Empresas da Bolsa estão superando ou decepcionando as expectativas?

Os investidores sempre buscam saber sobre como foi o desempenho financeiro das empresas listadas na Bolsa após o período de divulgação dos resultados. No 2T23 não foi diferente e, em meio a um cenário de juros altos no Brasil e no mundo e de preços de commodities menores na comparação anual, as incertezas em relação aos resultados foram ainda maiores.

Para fazer uma análise de como foi o desempenho das empresas que compõem o Ibovespa, utilizamos a base de informações do Bloomberg para comparar os resultados do 2T23 com as projeções dos analistas do sell-side.

Além disso, também comparamos os resultados do 2T23 com o mesmo período do ano anterior. Para termos uma visão mais abrangente do desempenho no trimestre, optamos por realizar a análise por setor.

Mediana da variação da receita do 2T23 versus o consenso do mercado:

Utilidade pública: +6,9%

Saúde: +1,4%

Comunicações: +1,4%

Materiais básicos: +0,7%

Financeiro: +0,6%

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Bens industriais: -0,7%

Consumo não cíclico: -0,8%

Consumo cíclico: -2,1%

Petróleo gás e biocombustíveis: -3,3%

Tecnologia da informação: -4,1%

Fonte: Bloomberg / Elaboração: Research PagBank

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Após analisar os dados obtidos da Bloomberg, percebemos que um pouco menos da metade das empresas do Ibovespa (49,4%) apresentou receita no 2T23 acima das projeções do mercado.

Partindo para uma visão setorial, o destaque positivo ficou para o setor de Utilidade Pública, com uma mediana de variação da receita em relação ao consenso acima de 6,9%. Entre as empresas que apresentaram os melhores resultados dentro do setor, tivemos a Eneva (+41,3%), Equatorial (+15,4%) e Copel (+10,4%).

Do lado negativo, ficaram os setores de Tecnologia da Informação (TI) e Petróleo & Gás, os quais entregaram uma receita abaixo do consenso de, respectivamente, 4,1% e 3,3%. No setor de TI, tivemos performances abaixo do consenso de Totvs (-6,0%) e Localweb (-2,3%). No setor de Petróleo & Gás, os piores desempenhos foram de Prio (-7,8%) e Cosan (-5,0%).

Mediana da variação do lucro líquido do 2T23 versus o consenso do mercado:

Comunicações: +15,4%

Saúde: +11,3%

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Utilidade pública: +5,0%

Tecnologia da informação: +3,1%

Materiais básicos: +0,9%

Financeiro: +0,6%

Consumo cíclico: -2,3%

Petróleo gás e biocombustíveis: -3,6%

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Bens industriais: -7,6%

Consumo não cíclico: -78,9%

Fonte: Bloomberg / Elaboração: Research PagBank

Quando olhamos para o lucro líquido na DRE, a porcentagem de empresas que superaram o consenso cai para 45,7%.

O destaque positivo em relação ao lucro líquido ficou com os setores de Comunicações e Saúde. Entre as empresas dos setores citados, o destaque fica para Tim (+23,9%), Hapvida (199,3%) e Rede D'Or (+26,3%). A pior performance em questão de lucro ficou para o setor de consumo não cíclico, com uma queda de 78,9%, puxado pelo setor alimentício, em especial os frigoríficos e supermercados. Entre os nomes que mais ficaram abaixo do consenso temos Marfrig (-1.832%), Atacadão (-514,1%) e JBS (-174,1%).

Mediana da variação da receita do 2T23 versus o 2T22:

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Saúde: +17,6%

Tecnologia da informação: +15,0%

Bens industriais: +12,9%

Consumo cíclico: +10,7%

Financeiro: +10,2%

Comunicações: +8,4%

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Utilidade pública: +4,6%

Consumo não cíclico: +1,0%

Materiais básicos: -17,0%

Petróleo gás e biocombustíveis: -19,4%

Fonte: Bloomberg / Elaboração: Research PagBank

Partindo para a comparação da receita do 2T23 contra o 2T22, 64,2% das empresas do Ibovespa conseguiram superar o seu faturamento do 2T22.

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Entre os melhores desempenhos setoriais, temos o setor de Saúde e o de TI, com um crescimento da receita de, respectivamente, 17,6% e 15,0%. O bom desempenho dos dois setores na comparação anual foi proveniente do movimento de M&A no setor de Saúde e do crescimento orgânico no setor de TI. Como destaque dentro dos dois setores, temos a Rede D'Or (+101,4%), Fleury (+49,3%) e Totvs (+19,0%).

Pelo lado negativo, a queda no preço das commodities pesou nos resultados do 2T23 do setor de Petróleo & Gás e de Materiais Básicos. Vale lembrar também que no 2T22 tivemos a guerra entre Rússia e Ucrânia pressionando o preço das commodities no mercado global.

Os setores de Petróleo & Gás e de Materiais Básicos tiveram queda no faturamento de, respectivamente, -19,4% e -17,0%. Entre as empresas que tiveram as maiores reduções de receita dentro dos setores, tivemos Petrobras (-33,4%), Vibra (-21,1%) e Braskem (-30,1%).

Mediana da variação do lucro líquido do 2T23 versus o 2T22:

Utilidade pública: +90,3%

Comunicações: +87,4%

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Bens industriais: +75,4

Financeiro: +14,3%

Saúde: +10,8%

Tecnologia da informação: -17,0%

Consumo cíclico: -20,9%

Materiais básicos: -44,2%

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Petróleo gás e biocombustíveis: -45,2%

Consumo não cíclico: -85,4%

Fonte: Bloomberg / Elaboração: Research PagBank

Ao contrário da linha de receita, o bottom line das companhias do Ibovespa já apresentou um desempenho mais negativo no 2T23. Apenas 44,4% das empresas que compõem o índice conseguiram entregar lucros maiores no segundo trimestre deste ano, o que pode ser explicado principalmente pelo aumento das despesas financeiras, fruto da maior taxa Selic no trimestre, e a redução do preço das commodities no mercado internacional.

Os setores que apresentaram um maior crescimento do lucro líquido no período foram os setores de Utilidade Pública e Comunicações. No setor de Utilidade Pública, tivemos as distribuidoras de energia se beneficiando da base de comparação do ano anterior, dado que o 2T22 foi pressionado pelas provisões acerca da Lei Federal nº 14.385/2022, a qual decidiu pela exclusão do ICMS da base de cálculo de PIS/Pasep e Cofins. No setor de comunicação, o crescimento do lucro veio por meio de melhorias operacionais. Entre as empresas que tiveram destaque nesses setores, temos Cemig (+1.706,5%), Equatorial (+303,4%) e Tim (+128,2%).

Pelo lado negativo, o setor de consumo não cíclico, puxado pelos frigoríficos e supermercados, apresentou os piores resultados, seguido pelos setores de Petróleo & Gás e de Materiais Básicos que sofreram com a queda das commodities. As maiores reduções de lucro dentro do setor vieram do GPA (-1.285,5%), BRF (-196,5%), Cosan (-2.045,3%) e Vale (-84,8%).

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Em resumo, a análise do desempenho financeiro das empresas que compõem o Ibovespa no segundo trimestre de 2023 revelou resultados mistos. Enquanto os setores regulados, como o de Utilidade Pública e Comunicações, apresentaram resultados mais consistentes, outros setores ligados a commodities apresentaram queda nas receitas e lucros. O cenário de taxa de juros elevada, o que elevou as despesas financeiras, e a queda nos preços das commodities foram os principais drivers dos resultados do segundo trimestre do ano.

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