As 10 ações que mais subiram no ano: 3 mais que dobraram de valor
Quem aplicou nas maiores altas do Ibovespa em 2023 está rindo à toa: das dez ações que mais renderam, três avançaram mais de 100%. É possível observar dois movimentos que fizeram esses papéis subirem. Os ativos são de setores que se beneficiaram ou com o corte nos juros ou com a alta de produtos básicos, as commodities, como minério de ferro e, principlamente, petróleo. No ano, o Ibovespa teve alta de 22%.
Quais foram as 10 ações do Ibovespa que mais subiram no ano
- Yduqs (YDUQ3): 123,19%
- CSN Mineração (CMIN3): 119,33%
- Ultrapar (UGPA3): 114,66%
- Petrobras (PETR4): 96,04%
- Cyrela Realty (CYRE3): 93,51%
- Banco do Brasil (BBAS3): 76,18%
- Petrobras (PETR3): 75,06%
- IRB Brasil (IRBR3): 71,71%
- BRF (BRFS3): 66,79%
- Cogna (COGN3): 64,62%
Fonte: Economatica, de 2 de janeiro a 28 de dezembro de 2023
Por que essas ações subiram?
A rentabilidade da Bolsa e os juros têm uma relação inversa: se um sobe o outro cai. É o que explica Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank. A Selic de 13,75% prevaleceu por quase um ano, e isso fez o preço das ações cair. Então, este ano, quando o mercado começou a esperar a queda de juros - que aconteceu a partir de agosto - as ações passaram a se valorizar.
Ações estavam baratas. Quando os papéis começaram a se valorizar, estavam em um patamar muito baixo. Isso explica altas tão elevadas em 2023.
Analisando as altas, há dois conjuntos distintos: o primeiro é o das empresas que se beneficiaram da queda nos juros. "O mercado se antecipou ao ciclo de corte na Selic e foi comprando as ações que tinham mais a ganhar com isso", explica Breno Bonani, analista da Alphamar Invest, de Vitória. São empresas endividadas mas com capacidade financeira para sair do buraco.
Yduqs, Cogna, Cyrela Realty e BRF estão nesse conjunto. A primeira colocada do ano, a Yduqs, é a empresa do setor de educação com as contas mais em dia. Sua dívida, de R$ 2,57 bilhões ao final do terceiro trimestre, não atrapalha a performance da empresa, que viu o lucro crescer mais de cinco vezes no terceiro trimestre do ano. Ajudada também por programas educacionais do governo federal (assim como a Cogna), a Yduqs ganhou com os juros menores. A sua dívida caiu, e os consumidores que conseguiram um alívio nas contas puderam investir em educação. "E ela tem potencial de continuar crescendo em 2024", diz Gustavo Biserra, analista da Nova Futura.
Consumidores menos endividados também ajudaram Cyrela a subir. No caso da Cyrela - que é dona da Vivaz, construtora voltada para moradias populares - programas governamentais como o Minha Casa Minha Vida também deram um empurrão no papel.
Outro conjunto é das empresas que subiram com as altas nos preços de petróleo e minério de ferro. É o caso de CSN Mineração e Petrobras. O minério de ferro, que terminou o ano passado a US$ 99 por milhão de tonelada (MT), agora está sendo negociado acima de US$ 135.
Contrariando o mercado, Petrobrs ficou entre as maiores altas. No começo do ano, as ações da petroleira foram fortemente desaconselhadas pelos analistas. O medo era do fim da paridade de preços internacionais e intervenções políticas na empresa. Mas nada disso se confirmou. E teve o preço do barril de óleo do tipo Brent, que atingiu o preço mais baixo em março, a US$ 73. "Depois disso, a guerra da Ucrânia e o conflito entre Israel e a Faixa de Gaza forçaram os preços para cima", explica Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama. Por isso, os ativos dispararam no segundo semestre.
Além disso, a China ajudou. "As políticas para manutenção de emprego do governo chinês que subsidiam os setores de infraestrutura por lá, ajudaram principalmente a CSN Mineração", diz o chefe de análise da Órama.
E IRB Brasil e BB, por que subiram?
O IRB é uma empresa que faz seguro para seguradoras. Suas ações afundaram após rombo contábil em 2020. Mas neste ano toda diretoria e o conselho administrativo foram trocados. "A empresa apertou sua reestruturação, focando em seguros locais, que são menos arriscados", diz Bresciani. Relatórios de bancos também ajudaram a ação a andar, diz Bonani. O BB Investimentos reiterou a recomendação neutra para a ação, mas reiterou a avaliação "de que o pior já passou e de que 2023 deve ser um ano de virada para a companhia".
Já o próprio Banco do Brasil subiu por ser um dos bancos com menor inadimplência. E, também, como aconteceu com a Petrobras, os investidores fugiram da ação no início do ano, temendo interferências do governo nas duas estatais. Como isso até agora não se confirmou e as duas empresas lucraram bastante, as ações deslancharam.
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