Caso Samcil: o que os clientes devem fazer quando o plano de saúde quebra?
Anne Dias
Em janeiro deste ano, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decretou que a operadora de plano de saúde Samcil estava apresentando graves problemas econômicos – as dívidas ultrapassam R$ 70 milhões.
A agência determinou, então, que a empresa vendesse sua carteira de clientes e ela o fez, repassando-a para a Green Line.
Até aí, tudo bem, não fossem dois detalhes: clientes e funcionários insatisfeitos.
O CAMINHO PARA O CONSUMIDOR PREJUDICADO POR PLANOS DE SAÚDE
O primeiro passo é mandar uma reclamação por escrito (pode ser por e-mail) para a empresa. O cliente deve mostrar como a operadora está violando o acordo | |
Em seguida, a queixa deve ser encaminhada para os órgãos de defesa do consumidor, como o Procon-SP (para quem está em SP). Fale também com a ANS | |
O consumidor que se sentir lesado também pode levar o caso para a Justiça. Quem precisa fazer uma cirurgia pode conseguir com uma liminar | |
A portabilidade dos planos de saúde permite que o usuário possa trocar de operadora sem ter de cumprir as carências (ele não fica nenhum tempo sem atendimento) |
"A venda nos causou apreensão, porque a Green Line dobrou a quantidade de clientes, mas tem a mesma estrutura", afirma Juliana Ferreira, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
O que o consumidor deve fazer se ele se sentir lesado? Nada? Muda de plano usando o direito da portabilidade?
O primeiro passo é mandar a reclamação por escrito (pode ser via e-mail) para a empresa.
Ali o cliente deve mostrar como a operadora está violando o acordo firmado entre ambos.
Em seguida, a queixa deve ser encaminhada para os órgãos de defesa do consumidor. Se você está em São Paulo, por exemplo, pode encaminhar sua queixa para o Procon/SP. Ao mesmo tempo, fale também com a ANS.
"Os consumidores devem saber que não há mudança no contrato. O problema é que, neste caso, a Green Line não cobre a rede credenciada da Samcil", afirma Ferreira.
Portabilidade permite mudar de plano sem perder carências
E vale a pena mudar de operadora usando a portabilidade (que elimina a carência do plano)?
"Mais ou menos. Não existe no mercado nada que se equipare ao que a Samcil oferecia. Então, ou o cliente vai pegar um plano pior ou vai ter de pagar a mais para ter serviço semelhante", afirma Rosana Chiavassa, especialista em planos de saúde. "A pior situação é a dos idosos, que normalmente usam mais o plano e, portanto, podem encontrar mais dificuldades."
O consumidor que se sentir lesado também pode levar o caso para a Justiça. "Quem precisa fazer uma cirurgia e não está conseguindo deve entrar com uma liminar na Justiça", afirma Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste).
Para Rosana Chiavassa, o problema é que a ANS demorou para tomar uma atitude e obrigar a Samcil a vender a carteira. "A agência deveria ter obrigado a empresa a repassar seus clientes antes de quebrar."
O que todos os especialistas concordam é que o consumidor não pode deixar de ser atendido. "E infelizmente muitas vezes ele só consegue isso pressionando a empresa", diz Dolci, da Proteste.
Funcionários
Se por um lado a situação dos clientes pode ser complicada, por outro a dos funcionários também é tensa.
Decretada a falência de uma empresa, os trabalhadores têm garantidos até 150 salários mínimos (ou R$ 81.750). "O que faltar entra como crédito e só é pago depois que a empresa pagar todos os impostos devidos e as dívidas com os bancos", afirma o advogado Eli Alves, presidente da Comissão de Direito Trabalhista da OAB/SP.
O melhor, diz Alves, é o trabalhador procurar um advogado para reivindicar seus direitos. Quanto tempo deve demorar até o desfecho? "É difícil dizer, mas deve levar algo entre três e cinco anos", afirma o advogado.
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