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OPINIÃO

Saiba o que está afetando a cotação do petróleo e para onde o preço deve ir

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Imagem: iStock

Rafael Bevilacqua

27/04/2022 09h12

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Nas últimas semanas, os preços do petróleo têm tido oscilações mais contidas, rondando a marca de US$ 100 o barril, ora recuando levemente, ora voltando a dar sinais de alta.

Contudo, o cenário geopolítico global segue carregado de incertezas, e a possibilidade de disparada dos preços das commodities energéticas, como petróleo e gás natural, não sai do radar dos investidores.

O principal evento geopolítico com potencial para pressionar a alta dos preços de tais produtos no presente momento é, evidentemente, a guerra na Ucrânia. A Rússia é um dos principais exportadores de petróleo e gás em todo o planeta, e tem entre seus maiores clientes as nações europeias que condenam a invasão ao território ucraniano.

Com a persistência da guerra, que já dura 63 dias, cresce a pressão da opinião pública para que nações europeias apliquem sanções contra o setor energético russo, o que poderia resultar em uma disparada dos preços do petróleo.

Além disso, na segunda-feira (25), a Rússia anunciou o corte do fornecimento de gás natural para a Polônia e para a Bulgária, cumprindo sua promessa de interromper o fornecimento a países que se recusassem a pagar pela commodity em rublos - a moeda oficial russa.

Mais do que uma demonstração de que Vladimir Putin cumpre o que promete, a medida é uma resposta ao crescente apoio logístico e financeiro das nações ocidentais à Ucrânia, que já recebeu bilhões de dólares em armamentos e suprimentos dos Estados Unidos e de nações europeias.

Além da guerra, é importante se atentar à política de "zero covid" na China e seu impacto sobre a demanda por derivados do petróleo. Com rígidos lockdowns sendo implementados em grandes centros urbanos no país mais populoso do mundo, notou-se um alívio na demanda global por combustíveis, o que contribuiu para conter a alta do preço do petróleo.

Contudo, caso o governo de Pequim adote uma postura semelhante à das nações ocidentais e opte por flexibilizar as medidas restritivas contra o vírus, a retomada da demanda no país pode resultar em uma nova valorização do barril de petróleo.

Por outro lado, um evento que pode contribuir para reduzir o preço da commodity é o restabelecimento do acordo nuclear com o Irã, uma vez que a retirada das sanções contra o país implicaria um aumento expressivo da oferta global de petróleo. Contudo, as negociações parecem ter estagnado nos estágios finais, e as autoridades iranianas acusam o governo dos EUA de não ter interesse em retomar o acordo.

Assim, no curto prazo, é mais provável uma valorização abrupta do petróleo em virtude da imposição de sanções à Rússia ou da retomada plena da demanda na China, o que torna o presente momento propício para o investimento em empresas de óleo e gás.

No caso específico do Brasil, entretanto, é preciso ter cuidado com esse setor, tendo em vista o risco de mudanças na política de preços da Petrobras (PETR4).

Leia no 'Investigando o Mercado' (exclusivo para assinantes do UOL Investimentos): informações sobre os resultados do banco Santander Brasil no primeiro trimestre deste ano.

Um abraço,

Rafael Bevilacqua
Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante

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