R$ 1.000 na poupança só renderam R$ 0,20 acima da inflação neste ano

A poupança rendeu 5,04% entre o primeiro dia de janeiro e o primeiro dia de setembro. Parece um bom rendimento, considerando que a Bolsa caiu 7,6% desde o seu pico no ano, no início de abril.

Assim, quem deixou R$ 1.000 investidos a partir de janeiro até o começo deste mês viu um acréscimo de R$ 50,40 na conta. O problema, porém, é que a inflação também avançou neste período.

Por isso, o rendimento real do dinheiro até agora é quase nulo, segundo cálculos de Vinicius Luiz Barreto, planejador financeiro pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar). Entenda mais abaixo.

Poupança perde para a inflação: Desde o começo do ano, R$ 1.000 viraram R$ 1.050,40 na poupança. No ano, o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15), prévia da inflação oficial no país, acumulou alta de 5,02% até agosto.

Ou seja, para pelo menos se igualar à inflação, o dinheiro precisaria ter chegado a R$ 1.050,20. Rendeu mais, 20 centavos a mais.

E nos últimos 12 meses? Já no último ano, a poupança perde para a inflação. De 1° de setembro do ano passado até agora, R$ 1.000 na poupança se transformaram em R$ 1.067,24. Mas o IPCA-15 acumulado de 12 meses foi de 9,60%.

Para bater a inflação, o valor precisaria ser de, no mínimo, R$ 1.096,00. Assim, quem deixou o dinheiro na caderneta nos últimos 12 meses perdeu R$ 28,76.

Como algumas aplicações da renda fixa oferecem retornos superiores à inflação, as pessoas deixaram de ganhar ainda mais ao não buscar investimentos que rendam mais.

Para Barreto, por conta da segurança, a poupança não é um investimento ruim. Mas outros investimentos levam as principais características da caderneta e ainda oferecem remunerações mais atrativas, como LCIs (Letra de crédito imobiliária) e LCAs (Letra de crédito do agronegócio) - títulos de renda fixa emitidos por instituições privadas para financiar os setores.

A inflação caiu em agosto: Em agosto, o IPCA-15 foi negativo, de - 0,73%. A inflação oficial, medida pelo IPCA, também caiu -0,68% em julho, e a expectativa é que também caia em agosto.

Segundo o boletim Focus, relatório do Banco Central elaborado junto a instituições financeiras, a isenção de impostos pelo governo federal em setores como combustíveis e energia elétrica vem desacelerando o IPCA. Hoje, a expectativa é que a inflação encerre 2022 no patamar de 6,61%, patamar abaixo dos 7,11% apontados há um mês.

O retorno da poupança tende a ser positivo com esse movimento de deflação, aponta o analista da casa de análises Top Gain, Sidney Lima. Contudo, ele diz que é necessário olhar para a inflação no período acumulado do ano. Neste sentido, a poupança ainda não é uma opção interessante.

Caderneta com retornos mais atrativos A remuneração mais alta da poupança é um cenário real desde o final de 2021, quando chegou a 9,25% ao ano. Atualmente, a taxa está em 13,75% ao ano.

Pela regra, a remuneração da poupança está atrelada à Selic. Quando a Selic está acima de 8,5%, oferece uma remuneração mensal de 0,5% ao mês, mais TR. Por outro lado, a partir do momento em que a taxa básica de juros tem um nível abaixo de 8,5% a.a., a caderneta tem o pagamento de 70% da Selic mais TR (a taxa ficou em zero entre 2017 e dezembro de 2021).

Onde colocar o meu dinheiro? Entre janeiro e setembro, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, passou de 103.921 pontos para 110.405 pontos, alta de 6,23%.

O Tesouro Prefixado com retorno de 11,90% ao ano já rendeu 6,88% desde o começo do ano. Assim, quem deixou R$ 1.000 teria mais R$ 68,80. No entanto, o retorno é de R$ 18,90 se descontada a inflação.

No caso das LCIs e LCAs atreladas a 100% do CDI - pela regra, o CDI fica 0,10 pontos abaixo da Selic, chegando aos atuais 13,65% a.a. -, o retorno seria de 6,33%, ou mais R$ 63,30. No valor descontado a inflação, o investidor teria o acréscimo de R$ 16,40.

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