Grupo Pão de Açúcar busca R$ 1 bilhão, valor alto demais para especialistas
O Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) irá apresentar uma oferta pública de ações para levantar cerca de R$ 1 bilhão. A ideia é usar esse valor para melhorar sua situação financeira. Especialistas do mercado financeiro acreditam que é um momento ruim para essa emissão. Além disso, essa emissão é quase do tamanho do valor de mercado atual da companhia.
A informação foi publicada pela empresa no domingo à noite e, no pregão seguinte, na segunda-feira (11), as ações chegaram a cair 8% durante a tarde. Fecham em baixa de 6,70%, para R$ 4,04. Já hoje, 12, estão em alta de 2,23% por volta das 11h.
GPA precisa de R$ 1 bilhão
A empresa quer levantar dinheiro no mercado. O objetivo é abrandar sua dívida e financiar o aumento de lojas, principalmente a de unidades de bairro, Pão de Açúcar Minuto.
A dívida líquida da varejista atingiu R$ 3 bilhões no terceiro trimestre deste ano. Houve uma redução de R$ 500 milhões em comparação com o ano anterior. Mas no mesmo período a empresa teve prejuízo líquido consolidado de R$ 1,29 bilhão - quase quatro vezes mais do que o registrado no mesmo período de 2022.
Caso a potencial oferta de ações seja efetivada, os recursos obtidos serão empregados na redução do endividamento da companhia.
Comunicado do Grupo Pão de Açúcar
Reação no mercado foi negativa
As ações caíram porque o valor que a empresa quer levantar foi considerado muito alto. "É algo muito grande. A empresa estava valendo R$ 1,1 bilhões e isso vai provocar uma diluição enorme de R$ 1 bilhão", diz Vitorio Galindo, analista de investimentos e diretor de análise fundamentalista da Quantzed.
A empresa vale hoje R$ 1,12 bilhão, e esse valor seria diluído com novas emissões de ações. Como cada ação representa uma pequena parte da empresa, se a companhia emite mais papéis, cada ativo passa a valer menos. No caso do Pão de Açúcar, 50% menos se o montante de R$ 1 bilhão for realmente alcançado. Então, alguns investidores que estão com o papel na mão preferiram vender para evitar prejuízo.
O mercado também achou que é um momento ruim. O Grupo Pão de Açúcar vendeu há pouco tempo os supermercados Extra e a rede de atacarejo Assaí (outubro de 2021) além de sua participação acionária na rede varejista colombiana Éxito, há quase dois meses, por R$ 790 milhões.
Hoje o GPA é uma empresa muito menor. "Ela já não tem o Extra, o Éxito, o Assaí. É uma empresa bem menor e diferente do que foi há três anos. E ainda está muito endividada", Fernando Bresciani, analista de investimentos do AndBank.
Esse é um momento de margens apertadas. É o que diz João Daronco, analista da Suno Research. "O mercado está muito difícil para o varejo alimentício, que encolhe as margens", diz ele.
O preço da ação do GPA já estar muito descontado em relação ao preço histórico. Em 2017, por exemplo, PCAR3 custava R$ 128. Em 2021, era vendida a R$ 88. Até a semana passada, valia R$ 4,20.
O que fazer com as ações?
A maioria das casas de análises recomenda vender ou classifica o papel como neutro: não comprar, nem vender. É o caso da XP, que rotulou a ação como neutra, com preço alvo de R$ 5. O BTG fez o mesmo, com valor alvo de R$ 7. Uma melhora só deve acontecer depois que a empresa controlar melhor suas dívidas e o consumidor voltar a comprar, o que os economistas preveem que deva acontecer somente quando os juros baixarem para algo entre 10% e 8% anuais. A expectativa é que isso aconteça no final de 2024 ou em 2025.
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