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Com IOF, cooperativa de crédito ainda vale a pena? Especialistas respondem

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Imagem: Shutterstock

Danylo Martins

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/03/2017 15h54

Os empréstimos feitos em cooperativas de crédito passarão a pagar IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Até então, elas eram isentas.

De acordo com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, as alíquotas serão iguais às que incidem nos empréstimos feitos em bancos e outras instituições financeiras: 0,38% mais 0,0082% ao dia, o equivalente a 3% ao ano.

Será que vai ficar mais caro emprestar o dinheiro via cooperativas? Vai deixar de ser vantajoso em relação aos bancos? O UOL ouviu especialistas para entender os efeitos dessa medida na prática.

Pode ficar mais caro

Como o IOF incide sobre o crédito tomado, as cooperativas tendem a aumentar o chamado Custo Efetivo Total (CET) do empréstimo –percentual que inclui taxa de juros, impostos, encargos financeiros e outros–, avalia Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

"Em contrapartida, estamos em um ambiente de queda da taxa básica de juros (Selic). Então, o cliente pode acabar nem sentido o aumento do imposto. Mas isso só ocorrerá se houver repasse [para o consumidor] da redução dos juros nos empréstimos", afirma.

Cooperativas perdem atratividade?

Segundo especialistas, as cooperativas vão continuar sendo uma opção interessante para quem procura empréstimo mais barato. "Por não terem fins lucrativos, as cooperativas ainda têm uma margem para oferecerem taxas de juros melhores que instituições financeiras", afirma o economista Richard Rytenband.

Os juros cobrados pelas cooperativas podem chegar à metade daquele praticado nos bancos.

Segundo Rytenband, as cooperativas ainda serão atrativas por oferecerem não apenas empréstimos, mas também outros produtos financeiros, como cartão de crédito e investimentos. "A anuidade de cartão e as tarifas são mais baratas", diz o planejador financeiro Hugo Alex Azevedo Ferraz.

Em geral, o crédito nessas instituições só não é uma boa opção para quem tem urgência em pegar o dinheiro. "O valor do empréstimo depende do capital que a pessoa tem na cooperativa", diz Oliveira, da Anefac. "Mas em algumas, é possível tomar o empréstimo na hora", segundo Ferraz.

Como funciona?

Para ter acesso ao crédito em cooperativas, é preciso ser associado. As cooperativas que possuem convênio com empresas são bastante comuns. Procure o RH para saber como se tornar um cooperado.

No caso de profissionais liberais, há cooperativas ligadas a órgãos de classe e sindicatos. Também existem aquelas que permitem a adesão de qualquer pessoa, conhecidas como “cooperativas de livre admissão”. É possível consultar informações sobre todas as cooperativas na página do Banco Central.

O processo de adesão a uma cooperativa é igual a abrir conta em banco: você deve apresentar documentos de identidade, como RG e CPF, comprovante de residência e comprovante de renda.

“Para se tornar sócio da cooperativa, é necessário comprar cotas de capital”, diz Edson Schneider, superintendente de estratégia de crédito do Banco Cooperativo Sicredi. O custo médio é de R$ 50, mas o valor varia conforme a cooperativa, afirma Francisco Silvio Reposse Júnior, diretor operacional do Sicoob Confederação.