Opções: o investimento de risco que pode render dinheiro rápido na Bolsa
Um tipo de investimento pouco conhecido por investidores iniciantes, as Opções têm como atrativo o fato de alcançar rentabilidade enorme em curto período. E ainda há um detalhe interessante: o ganho alto em Opções pode ser obtido utilizando pouco capital. Contudo, é preciso ter muito cuidado. Investir em derivativos na Bolsa de Valores é arriscado e difícil.
Assim como existe a chance de ganhar muito dinheiro rapidamente, o investidor pode perder tudo que aplicou numa operação se a opção correr para o lado oposto.
O sucesso e o fracasso permeiam as opções porque o sobe e desce do derivativo é intenso, muito maior em comparação com a ação, por exemplo.
"Se a previsão se concretizar, é possível ganhar muito dinheiro. Mas se der errado, a perda pode ser enorme. As opções não são recomendadas para investidores iniciantes, pois a possibilidade de perder dinheiro é muito elevada. É necessário ter ótimo controle de riscos", diz Elimar Rodrigues Alexandre, professor de economia da Universidade Católica de Santos.
O UOL Economia+ esclarece abaixo questões vitais sobre opções.
Tudo sobre investimento em Opções
O que é uma opção?
A opção é chamada de derivativo porque ela deriva de um ativo (da ação, no caso). Ou seja: o desempenho de uma opção se dá em função do comportamento da ação. É um contrato futuro.
O sobe e desce de uma opção (derivativo) da Petrobras, por exemplo, é reflexo do movimento da ação (ativo) da Petrobras. É importante frisar que as opções têm prazo para vencer. Quando você compra uma opção:
- seu ganho é ilimitado;
- sua perda é limitada
Você pode comprar e vender uma opção quando quiser, até mesmo no primeiro dia da compra, desde que sejam opções norte-americanas (que são mais conhecidas) negociadas no pregão. As opções europeias só podem ser negociadas na data do vencimento da opção.
Ao comprar uma opção, você assume o direito de negociar, por um período, algo que não é seu.
Vale frisar: você não adquiriu um patrimônio. Você apenas viu uma chance de lucrar usando um objeto de terceiro.
"Opção é um papel que representa o preço da ação. Você não terá ela fisicamente", explica Cristina Helena de Mello, professora de economia da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
Ao assumir esse direito de negociar no mercado financeiro, você faz um contrato e paga uma taxa (corretagem).
Toda opção tem um preço-alvo, conhecido como "strike" e "preço de exercício".
Como começar a investir em opções?
É necessário que você abra uma conta em uma corretora de valores, já que são elas que fazem as operações na Bolsa de Valores.
Ao escolher uma corretora, pesquise o valor da corretagem. Vale lembrar que você pagará taxas (corretagens) ao entrar e ao sair da operação. Algumas corretoras oferecem planos e pacotes para reduzir os custos.
Veja também se a corretora oferece uma boa plataforma para operações financeiras (home broker). Um sistema funcional conta demais na hora de investir. Vale também pesquisar na internet os comentários sobre as corretoras.
Como lucrar com uma opção
O lucro do investidor ocorre quando ele negocia o contrato de opção na Bolsa por um valor superior ao que comprou. Os preços da opção são reflexos dos movimentos da ação. Portanto, quem opera em opções precisa monitorar o preço da ação.
Para ter sucesso em uma operação de compra de opção, a ação precisa correr na direção que você planejou.
O grande segredo de um investidor de opções é conseguir prever o preço da ação dentro de um determinado período. A partir dessa previsão, o investidor busca a opção que melhor se encaixe na operação.
Exemplo: Imagine que uma ação esteja custando hoje R$ 9, mas você tem certeza que essa ação subirá para mais de R$ 10 em breve. Confiante na subida da ação, você compra uma opção que tem preço de exercício R$ 10 e que vence em 30 dias.
Essa opção de preço de exercício R$ 10 custou R$ 1. Então vamos imaginar que você comprou 500 unidades. O total pago, portanto, foi de R$ 500.
Aí no pregão seguinte o preço da ação subiu para R$ 11 e o preço da opção subiu para R$ 2. Se você vender a opção por R$ 2, você vai lucrar 100% - lucro de R$ 500 (porque você pagou R$ 500 e vendeu por R$ 1.000).
Por outro lado, se você tivesse comprado a ação normalmente por R$ 9 e vendido a R$ 11 seu lucro seria de 22,2%.
"Uma dica importante é você analisar e conhecer bem a ação que vai operar utilizando as opções. Existem indicadores e análises técnicas que ajudam a saber a melhor hora de investir", diz o analista Marcio Loréga, da Ativa.
No mercado de opções, você tem que ser um bom negociador (achar preços bons) e conhecer muito bem o mercado.
Quais as vantagens da opção?
1- Rendimento alto em pouco tempo
Pelo fato de ser muito mais volátil que uma ação, a opção pode gerar rentabilidade gigante em curto prazo. Vamos usar um exemplo real, ocorrido no fim de 2020, para mostrar a valorização de uma opção em um intervalo de apenas 30 dias
No dia 7 de dezembro de 2020, a ação Vale3 chegou a custar R$ 82,95. Neste dia, a opção ValeA872 chegou a custar R$ 0,96. Imagine que você tenha comprado 500 unidades por R$ 0,96 da opção ValeA872 em 7 de dezembro.
Você teria pago R$ 480 (500 unidades x R$ 0,96). Não incluímos taxa e corretagem.
Pois bem, no dia 7 de janeiro de 2021, o preço da ação da Vale pulou para R$ 102,32. A valorização da ação de 7 de dezembro a 7 de janeiro foi de 23,35%.
Agora veja a opção ValeA872, que tinha preço-alvo R$ 94,24. Com a subida da ação da Vale, o preço dessa opção ValeA872 saltou para R$ 8,50 no dia 7 de janeiro.
Portanto, se você tivesse pago R$ 480 pela compra de 500 unidades da ValeA872 em 7 de dezembro, seria possível vendê-la em 7 de janeiro por R$ 4.250 (R$ 8,50 x 500 unidades). Nesta operação, você lucraria R$ 3.770,00, com valorização de 885%.
Sendo assim:
7 de dezembro de 2020
- Vale3 (ação): R$ 82,95
- ValeA872 (opção): R$ 0,96
7 de janeiro de 2021
- Vale3 (ação): R$ 102,32
- ValeA872 (opção): R$ 8,5
Valorização Vale3: 23,35% (de 7 dez 2020 a 7 de jan 2021)
Varorização ValeA872: 885% (de 7 dez 2020 a 7 de jan 2021)
Agora por que essa opção com a ValeA872 daria tão certo?
Perceba que no dia 7 de dezembro a ação da Vale custava bem menos (R$ 82,95) do que o preço-alvo da opção ValeA872 (R$ 94,24). Já no dia 7 de janeiro, a ação já custava R$ 102,32, superando, e muito, o preço-alvo da opção (R$ 94,24).
Ou seja: se deu bem o investidor que projetou que a ação ultrapassaria o preço-alvo da opção dentro do prazo estabelecido.
O cenário perfeito para quem compra opção é quando a ação evolui na direção do preço-alvo e ultrapassa esse preço-alvo. A chance de lucrar cresce à medida que o ativo ultrapasse o strike e se distancie ainda mais.
2 - Opção é muito mais barata que a ação
Os preços das opções podem ser encontrados custando centavos. Isso possibilita entrar em uma operação mesmo sem muito dinheiro na corretora.
Exemplo: você compra 1.000 unidades de uma opção de uma empresa custando R$ 0,50. Portanto, você pagou na operação R$ 500.
Vamos supor que, três semanas depois, essa opção esteja custando 1,20. A negociação por esse valor será de R$ 1.200 (1,20 x 1000 unidades). No fim, o ganho foi de quase R$ 700 (desconta-se taxas).
Custando bem menos que uma ação, a opção te permite diversificar dentro de sua carteira na renda variável. Diversificar a carteira é uma forma de você proteger seu patrimônio.
Quais são os riscos da opção?
Os principais riscos de prejuízos em opções acontecem quando:
- O derivativo segue rumo fora do planejado durante a vigência do contrato;
- Você negocia a compra ou venda por valores ruins;
- Você não exerce o direito de venda numa opção comprada;
- Você simplesmente erra na quantidade de unidades compradas. Tome cuidado com aquele 0 a mais digitado.
Fica novamente o alerta: na opção você pode ter grande prejuízo, podendo perder tudo o que colocou na operação.
1- Ativo não alcançou o preço-alvo da opção: sinal ruim
Ao entrar na operação, a expectativa é que a ação alcance ou ultrapasse o preço-alvo da opção comprada. O risco de prejuízo ocorre quando a ação não alcança o preço-alvo da opção.
Exemplo: Imagine que um ativo esteja custando R$ 50 e você acredita que a ação alcançará R$ 54 em 30 dias. Confiante de que a ação vai bater R$ 54 ou mais, você compra uma opção de preço de exercício (strike) R$ 54.
Você acaba comprando 1.000 unidades por 0,50 dessa opção (de strike R$ 54). Você, portanto, pagou R$ 500 nessa operação. Mas as semanas se passam, e a ação (ativo), em vez de subir, acabou caindo.
Quanto mais longe a ação ficar do preço de exercício (strike) da opção comprada, maior a possibilidade de prejuízo na operação. Vamos supor que no último dia do vencimento, a ação está custando R$ 49. Longe do strike da sua opção (R$ 54).
Com o fraco rendimento da ação, a opção despenca por tabela. Portanto, a opção que você havia comprado por R$ 0,50, está valendo apenas R$ 0,01 no último dia de vencimento. Vender 1.000 unidades por um centavo dará R$ 10. Você tinha colocado R$ 500 na operação.
Ou seja: seu prejuízo será de R$ 490. Quase tudo que você investiu na opção. Viu o tamanho do risco?
"A primeira coisa a fazer antes de iniciar a operação é se perguntar: por que acho que o papel vai subir ou cair? A segunda coisa a se perguntar é: qual é o preço desse risco? E por fim, qual é o retorno desse investimento? É fundamental que você entre em uma operação já com o risco precificado", diz o analista Fernando Góes, da Clear Corretora.
2- Prazo apertado pode complicar a opção
As opções têm data de vencimento, ao contrário das ações, que você pode manter na carteira por anos e anos. Dá para imaginar quando você tem só 5 dias para negociar um carro e por um preço bom? Corrido , não? É assim com a opção. O tempo pode impactar negativamente e refletir no preço final.
Por ter prazo para encerrar, a opção tem seu preço diretamente influenciado pelo tempo. Tudo precisa ser resolvido dentro do prazo pré-definido. Pense que uma opção se desvalorizou no meio do caminho.
A cada dia que se passa, a desvalorização aumentará se o papel continuar sem apresentar evolução. Isso acontece porque não haverá interessado em pagar bem por algo que está longe do preço-alvo.
O papel virará "pó" (valendo nada) se estiver longe do preço-alvo na reta final do vencimento.
Exemplo: Um mês dias atrás, suponhamos que você comprou 1.000 unidades de uma opção por R$ 1, cujo preço de exercício era R$ 50. Você, portanto, investiu R$ 1.000. Quando você comprou essa opção, a ação estava custando R$ 45.
Para ter lucro na operação, você projetou que o ativo que custava R$ 45 subiria para pelo menos R$ 50 em 30 dias. Mas o ativo não subiu.
Faltando 5 dias para o fim da opção, essa opção passou a custar apenas R$ 0,30, embora o ativo continuasse custando os mesmos R$ 45 de quando você entrou na operação.
Essa degradação do preço ocorreu porque o prazo para o fim vai chegando, ficando cada vez mais difícil uma reviravolta.
Temendo que o papel se desvalorize ainda mais, você decide vender as 1.000 unidades por R$ 0,30. Total de R$ 300. Como você pagou R$ 1.000 e vendeu por R$ 300, seu prejuízo será de R$ 700.
Portanto, quem compra uma opção, não se pode dar o luxo de "dormir em cima do lucro". Se a operação está dando certo, veja se não vale a pena realizar, em vez de esperar o último dia do vencimento.
Se a operação estiver dando errado, veja se não vale vender e ter um prejuízo menor do que se arriscar carregando o papel por mais tempo.
Dicas para operar em opção de forma mais segura
É importante saber a maneira correta de operar com derivativos. Para ter sucesso em uma operação de compra de opções, é fundamental ter um conjunto de qualificações.
- Acertar a projeção/tendência do ativo dentro do prazo da opção;
- Garimpar preços bons de compra e venda;
- Conferir se a opção tem boa liquidez;
- Saber usar indicadores que ajudam a maximizar lucros e minimizar perdas;
- Montar estratégias estruturadas ou vendas cobertas.
"Estude o papel. Analise o histórico desse papel e veja qual é a tendência que ele está apontando. Entre já sabendo o que você vai fazer. Muitos traçam metas muito altas e se frustram quando o valor não é atingido", aconselha o analista Wilson Neto, da Clear Corretora.
Existem análises técnicas que ajudam demais em uma tomada de decisão na Bolsa.
- O IFR, por exemplo, é uma ferramenta que analisa se o papel está valorizado ou desvalorizado.
- O volume financeiro sinaliza se o movimento de compra ou venda de um papel está anormal
- A média móvel indica a variação do preço que o ativo sofreu
- O suporte e resistência e o gráfico Fibonacci ajudam a sinalizar tendências do ativo
- Indicadores Stop Loss (minimiza prejuízo) e Stop Gain (garante lucro projetado).
Quer saber mais sobre esses indicadores? Veja "Bolsa de Valores: Dicas Para Ganhar Mais Dinheiro".
Opções Call e Put: fazer dinheiro na alta e baixa
Quem opera com opções já está familiarizado com os modelos call e put. Quem compra uma opção call, a valorização se dá na forma clássica: compra e espera que o mercado suba (compra na baixa para vender na alta).
A opção put tem efeito inverso. A valorização da put acontece com a queda do ativo.
A opção put faz todo sentido em um mercado de intenso sobe e desce. A put existe para tentar lucrar com as quedas da Bolsa.
Resumindo:
- Se você acredita que a ação vai subir, pode ser interessante comprar opções call.
- Se você projeta que a ação de uma determinada empresa vai cair, pode ser interessante comprar opções put dessa empresa.
Vale conferir a análise aprofundada sobre as opções call e put.
Nomenclatura das opções
Como dito antes, as opções têm prazo para acabar. A cada mês é criado um novo período de opção. Os vencimentos das opções acontecem sempre na terceira segunda-feira de cada mês.
Para facilitar a identificação de cada período, todas opções call que vencem em janeiro terminam com A. Exemplos: ValeA872, PetrA32.
Como são 12 meses no ano, as opções call do mês de dezembro são representadas pela letra L, seguindo a ordem do alfabeto.
Já as opções put com vencimento em janeiro são representados pela letra M, e assim sucessivamente. As opções put de dezembro têm a letra X.
O nome da opção também tem explicação. Vamos pegar, por exemplo, a opção ValeN852. Eis a definição:
- É uma opção da Vale;
- o N é porque vence em fevereiro (é uma opção put);
- E o 852 é o preço-alvo dessa opção (R$ 85,24)!
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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