Hapvida perde R$ 7 bi em valor de mercado e em um ano ações caíram 30%
Com uma queda de 22,47% nas ações somente este ano, os investidores estão fugindo da Hapvida (HAPV3), a maior operadora de planos de saúde do país. Tanto é que a companhia já perdeu R$ 7,4 bilhões em valor de mercado em 2024. Os dados são da Elos Ayta, de 2 de janeiro a 15 de fevereiro.
O que aconteceu
A empresa, que valia R$ 33,3 bilhões agora está estimada em R$ 25,8 bilhões. Em um ano, as HAPV3 perderam 30,02% do valor, segundo a Economatica. O motivo dessa fuga de investidores tem a ver com a crise pela qual passa a empresa.
A sinistralidade aumentou. A Hapvida tinha estimado, no final do ano passado, em seu relatório do terceiro trimestre, que sua então sinistralidade de 73,9% cairia para 68% em um ano. A sinistralidade é o percentual de segurados que usa os serviços da empresa. No caso da Hapvida, de cada 100 pessoas que pagam o convênio, 73 usam a rede, criando despesas para a companhia.
Mas, a empresa divulgou que esses 68% só devem ser alcançados em 2025. Ou seja — ela deve continuar com a situação financeira apertada até lá. Até o fim de 2024, a sinistralidade deve cair no máximo até 69,9%.
Por que isso está acontecendo?
Primeiro, porque menos pessoas estão adquirindo convênios médicos. Sem novos entrantes, que precisam respeitar carência para usar o plano, a sinistralidade aumenta.
O preço afasta novos clientes. "Houve aumento do ticket médio, que passou para R$ 251,8 (contra R$ 225,1 no terceiro trimestre de 22), evidenciando a estratégia de reajuste de preços", publicou a Genial, sobre os resultados da empresa em julho, agosto e setembro passados. A Hapvida perdeu cerca de 89 mil clientes de seus planos de saúde, conforme informou em seu relatório do terceiro trimestre.
Ela aumentou os preços porque está endividada. São R$ 4,95 bilhões em débitos, boa parte ainda por conta da pandemia.
Além disso, a fama da empresa junto à opinião pública ficou abalada. Isso depois que o Ministério Público de São Paulo instaurou em 12 de janeiro de 2024 um inquérito civil contra o grupo Hapvida NotreDame — a empresa teria deixado cumprir decisões liminares, não fornecendo medicamentos e tratamentos a seus clientes, mesmo que obrigada judicialmente.
A epidemia de dengue também leva mais pessoas para os hospitais. Este ano, por exemplo, 80% dos hospitais privados paulistas registraram aumento no número de internações pela doença, segundo o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp).
O que a empresa está fazendo?
Para tentar atrair de volta os investidores, a empresa está recomprando ações. Nesta quinta-feira (15), a empresa anunciou a recompra de 200 mil ações. Mas na sexta-feira (16), aumentou o número para 400 mil. O programa tem duração de 18 meses, contados a partir da última quinta-feira (15). Com a compra das ações, a Hapvida espera que o valor dos ativos melhore.
Vale comprar?
Para o Bank of America e para a Ativa, vale sim. A empresa está mal agora, mas tem chance de melhorar. A Hapvida, segundo a Ativa, está em um "processo de crescimento da geração de caixa". A corretora acredita que a ação, atualmente em R$ 3,43, pode chegar a R$ 6,20.
O BofA estima preço alvo em R4 6,50. A recompra de ações e a divulgação dos resultados no fim de março devem ajudar a ação a crescer. O Itaú BBA também recomenda compra, com preço alvo para os próximos 12 meses de R$ 6.
A Genial prefere a classificação neutra. Ou seja, melhor não comprar, nem vender, com um preço alvo de R$ 5 para os próximos 12 meses.
Mas o Itaú BBA reduziu na quinta-feira (15) o preço alvo do papel de R$ 7 para R$ 6. Na semana passada, o Goldman Sachs rebaixou suas estimativas para o valor da ação de R$ 5,40 para R$ 4,80.
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