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Pepsi, Devassa e Riachuelo já foram acusadas de racismo, como Dove; lembre

Do UOL, em São Paulo

10/10/2017 04h00Atualizada em 10/01/2019 16h27

A marca de cosméticos Dove, da empresa Unilever, pediu desculpas após divulgar em redes sociais no último final de semana uma propaganda acusada de ser racista por internautas.

Em uma sequência de fotos, aparece uma mulher negra vestindo uma blusa marrom. Depois ela a retira e surge uma mulher branca. A imagem foi entendida como uma relação entre negros e sujeira.

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"Em uma imagem publicada nesta semana, erramos ao representar as mulheres de cor, e lamentamos profundamente os danos causados", afirmou a Dove em mensagem publicada no Facebook e no Twitter.

Outras grandes marcas já se envolveram em casos parecidos, acusadas de veicular propagandas consideradas racistas. Relembre alguns.

  • Devassa

    A cerveja Devassa teve uma propaganda acusada de sexista e racista, o que levou à abertura de um processo administrativo pelo Ministério da Justiça, em 2013.

    O anúncio da Devassa Tropical Dark, veiculado entre 2010 e 2011, trazia uma ilustração de uma mulher negra, em pose sensual e com um vestido de gala com as costas abertas, junto à mensagem "É pelo corpo que se conhece a verdadeira negra."

    O anúncio foi considerado "publicidade abusiva por equiparar a mulher negra a um objeto de consumo", segundo informou o Ministério em comunicado da época.

    O processo aguarda uma decisão, mas não há data definida.

    Quando o processo foi aberto, a empresa afirmou em nota que não comenta processos jurídicos em andamento. "A empresa reitera que conduz seu negócio com respeito e ética a todos os seus públicos e consumidores", disse.

    Em sua defesa ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) , que analisou a peça em 2011 e orientou que a propaganda sofresse alterações, a empresa negou conotação racista ou apelo à sensualidade, e afirmou que o anúncio estava totalmente ligado ao produto. Leia mais

  • Duloren

    A marca de lingeries Duloren divulgou uma campanha, em 2012, em que uma mulher negra, de lingerie, aparecia segurando um quepe ao lado de um policial branco desacordado.

    No anúncio, aparecia a frase: "Pacificar foi fácil. Quero ver dominar". Ela foi divulgada pouco tempo após uma operação de pacificação pela polícia na Rocinha, no Rio de Janeiro.

    A propaganda foi denunciada ao Conar por consumidores, que apontaram "desrespeito ao trabalho da polícia e também à imagem feminina, além de expressar racismo e machismo", segundo o órgão.

    O Conar suspendeu a veiculação do anúncio. A Duloren recorreu da decisão, mas teve o recurso negado.

    Em sua defesa, a marca afirmou que a peça publicitária mostra o reconhecimento da posição de destaque que a mulher conquistou na sociedade.

    No recurso, a marca afirmou ainda que é inerente à publicidade atrair a atenção dos consumidores sem desrespeitá-los e que a mensagem da peça deveria ser entendida como: "Pode-se pacificar um morro, mas nem homem nem soldado nenhum é capaz de dominar uma mulher com lingerie Duloren".

  • Dunkin' Donuts

    A rede Dunkin Donuts pediu desculpas em 2013, depois que um comercial veiculado na Tailândia foi acusado de racismo pela ONG Human Rights Watch (HRW).

    Na propaganda, que anunciava o "charcoal donut" (algo como "rosquinha de carvão"), uma mulher com o rosto aparentando ter sido maquiado de preto e usando batom rosa segura o doce.

    "É ao mesmo tempo bizarro e racista que a Dunkin' Donuts pense que precisa colorir a pele de uma mulher de preto e acentuar seus lábios com batom rosa brilhante para vender donuts de chocolate", disse Phil Robertson, diretor da HRW na Ásia na época.

    Um executivo da empresa na Tailândia chegou a defender o anúncio, segundo o jornal inglês "The Guardian", mas um porta-voz global afirmou ao jornal que a propaganda seria retirada.

    "Dunkin' Donuts reconhece a insensibilidade desse anúncio e em nome de nossa franquia tailandesa e nossa companhia, pedimos desculpas por qualquer ofensa que ele tenha causado", afirmou Karen Raskopf, chefe de comunicação da Dunkin' Brands ao "The Guardian", na época.

  • Reprodução

    Nivea

    A marca de cosméticos Nivea foi acusada de divulgar uma campanha racista, em 2011.

    Na propaganda de produtos masculinos, um homem negro, de cabelo curto e barbeado, aparecia em foto simulando jogar para longe uma cabeça de um homem também negro, mas com barba e cabelo no estilo afro. Era acompanhada da frase "Re-civilize Yourself", algo como "recivilize-se".

    Após uma série de críticas em suas redes sociais, a empresa admitiu que a propaganda era ofensiva, divulgando uma nota em sua página no Facebook:

    "Essa propaganda era inapropriada e ofensiva. Nunca foi nossa intenção ofender alguém, e por isso pedimos desculpas. Essa propaganda nunca mais será usada. Diversidade e oportunidades iguais são valores cruciais de nossa companhia."

    Em abril deste ano, outra campanha, veiculada em redes sociais, teve de ser retirada do ar pela Nivea. Para promover seus desodorantes, a empresa escolheu o slogan: "Branco é pureza". A empresa pediu desculpas pela peça.

  • Pão de Açúcar

    Uma estátua de uma criança negra com os pés acorrentados e segurando uma cesta de pães no supermercado Pão de Açúcar também causou revolta em redes sociais em 2013.

    A estátua estava em uma loja da rede na zona oeste de São Paulo, e sua foto circulou na época. Grupos afirmaram que, além de as correntes remeterem à escravidão, a menina retratada segurava uma cesta muito grande, sendo uma apologia ao trabalho infantil.

    Depois da polêmica, o Pão de Açúcar divulgou uma nota afirmando que "a estátua em questão foi adquirida como parte de uma coleção de peças decorativas de loja, sem intenção ou apologia a qualquer tipo de discriminação". A empresa disse ainda que retirou a estátua e estava revendo a seleção de peças decorativas. Leia mais