Dólar pode passar de R$ 4, diz economista; o que fazer se precisa da moeda?
Após denúncias envolvendo o presidente Michel Temer, o dólar disparou na manhã desta quinta-feira (18), chegando a subir mais de 8% pela manhã. As operações, que em dias normais começam às 9h, tiveram início mais tarde. Em corretoras, o dólar para turistas chegou a ser vendido por R$ 3,93.
O UOL ouviu três especialistas para saber o que acontece com o dólar agora. São eles: Alexandre Cabral, professor de Finanças do LabFin da FIA (Fundação Instituto de Administração); Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital; e Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Corretora.
Todos acreditam na alta da moeda. Os especialistas afirmam que o dólar deve subir muito porque não há mais condições de governar, e as reformas não devem mais ser aprovadas.
Para Bergallo, o mercado já dava como certa a aprovação da reforma da Previdência e valorizou a cotação do real por isso. "Agora está devolvendo tudo", diz.
Silveira diz que "Temer já é carta fora do baralho". "Enquanto a gente não descobrir quem é o presidente, não há mais governabilidade e, nesse cenário, é difícil prever até onde o dólar sobe e com que velocidade", afirma.
Além do conturbado cenário interno, Cabral lembra que o mercado já estava preocupado com a possibilidade de impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "E, para piorar, há a possibilidade de um confronto entre Estados Unidos e Coreia do Norte", diz.
Diante desse cenário, quais as orientações para quem precisa da moeda? Veja as dicas dos especialistas.
1) Devo comprar dólar?
Só deve comprar dólar quem terá alguma despesa em dólar, como viagem de lazer ou estudos, ou dívidas na moeda norte-americana.
Pedro Paulo Silveira afirma que quem vai precisar da moeda deveria comprar agora, pois se a tendência é chegar a R$ 4, os R$ 3,40 atuais (cotação da moeda por volta das 12h) estariam baratos.
Fernando Bergallo aconselha comprar um terço do que precisa agora, e dividir os outros dois terços mais para frente, para fazer um preço médio. "Não dá para saber quanto o dólar pode atingir", diz.
2) O que deve acontecer com a moeda?
Pedro Paulo Silveira acredita que a moeda possa ultrapassar R$ 4. Para Fernando Bergallo, no pior cenário o dólar deve chegar a R$ 3,60.
Alexandre Cabral prevê muita incerteza para esse mercado, mas não acredita em uma cotação superior a R$ 3,50. "Acho que o Banco Central segura a cotação da moeda se ficar acima disso", diz.
As cotações são para o dólar comercial, que é usado pelas empresas que exportam ou importam, e nas transações do governo com o exterior. Ele serve de referência para o dólar turismo, usado pelas pessoas em viagens.
3) Vou viajar. Compro dólar agora ou espero cair?
Os especialistas acreditam numa tendência de alta, mas não é possível ter certeza do que vai acontecer com o dólar. Por isso, se você tem o dinheiro disponível para comprar a moeda agora, é melhor garantir, diz Silveira. Se a viagem está próxima, também não tem outro jeito.
Se você não tem o dinheiro para comprar tudo agora, pode ir comprando aos poucos e fazer um preço médio. O ideal, segundo Fernando Bergallo, é começar uns cinco ou seis meses antes de viajar. "Se deixar para fazer o preço médio [comprar aos poucos] faltando muito pouco tempo para a viagem, a possibilidade de pagar mais caro é alta", afirma.
"Quem vai fazer uma viagem em 12 meses poderia comprar a moeda imediatamente, no meio do prazo e pouco antes de viajar", diz.
4) Comprar em dinheiro ou no cartão pré-pago?
Comprar em dinheiro é mais barato, mas o cartão pré-pago é mais seguro. O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) cobrado no cartão pré-pago é de 6,38% e no dólar em dinheiro é de 1,10%. No entanto, o cartão é mais seguro e pode ser reposto no caso de roubo, perda ou furto, sem perda dos valores carregados. Se o dinheiro vivo for roubado, não há como recuperar.
Bergallo afirma que essa decisão não é puramente econômica, pois andar com dinheiro pode tirar o prazer da viagem por medo de ser roubado. Nesse caso, é melhor levar pouco dinheiro e concentrar o gasto maior no cartão, ainda que pague um pouco a mais por isso.
5) Tenho dólar. Vale a pena vender para lucrar?
Só vale a pena vender se não for usar mais tarde, dizem os analistas. Se tiver a possibilidade de viajar, por exemplo, fique com o dinheiro, pois as casas de câmbio vendem a um preço maior do que compram. Se comprou a moeda a um preço baixo e não for usar, pode vender para tentar lucrar algo.
Para Silveira, não vale a pena vender agora pois o dólar deve subir ainda mais. Bergallo afirma que quase nunca um pequeno comprador lucra comprando e vendendo dólar, pois a diferença de preço entre o que compra e o que ganha costuma ficar na faixa de 6%.
6) Devo investir em dólar?
Dólar não é investimento, afirmam todos os especialistas. Só deve comprar dólar quem terá despesa na moeda.
Quem faz questão de ter alguma aplicação atrelada à moeda pode investir em fundos cambiais ou fundos multimercados que tenham ligação com o dólar. Pode ainda operar minicontratos de dólar. Nesse último caso, é importante lembrar que se trata de renda variável e bastante arriscada. Quem opera minicontrato pode ganhar muito e perder muito, inclusive tendo a possibilidade de ficar endividado.
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