Depois de fraude, IRB sobe 59% no ano; é hora de investir?
Os papéis da empresa resseguradora IRB Brasil (IRBR3) se destacam entre as ações que mais se valorizaram este ano. A alta foi de 59,38%, a sexta maior do Ibovespa, segundo a Economatica. O período analisado é de 3 de janeiro e 31 de julho.
O que aconteceu
O IRB Brasil é uma companhia especializada em fazer seguros para as seguradoras. Ela tem mais de 80 anos de mercado.
Em 2020, foi descoberta uma fraude no balanço da empresa. Ela escondia determinados sinistros (quando o seguradora precisa pagar o valor do seguro ao cliente), fazendo os resultados parecerem mais positivos do que eram. Além disso, o IRB confirmou para a Comissão de Valores Mobiliários (CMV) que ex-executivos se apropriaram de cerca de R$ 60 milhões em forma de bônus pela venda de imóveis.
As ações despencarem 91,39% desde a revelação da fraude. A queda foi de junho de 2020, até o final do ano passado, segundo a Economatica.
Este ano, porém, os papéis chegaram a subir mais de 140%. A valorização ocorreu desde o pico de baixa, em 25 de janeiro, até o dia de maior valorização no ano, em 12 de julho.
Por que está em alta agora?
Reestruturação tornou empresa mais transparente para alguns investidores. A empresa trocou praticamente toda a diretoria e se desfez de contratos que poderiam provocar perdas. "Alguns investidores estão valorizando a ação porque vêm que a reestruturação do IRB tornou a empresa mais transparente", diz Matheus Amaral, analista seguradoras do Banco Inter.
Ainda há queda nos números, mas a perspectiva é de valorização. Desde a fraude em 2020, o IRB reporta prejuízos. Foram R$ 10,4 milhões de prejuízo líquido em maio deste ano, contra um lucro líquido de R$ 6 milhões no mês anterior. O último balanço do IRB foi divulgado em 21 de julho. No acumulado do ano (janeiro a julho), o IRB registra lucro líquido de R$ 4,2 milhões, frente a um prejuízo de R$ 285,3 milhões no mesmo período de 2022, o que justificou a procura dos investidores pela ação.
Altas podem atrair, mas é preciso cautela. Essas altas repentinas podem ter feito brilhar os olhos de alguns investidores. Mas é preciso ter cuidado, segundo Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos. O volume de negociação das ações é baixo, o que explica as altas repentinas. A média é de R$ 3 milhões por dia. Só para comparar, o volume em dinheiro que as ações da BB Seguridade (BBSE3), outra ação do setor, movimentam diariamente é o dobro (R$ 6,61 milhões). Outro ponto é o preço da ação. A IRBR3 já esteve prestes a sair do Ibovespa várias vezes, ao cair para valores próximo a R$ 1. Ações que valem menos de R$ 1 são desclassificadas do índice.
Vale comprar?
Não. É melhor ficar de fora, dizem os analistas. O BTG também concorda. O banco classificou a ação como venda, ou seja, ela pode se desvalorizar mo futuro. O preço alvo do banco é de R$ 40. "Só vai dar para comprar ações do IRB quando houver lucros consistentes. Isso por entanto não está acontecendo", diz Brasil. "Com a falta de crescimento no curto prazo, uma posição de capital apertada e, por enquanto, expectativas de rentabilidade menores, isso tudo justifica maior cautela", publicou o BTG, em documento para acionistas.
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