Pão de Açúcar usa estátua de criança negra acorrentada e provoca revolta
Uma criança negra, com os pés acorrentados e segurando uma enorme cesta de pães. A estátua descrita não faz parte do acervo de um museu em memória da escravidão, mas estava sendo usada para decorar a área de panificação de uma loja do supermercado Pão de Açúcar na Lapa (zona oeste), em São Paulo.
Na segunda-feira (19), o site de notícias Mundo Negro compartilhou uma foto da estátua em sua página no Facebook, e a imagem vem causando polêmica desde então. Nesta quinta (22), a imagem já tinha quase 4.000 compartilhamentos, e a maioria dos comentários tinha avaliações negativas dirigidas à empresa.
A postagem inicial do site Mundo Negro enumera os motivos para "não gostar dessa imagem": o fato de uma criança negra ter grilhões nos pés remete à escravidão; o tamanho da cesta e o esforço necessário para carregá-la são uma apologia ao trabalho infantil; e o fato de a criança ser negra, o que denotaria racismo.
Depois da polêmica, o Pão de Açúcar divulgou uma nota informando que “a estátua em questão foi adquirida como parte de uma coleção de peças decorativas de loja, sem intenção ou apologia a qualquer tipo de discriminação”. A empresa informou ainda que já providenciou a retirada da estátua da loja e que está revendo o processo de seleção de peças decorativas.
A diretora de conteúdo do site Mundo Negro, Silvia Nascimento, disse que a justificativa da empresa foi insuficiente. “Alguns termos têm que ser entendidos de maneira correta: não é questão de discriminação, mas de apologia à escravidão. Seria discriminação se uma pessoa fosse proibida de entrar na loja, por exemplo”, afirmou Silvia.
“O Pão de Açúcar usou um símbolo de carga emocional e histórica muito forte, e de forma banalizada. Se fosse uma criança judia em um campo de concentração, a imagem seria considerada chocante. É triste, eu tenho primos que se parecem com aquela criança da estátua”, disse.
Com a repercussão, a Uneafro (União de Núcleos de Educação Popular para Negros) entrou em contato com o site oferecendo apoio. O departamento jurídico do Uneafro está estudando uma ação coletiva contra o Pão de Açúcar. “O Pão de Açúcar ofendeu toda uma comunidade que foi vítima da escravidão”, disse Silvana.
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