamento de dividendos, rende mais que outros investimentos e não paga imposto de renda.
O Goldman Sachs também vai nessa linha. "Todas essas mudanças não devem ofuscar os fundamentos sólidos e a forte geração de caixa que prevemos, dada a melhor governança em vigor. Leis e estatutos protegem a empresa", publicou o banco americano.
Como fica daqui para frente?
Por mais alinhada com o governo, a nova presidente não pode fazer o que quer. "A melhoria da governação tornaria difícil para uma nova gestão alterar significativamente a alocação de capital e a política de preço dos combustíveis, pelo menos num futuro próximo", publicou o GS.
Mas o banco alerta que é preciso ficar de olho. "Acreditamos que será importante que os investidores monitorem se algum aspecto da governança atual pode ser alterado após o anúncio recente."
Do lado dos investidores, os dividendos estão garantidos. "Mas, em nosso entendimento, a mudança no comando da companhia não deixa claro quais princípios que hoje subsidiam o Plano Estratégico 2024-28 serão mantidos e quais serão modificados, elevando as incertezas para os minoritários em um momento onde o desconto relativo da companhia (preço/fluxo de caixa anual) já não se encontra tão vantajoso como esteve nos últimos dois anos", publicou o Banco do Brasil, sobre a empresa.
O que fazer com as ações?
O Banco do Brasil recomenda não comprar, nem vender. O BB alterou a recomendação de "compra" para "neutra", mantendo o preço alvo em R$ 47,00 para o final de 2024. "A mudança na recomendação pode ser revertida futuramente, caso tenhamos o entendimento de que as premissas que garantem bom retorno aos minoritários serão mantidas", publicou o BB.
A decisão de investir ou não na Petrobras depende da tolerância ao risco de cada investidor. "O investidor precisa avaliar se ele aceita essa possibilidade, se ele aceita este risco adicional de intervenção política. Essa é a principal pergunta. Se ele aceitar, não tem problema nenhum em ter ações da Petrobras. Se ele não aceitar, eu sugiro procurar outras companhias de mesmo segmento que não tenham intervenção política", diz Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.
O Goldman Sachs continua apostando na compra. "Ainda vemos a Petrobras oferecendo uma geração de caixa forte
nos próximos anos mesmo depois de contabilizar os preços mais baixos do petróleo tipo Brent. Daqui para frente esperamos que os retornos sejam impulsionados principalmente por pagamentos de dividendos aos acionistas."
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