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Shein faz empréstimo de R$ 100 milhões à Coteminas (CTNM4)

A Companhia de Tecidos Norte de Minas, a Coteminas (CTNM4), fechou um acordo com a Shein de um empréstimo de R$ 100 milhões para uma de suas subsidiárias. Divulgado com sete meses de atraso, o balanço do de 2022 da empresa têxtil revelou detalhes cruciais sobre a situação contábil, conforme apurou o jornal Valor Econômico.

Nos últimos meses, a parceria entre a plataforma chinesa Shein e a Coteminas (CTNM4) tem atraído as atenções no mercado, lançando luz sobre a crise que a empresa têxtil enfrenta.

Para lidar com a situação, a empresa têxtil está buscando vender dois de seus complexos, residencial e comercial. Ainda não encontrou compradores. O ano de 2022 fechou com um prejuízo de R$ 670 milhões, um aumento significativo em relação a 2021.

Com 85% de seus empréstimos bancários vencendo em 2023 e uma queda de 30% na receita no ano anterior, a Coteminas iniciou uma renegociação de dívidas com instituições financeiras. Além disso, suas subsidiárias solicitaram "waiver" (um perdão temporário com pagamento adiado) aos detentores de debêntures.

Os pareceres dos auditores da Coteminas e da sua subsidiária, Springs Global (SGPS3), anexados ao balanço de 2022, destacam incertezas significativas que poderiam levantar dúvidas consideráveis sobre a capacidade operacional contínua dos negócios.

Esse foi o primeiro ano em que os relatórios anuais da companhia e da Springs apresentaram esse alerta dos auditores. A Coteminas é diretamente controladora da Springs Global e indiretamente da CSA (Coteminas S.A.).

A apresentação dos balanços do primeiro e segundo trimestres de 2023 da Coteminas e da Springs está atrasada, com previsão para ser concluída até 14 de novembro. Os números de 2022 de ambas as empresas foram publicados após três adiamentos.

Durante esse processo, uma reestruturação foi implementada e a empresa buscou capital. Segundo informações das demonstrações financeiras, foi acordada uma linha de financiamento em julho de 2023 com a Shein no valor de US$ 20 milhões para capital de giro (cerca de R$ 96 milhões na cotação da época). Esse valor não havia sido divulgado ao mercado anteriormente.

O passivo total da Coteminas é de R$ 1,36 bilhão, com R$ 874 milhões vencendo em 2023, enquanto o patrimônio líquido está em R$ 724 milhões.

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Nesse cenário, os balanços da Coteminas e suas subsidiárias não foram publicados com a não conclusão de uma auditoria em uma operação da Coteminas, a Springs Global US. Inc. A empresa não forneceu detalhes sobre o motivo dessa auditoria.

Notas explicativas do empréstimo da Shein para Coteminas (CTNM4)

De acordo com as notas explicativas, o contrato de empréstimo entre a TopFashion no Brasil (uma empresa da Shein) e a Companhia Tecidos Santanense, controlada pela Coteminas, foi concluído com um único vencimento para junho de 2026 e pagamento de juros anuais. O documento não especifica a taxa de juros acordada.

Os recursos foram negociados na forma de empréstimos conversíveis em ações da Coteminas. Isso significa que a Shein tem a opção de se tornar acionista da CTNM4, enquanto que a empresa brasileira firmou um acordo para fornecer matéria-prima à e-commerce chinesa.

Duas mil confecções parceiras da Coteminas devem se tornar fornecedoras da Shein, atuando como fabricantes terceirizadas. Embora a Shein pudesse ter estabelecido essa parceria diretamente com essas confecções, como faz em outras partes do país (onde já trabalha com mais de 200 fábricas), optou por fazê-lo por meio da têxtil. O dinheiro referente a essa transação foi injetado na Santanense, uma controlada da Coteminas com situação operacional delicada, em julho.

Em abril, esse acordo foi celebrado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, devido ao potencial de geração de renda. Esse acordo foi resultado de uma reunião entre Josué Gomes, dono da Coteminas, e Marcelo Claure, principal executivo da Shein.

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