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Azul e Gol decolam na Bolsa; o que fazer com as ações?

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/03/2023 09h00

As ações das companhias aéreas estão em alta depois da divulgação de seus resultados.

As ações da Azul subiram 20,12% ontem, 7, para R$ 12. Desde o começo da semana, a alta é de 65,75%. A Gol chegou a R$ 6,71 ontem, alta de 5,67%. Desde o começo da semana, já valorizou 30,80% Surfando a mesma onda, as ações da CVC fecharam o dia ontem valendo R$ 3,67, alta de 9,88%. Na semana, a valorização é de 31,01%.

Mesmo assim, estão muito longe do seu pico histórico. Os papéis já valeram mais de R$ 50. O valor máximo atingido pela Gol foi de R$ 98, em 2006. A Azul bateu no teto de R$ 61,35 em janeiro de 2020.

Essa alta nas ações desta semana não quer dizer que a crise das empresas aéreas acabou, dizem especialistas. Entenda mais abaixo.

As três companhias vinham de um ano desastroso. Em 2022, GOLL4 caiu 56,9%. AZUL4 acompanhou e teve queda acumulada de 54,8%. CVCB3 ficou no negativo em 66%. Com a pandemia, o faturamento dessas empresas diminuiu muito e as dívidas cresceram.

A ação da Azul chegou a bater em seu menor preço histórico no ano passado, quando chegou a valer R$ 9,44 em 16 de dezembro.

Elas faturam em real e a maior parte dos seus custos são em dólar. Isso prejudica muito.
Ilan Arbetman, analista de pesquisa da Ativa Investimentos

Agora, as empresas divulgaram números animadores. Isso fez as ações subirem. A Azul divulgou que teve lucro líquido de R$ 231,2 milhões no quarto trimestre de 2022. No mesmo período do ano anterior, perdeu quase R$ 1 bilhão, com prejuízo de R$ 954,7 milhões.

Além disso, tanto Azul quanto Gol anunciaram que conseguiram renegociar suas dívidas. A negociação foi bem recebida pelo mercado, diz Luis Novaes, analista da Terra Investimentos.

No caso da Azul o acordo foi feito com 90% de seus credores de arrendamento de aeronaves. A empresa negociou a conversão de ações e dívidas em troca de pagamentos mais baixos. "Isso vai aliviar o caixa da empresa", afirma Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, de Minas Gerais. O pagamento de arrendamentos de aeronaves representa um grande custo para as companhias aéreas.

A Gol também anunciou um acordo de reestruturação de dívida e melhoria de seu caixa. A controladora da companhia aérea, a holding Abra (que também controla a operação internacional da Avianca) concederá um financiamento de US$ 1,4 bilhão, ou cerca de R$ 7,3 bilhões.

A operadora de viagens CVC está negociando com credores para melhorar o perfil da sua dívida - para ficar mais longa e mais barata. Mas negou que tenha chegado a um acordo, segundo resposta a questionamentos da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) divulgada ao mercado.

Para o analista Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, esses acordos só dão um alívio momentâneo e afastam por alguns anos a possibilidade de as duas companhias pedirem recuperação judicial.

No caso da Azul, que já divulgou balanço, a dívida que era de 12 vezes os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (o Ebitda) agora é de cinco vezes.

Melhorou. Mas é como se você deixasse de dever um valor 12 vezes maior que o total que você ganha em um ano para dever uma quantia cinco vezes maior.
Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos

As aéreas no mundo todo não são empresas que duram muito. Historicamente, ou elas fecham ou participam de fusão. É isso, no longo prazo, que deve acontecer aqui, diz Brasil.

"Os custos são muito altos e para ter lucro elas precisam ter 80% de ocupação com passageiros pagando a tarifa cheia", diz ele.

É difícil, segundo Arbetman, que haja uma recuperação substancial do setor porque, com inflação, juros altos, o poder de compra dos consumidores cai. Com isso, se as empresas aumentarem os preços das passagens para cobrir os custos, a ocupação cai muito.

E o que fazer com as ações?

  • Em relação à Azul, o BTG é otimista e recomenda compra. O Banco acredita que a ação pode subir, em 12 meses, para R$ 47.
  • Mas a Genial não é tão esperançosa. A recomendação da casa de análise é não comprar e não vender. O preço alvo é de R$ 15.
  • O Goldman Sachs também tem recomendação neutra.
  • No caso da Gol, de 18 corretoras, 44,44% recomendam a compra, 27,78% acham melhor não comprar, nem vender e outros 27,78% aconselham a venda.
  • CVC, por sua vez, tem recomendação neutra para seis das sete corretoras e bancos. Somente a Eleven recomenda compra, prevendo alta para até R$ 12.

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